Após Marta estrear liderando a goleada da Seleção Brasileira feminina sobre a China, foi a vez de o camisa 10 da equipe masculina brilhar na abertura da busca pelo bicampeonato nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Richarlison foi um dos últimos a ser convocado, no lugar de Pedro — não liberado pelo Flamengo — e interveio pessoalmente com diretores e o técnico do Everton para ser autorizado pelo time inglês a disputar a competição. Bastaram 30 minutos em campo para provar que a “briga” valeu. O atacante foi autor de três gols na vitória sobre a Alemanha, por 4 x 2, nesta quinta-feira (22/7), em Yokohama, no Japão.
Na reedição da última final olímpica, o Brasil não teve conhecimento da Alemanha no primeiro tempo. Com o posicionamento avançado e uma marcação intensa, o elenco comandado por André Jardine abriu o placar logo aos 6 minutos, com o jogador que chegou para assumir o protagonismo do time. Richarlison recebeu uma ótima enfiada de bola de Antony, invadiu a área e chutou forte no meio do gol. O goleiro Müller defendeu, mas o novo dono da camisa 10 não perdoou no rebote e estufou as redes: Brasil 1 x 0.
Aos 21, Richarlison ampliou a vantagem brasileira, de cabeça, após cruzamento de Bruno Guimarães em jogada bem trabalhada de Guilherme Arana para encontrá-lo na linha de fundo. Apenas com 2 x 0 no placar que a Alemanha ameaçou pela primeira vez o Brasil. O zagueiro Nino não conseguiu cortar o lançamento para Amiri. O alemão limpou Daniel Alves do lance e bateu cruzado para a defesa do goleiro Santos.
Mas a resposta brasileira veio na sequência. Antes dos 30 minutos, Richarlison completou o hat-trick (quando um jogador marca três gols em um mesmo jogo) na estreia olímpica dele, aos 24 anos. Em jogada de velocidade, Matheus Cunha recebeu centralizado na entrada da área com duas opções de passe. A escolha foi pelo predestinado do dia. Pombo, como é conhecido, recebeu pelo lado esquerdo do ataque e bateu cruzado, de chapa, sem chances para o goleiro Müller.
O atacante nascido em Nova Venécia, no Espírito Santo, ainda teve mais duas ótimas chances de ampliar a artilharia, mas ele não foi o único a desperdiçar. Aos 45 minutos, o Brasil também teve um pênalti a favor. Em uma cabeçada de Matheus Cunha dentro da área, a bola bateu no braço de Henrichs. Artilheiro desse time com Jardine, Cunha cobrou com força à meia altura e o goleiro Müller defendeu. O primeiro tempo terminou com 12 finalizações da Seleção Brasileira, sendo oito delas no gol.
Alemanha acorda no segundo tempo
O Brasil manteve a empolgação na volta do intervalo, mas seguiu desperdiçando muitas oportunidades de ampliar a vantagem. Matheus Cunha e Claudinho tiveram as melhores do início da segunda etapa. E, como diz o ditado... Aos 11 minutos, a Alemanha chegou ao gol em uma falha do goleiro Santos e entrou no jogo. Em uma chegada ofensiva alemã, a bola sobrou para Amiri, que pegou de primeira, com força. O chute, que parecia tranquilo, quicou, enganou o goleiro e morreu no fundo da rede. Brasil 3 x 1 Alemanha.
Quando os alemães se animavam na partida, a expulsão de Arnold chegou como um balde de água fria. Uma falta dura em Daniel Alves provocou o segundo cartão amarelo ao volante. Ainda assim, a seleção europeia não se intimidou. Em jogada pela ponta esquerda que resultou em cruzamento na área, Ache diminuiu de cabeça, colocando fogo aos 38 minutos do segundo tempo.
O confronto que parecia se encaminhar para uma goleada no primeiro tempo ganhou contornos dramáticos. Coube a Paulinho, que saiu do banco para entrar no lugar de Antony, dar o alívio que os torcedores queriam. Assim como Richarlison, o atacante do Bayer Leverkusen também pediu ao clube alemão para disputar as Olimpíadas.
Aos 48 do segundo tempo, Paulinho recebeu na área, puxou para a direita e acertou um belo chute no alto do gol de Müller, sacramentando a vitória que garantiu a liderança do grupo D ao Brasil. A seleção comandada por Jardine volta a jogar no domingo, contra Costa do Marfim, que também venceu na primeira rodada.
“Quando eu pedi a minha liberação no Everton foi para isso, para honrar essa camisa. Hoje vai ser uma noite inesquecível e, agora, é comemorar”
Richarlison, atacante que marcou o primeiro hat-trick defendendo a Seleção Brasileira
FICHA TÉCNICA
Brasil 4
Santos; Daniel Alves, Nino, Diego Carlos e Arana; Douglas Luiz, Bruno Guimarães e Claudinho (Malcom); Antony (Paulinho), Matheus Cunha e Richarlison (Reinier)
Técnico: André Jardine
Alemanha 2
Müller; Henrichs, Pieper (Torunarigha), Uduokhai e Raum; Maier, Arnold e Amiri; Stach (Schlotterbeck), Richter (Ache) e Kruse (Löwen)
Técnico: Stefan Kuntz
Gols: Richarlison (três vezes) e Paulinho, pelo Brasil; Amiri e Alche, pela Alemanha.
Cartões amarelos: Douglas Luiz (Brasil); Henrichs, Pieper, Uduokhai, Arnold e Stach (Alemanha).
Cartão Vermelho: Arnold (Alemanha).
Árbitro: Ivan Barton (ESA).
Local: estádio Yokohama, em Yokohama (Japão).
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