Olimpíada

Brasil revê trauma africano na Olimpíada e tropeça na Costa do Marfim

Com um jogador a menos desde os 12 minutos do primeiro tempo, Brasil repete tropeços do passado contra Nigéria, Camarões e África do Sul e não sai do 0 x 0 contra os Elefantes; expusão de Douglas Luiz prejudica proposta de jogo de André Jardine

Marcos Paulo Lima
postado em 25/07/2021 07:34 / atualizado em 25/07/2021 07:43
Autor de três gols na vitória por 4 x 2 sobre a Alemanha na estreia, Richarlison foi muito marcado e ficou devendo contra a Costa do Marfim -  (crédito: Yoshikazu TSUNO / AFP)
Autor de três gols na vitória por 4 x 2 sobre a Alemanha na estreia, Richarlison foi muito marcado e ficou devendo contra a Costa do Marfim - (crédito: Yoshikazu TSUNO / AFP)

O Brasil despertou neste domingo se deparando com um velho fantasma olímpico na tevê. Eliminada pela Nigéria nos Jogos de Atlanta-1996, por Camarões em Sydney-2000 e travada pela África do Sul na edição do Rio-2016 no início da campanha do inédito ouro, a Seleção empatou por 0 x 0 com a Costa do Marfim no Estádio Internacional de Yokohama, no Japão, pela segunda rodada do Grupo D do torneio de futebol masculino. O resultado não chega a ser novidade. Antes do início dos Jogos, os comandados de André Jardine perderam justamente em um testo contra africanos. Cabo Verde venceu amistoso por 2 x 1.

Dos males o menor. O Brasil jogou com um a menos por mais de 75 minutos. Douglas Luiz recebeu cartão vermelho no início do jogo em um lance controverso. Apesar da superioridade numérica dos Elefantes em campo, o Brasil conseguiu equilibrar a posse de bola, tomou alguns sustos, teve poucas chances de marcar e ganhou um pontinho difícil.

Com o resultado, o Brasil lidera a chave com quatro pontos ao lado da Costa do Marfim, mas tem saldo de gols superior (2 x 1). As outras duas seleções do grupo, Arábia Saudita e Alemanha, se enfrentam a partir de 8h30. Ambas perderam na primeira rodada e não alcançarão os primeiros colocados nesta rodada. Atual campeã olímpica, a Seleção encerrará a participação na primeira fase às 5h da manhã de quarta-feira contra a Arábia Saudita, em Saitama. Nenhum jogo do futebol olímpico será disputado em Tóquio.

O lateral-direito e capitão Daniel Alves saiu de campo indignado com a arbitragem e questionou a expulsão de Douglas Luiz. "Não acredito que a expulsão dificultou nossa proposta de jogo. Conseguimos ocasiões, construímos jogadas com um a menos. São circunstâncias de jogo, temos que nos sobrepor a isso. Tenho dúvidas sobre o lance da expulsão, mas faz parte. Temos que valorizar o grande trabalho no dia de hoje", disse em entrevista à tevê Globo depois da partida. 

Um alerta comum em duelos do Brasil contra adversários africanos é para a força física. Quase sempre nas entrelinhas está a indicação de uma seleção violenta. Mas foi o Brasil que surpreendeu pelo número de faltas no início. Com menos de 10 minutos, Daniel Alves e Richarlison pararam a Costa do Marfim com infrações.

Posicionados no sistema 5-4-1, com três zagueiros, os Elefantes avançaram a marcação para pressionar a saída de bola do Brasil no início do deulo e quase saíram na cara do gol. Diallo Traoré encontrou brecha no meio da zaga verde-amarela e acionou Youssouf Dao. Douglas Luiz perdeu para o marfinense na corrida e cometeu falta duvidosa. A primeira impressão do árbitro norte-americano Ismail Elfath foi de cartão amarelo. No entanto, ele foi chamado pelo VAR, analisou o lance pela telinha, reviu a decisão e expulsou Douglas Luiz.

Com um jogador a mais a partir dos 13 minutos, a Costa do Marfim foi mais aguda e obrigou o goleiro Santos a trabalhar. No lance mais perigoso, Kessié chutou cruzado e Santos evitou o gol. Diallo também assuntou em uma finalização O Brasil insistia em jogadas pelas pontas com Antony, Richarlison e Claudinho, chegava à linha de fundo, cruzava, mas faltava presença dentro da área para aproveitar a trama e finalizar.

O segundo tempo começou com a Costa do Marfim posicionada à espera do Brasil. O time de André Jardine continuou insistindo nos lances pelas pontas, principalmente com Antony, mas não conseguia ser efetivo no ataque. Na chance mais clara, Bruno Guimarães acionou Matheus Cunha, porém, o centroavante cabeceou fraco no meio do gol.

Aparentemente satisfeita com um ponto diante dos atuais campeões olímpicos, a Costa do Marfim atraiu o Brasil, mas o time canarinho abusava das construções pelas pontas e da falta de objetividade na definição dos lances. Além disso, foram constantes os erros nas tomadas de decisão no último passe ou na tentativa de dribles desnecessários e até impossíveis.

O jogo ficou 10 contra 10 aos 34 minutos da etapa final, quando Eboue Kouassi fez falta desleal em Gabriel Martinelli. A Seleção partiu para o abafa com Claudinho e Guilherme Arana, mas foi a vez de a Costa do Marfim se segurar lá atrás para arrancar o empate.



FICHA TÉCNICA

0 BRASIL (1-4-3-3)
Santos;
Daniel Alves, Nino, Diego Carlos e Guilherme Arana;
Douglas Luiz, Bruno Guimarães e Claudinho (Malcom);
Antony, Matheus Cunha (Gabriel Martinelli) e Richarlison (Paulinho)
Técnico: André Jardine

0 COSTA DO MARFIM (1-5-4-1)
Tape;
Ouattara (Kouao), Singo, Bailly, Debila e Ismael Diallo;
Eboue Kouassi, Kessié e Diallo Traoré (Kouamé);
Dao (Timite)
Técnico: Soualiho Haidara

Estádio: Internacional de Yokohama (Japão)
Cartões amarelos: Douglas Luiz, Ismael Diallo
Cartões vermelhos: Eboué Kouassi
Público e renda: portões fechados
Árbitro: Ismail Elfath (EUA)

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