Memória

Perrengues olímpicos: relembre problemas enfrentados por brasileiros nos Jogos

De cavalo refugando pulo no hipismo ao padre agarrando maratonista a seis quilômetros do fim da prova... relembre imprevistos envolvendo atletas brasileiros na disputa dos Jogos Olímpicos

Danilo Queiroz
postado em 28/07/2021 21:02 / atualizado em 28/07/2021 21:05
 (crédito: Reprodução)
(crédito: Reprodução)

Maior confraternização do esporte mundial, os Jogos Olímpicos costumam marcar a vida de atletas com glórias eternizadas através de medalhas. Conquistar um ouro, uma prata ou um bronze significa entrar, de forma definitiva, na história do país. Porém, as competições nem sempre são sinônimo de boas lembranças. Ao longo de 125 anos, diversas situações inusitadas também marcaram a participação de brasileiros nas mais variadas modalidades.

Na maioria das vezes, os imprevistos foram cruciais e mudaram o destino de atletas tupiniquins na disputa por medalhas. Um dos perrengues olímpicos mais enraizados na memória dos torcedores brasileiros, sem dúvida, é a intervenção de um padre irlandês na corrida de Vanderlei Cordeiro de Lima durante a maratona de Atenas. Porém, casos com sumiço de varas e cavalo refugando também impediram conquistas.

Ainda em disputa, os Jogos de Tóquio-2020 também têm um espaço na lista, mas com a diferença de que a dificuldade extra acabou sendo superada da forma mais brilhante possível: com uma medalha de ouro no peito. Veja, a seguir, seis situações que pegaram os brasileiros de surpresa durante disputas olímpicas.

Cavalo sem inspiração
Em Sidney-2000, o Brasil tinha uma grande expectativa de medalha com Rodrigo Pessoa no hipismo. Favorito, o brasileiro liderava a prova após a primeira passagem de obstáculos. Porém, na segunda rodada, o cavalo Baloubet Du Rouet refugou três vezes (ou seja, desistiu de pular) e tirou as chances de conquista. A dupla, porém, deu a volta por cima em grande estilo quatro anos mais tarde e alcançou o ouro nos Jogos de Atenas.

 

Rodrigo Pessoa competindo com o cavalo Baloubet Du Rouet
Rodrigo Pessoa competindo com o cavalo Baloubet Du Rouet (foto: Denis Balibouse/Reuters)

Iron Man tupiniquim
Nas Olimpíadas de Los Angeles-1932, Adalberto Cardoso foi o último nos 10 mil metros do atletismo. Porém, deixou o estádio olímpico ovacionado. O atleta viajou para a cidade de navio, mas não tinha dinheiro para desembarcar no destino original e seguiu até São Francisco, onde conseguiu fugir. O problema é que ele estava a 600 km do local de disputa. Entre caronas e corridas, o brasileiro conseguiu superar a distância em 24h e chegou dez minutos antes da prova, mas debilitado pela alimentação improvisada no caminho. Na corrida, ele chegou a cair três vezes e terminou duas voltas depois dos adversários. A história de superação, porém, chegou mais rápido e ele foi ovacionado pelo público, recebendo de um locutor o apelido de Iron Man (Homem de Ferro, em português).

Varas que sumiram
Em Pequim-2008, Fabiana Murer despontava como a principal atleta do país no salto com vara e era uma das esperanças de medalha. Porém, na segunda fase da competição, a brasileira teve um contratempo gigante. Ela não encontrou a vara que usaria para pular o sarrafo de 4,65 m, tentou improvisar com um equipamento inadequado, mas acabou eliminada. Posteriormente, o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos assumiu a culpa: erroneamente, a vara retornou à Vila Olímpica com as das atletas desclassificadas na primeira rodada. Injustiçada, Fabiana tentou anular a prova, mas não teve êxito.

A brasileira Fabiana Murer na final feminina do salto com vara dos Jogos Olimpicos de Pequim, no Estadio Ninho do Passaro
A brasileira Fabiana Murer na final feminina do salto com vara dos Jogos Olimpicos de Pequim, no Estadio Ninho do Passaro (foto: Ivo Gonzalez/Agencia O Globo)

Padre irlandês
Vista por muitos como uma das provas mais tradicionais dos Jogos Olímpicos, a maratona registrou um dos fatos mais inusitados e de maior repercussão da participação brasileira. Em Atenas-2004, Vanderlei Cordeiro de Lima liderava a prova faltando seis quilômetros para o fim quando foi abruptamente interrompido por um padre irlandês. Salvo com a ajuda de um torcedor, o atleta não conseguiu retomar o ritmo e ficou com o bronze. Posteriormente, ele foi reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) com a Medalha Pierre de Coubertin, uma das maiores honrarias do esporte mundial.

Pulo anulado
Nos Jogos de Moscou, em 1980, o brasileiro João do Paulo ganhou o bronze na disputa do salto triplo. Porém, a cor de medalha era para ser bem mais reluzente. Na disputa, atleta teve dois saltos anulados pelos fiscais de prova. Na visão de analistas internacionais, porém, eles foram anulados de forma incorreta. Uma das tentativas, inclusive, teria superado os 18 m, um recorde mundial para a época que teria valido o ouro para o Brasil.

Prancha de Ítalo Ferreira
Nas Olimpíadas de Tóquio-2020, Ítalo Ferreira ficará marcado como o primeiro campeão do surfe na história dos Jogos. Porém, logo nos primeiros minutos da final contra o japonês Kanoa Igarashi, o brasileiro viu sua prancha se partir ao meio na tentativa de pegar uma onda. Ele precisou ir à beira da praia para trocar o equipamento. O contratempo, porém, acabou com final feliz. Mesmo com o problema, o surfista tupiniquim deu show nas águas da praia de Tsurigasaki, a cerca de 100 quilômetros de Tóquio, e ficou com o ouro.

Prancha quebrada do brasileiro Ítalo Ferreira na final do surfe nos Jogos Olímpícos de Tóquio
Prancha quebrada do brasileiro Ítalo Ferreira na final do surfe nos Jogos Olímpícos de Tóquio (foto: YUKI IWAMURA/AFP)

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  • Rodrigo Pessoa competindo com o cavalo Baloubet Du Rouet
    Rodrigo Pessoa competindo com o cavalo Baloubet Du Rouet Foto: Denis Balibouse/Reuters
  • A brasileira Fabiana Murer na final feminina do salto com vara dos Jogos Olimpicos de Pequim, no Estadio Ninho do Passaro
    A brasileira Fabiana Murer na final feminina do salto com vara dos Jogos Olimpicos de Pequim, no Estadio Ninho do Passaro Foto: Ivo Gonzalez/Agencia O Globo
  • Prancha quebrada do brasileiro Ítalo Ferreira na final do surfe nos Jogos Olímpícos de Tóquio
    Prancha quebrada do brasileiro Ítalo Ferreira na final do surfe nos Jogos Olímpícos de Tóquio Foto: YUKI IWAMURA/AFP
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