O Brasil chegou aos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 com a expectativa de quebrar o jejum de 13 anos sem conquistar uma medalha olímpica no futebol feminino. Prata nos Jogos de Atenas-2004 e Pequim-2008, a equipe verde-amarela, na capital japonesa, estava sob o comando de uma técnica bicampeã. Além disso, Pia Sundhage havia levado as seleções por onde passou à final nas últimas três Olimpíadas. Ontem, no entanto, a pretensão de pódio foi encerrada. A Seleção Brasileira foi eliminada nos pênaltis, pelo Canadá, após empate por 0 x 0 no tempo normal, no Estádio de Miyagi, pelas quartas de final.
Em julho de 2019, a treinadora sueca assumiu o comando da equipe nacional de um país que, diferentemente dos EUA e da Suécia, sofre as consequências de anos de negligência com a modalidade. A possibilidade de levar o Brasil ao pódio nas Olimpíadas de Tóquio era real. Pia fez o setor defensivo evoluir consideravelmente, apesar de ter apresentado fragilidades, principalmente diante da China e da Holanda, pela primeira fase do torneio.
Mas o elenco brasileiro era forte ofensivamente. A treinadora sueca ampliou as alternativas com bolas paradas e apostou em jogadoras fisicamente fortes para impor um estilo de jogo de alta intensidade, características das principais seleções do mundo. Contudo, o inédito ouro olímpico era um sonho prematuro.
Ainda assim, a medalha dourada seria uma retribuição merecida às atletas que representam uma geração guerreira do Brasil. Os Jogos Olímpicos de Tóquio marcaram a despedida de Formiga, aos 43 anos, depois de entrar para a história pelas sete participações no evento. Cristiane, de 36, havia ficado de fora por opção técnica. E Marta, por ora, preferiu não confirmar uma possível participação nas próximas Olimpíadas, em Paris-2024, quando estará com 38 anos.
O Brasil teve chance de ir mais longe nos Jogos de Tóquio. Fugiu dos favoritos Estados Unidos e Suécia nas quartas de final, pegando o Canadá, que ocupa a oitava posição no ranking mundial da Fifa – uma atrás do Brasil. No confronto, ontem, a Seleção teve a melhor chance com Debinha. A artilheira da Era Pia, com 14 gols, roubou a bola e saiu de frente para a goleira Labbé, que defendeu o chute da camisa 9. Em resposta, as canadenses acertaram o travessão na cabeçada de Gilles.
Na decisão por pênaltis, a goleira Bárbara defendeu a cobrança de Christine Sinclair, artilheira canadense em Olimpíadas, com 12 gols. Mas Andressa Alves e Rafaelle também não converteram, e o Brasil acabou eliminado.
“Tivemos possibilidades de abrir o placar, faltou um pouco de paciência no terço final do campo. Agora, é pensar no futuro, em continuar apoiando as nossas meninas, apoiando a modalidade, porque o futebol feminino não acaba aqui”, avaliou Marta, jogadora eleita seis vezes melhor do mundo.
Antes do sonhado ouro olímpico, o Brasil caminha para a consolidação de mudanças estruturais para o desenvolvimento do futebol feminino. E Pia faz parte desse movimento na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A contratação de profissionais com experiência na modalidade e a integração de mulheres em cargos de gestão, como ocorreu com a criação do posto de Coordenadora de Competições, ocupado por Aline Pellegrino, e a chegada da ex-jogadora Duda Luizelli na função de Coordenadora de Seleções, apontam neste sentido.
O processo também passa pelo aumento de investimento financeiro, de visibilidade e da estruturação de um calendário cheio e competitivo. Hoje, o futebol feminino conta com torneios das categorias de base e, a partir de 2022, o Campeonato Brasileiro passará a ser disputado em três divisões. A modalidade terá, ainda, a Supercopa do Brasil.
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Bruno Schmidt e Evandro seguem invictos
A dupla do Brasil formada pelo brasiliense Bruno Schmidt e o carioca Evandro assegurou a terceira vitória nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 e segue com 100% de aproveitamento. Ontem, os brasileiros bateram os poloneses Bryl e Fijalek por 2 sets a 1, de virada — com parciais de 19/21, 21/14 e 17/15 —, e estão classificados às oitavas de final na primeira colocação do Grupo E.
Nos dois primeiros jogos, Bruno Schmidt e Evandro haviam vencido os primos Grimalt, do Chile, e depois Abicha/Elgraoui, do Marrocos. Após esse terceiro resultado positivo, o campeão olímpico Bruno falou sobre o bom desempenho e um fator que pode ter sido decisivo para a trajetória de sucesso nesta primeira fase da Olimpíada.
“É obvio que todos queremos ganhar e terminar a fase de grupos em primeiro, mas é importante passar por dificuldade, colocar o time à prova e tivemos isso no primeiro jogo. Tenho certeza de que ter virado o time break foi reflexo disso”, disse o brasiliense, que ainda comentou sobre o desempenho do time.
“Jogos Olímpicos têm isso. Começa forte, desacelera, tem um momento de descanso e volta para decidir a chave. Foi muito bacana, porque nós dois estávamos o tempo todo positivos, com o Evandro soltando cada vez mais o jogo dele, o que é importante para o nosso time”, avaliou.
Evandro também comentou sobre o jogo de ontem e destacou a cobrança positiva feita pelo parceiro. “Esse resultado é fruto de trabalho. Estamos treinando bastante e recebo essa cobrança do Bruno para cada vez mais ajudar o nosso time, principalmente no bloqueio. E estou disposto a escutar para melhorar”, afirmou.
O jogador, dono de um dos melhores saques do mundo, elogiou a parceria. “Tivemos dois erros no finalzinho do primeiro set, quando a Polônia conseguiu virar e ganhar. No segundo, conseguimos impor nosso ritmo e dar a cara do time. No terceiro, o mental falou mais alto no final do jogo. Nosso psicológico está muito bem, conversamos demais dentro de quadra e conseguimos sair com a vitória”, concluiu Evandro.
Seleção masculina reage
Nada como uma grande vitória após uma derrota dolorosa. Foi assim com a Seleção Brasileira masculina de vôlei, ontem, nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Sem se abalar pelo revés diante do Comitê Olímpico da Rússia, o time comandado por Renan Dal Zotto superou o forte time dos Estados Unidos, de virada, por 3 sets a 1, com parciais de 30/32, 25/23, 25/21 e 25/20.
Na melhor partida da Seleção no torneio até agora, não faltou intensidade e bons momentos de vibração e técnica dos brasileiros. A equipe voltou a mostrar poder de superação ao obter nova vitória de virada, como fizera diante da Argentina, por 3 a 2. E elevou o nível em um dos melhores jogos de vôlei em Tóquio.
Além de aliviar a pressão, a partida praticamente assegura o Brasil nas quartas de final. Com três vitórias e uma derrota, a Seleção está em segundo lugar no Grupo B, com oito pontos. O Comitê Olímpico da Rússia lidera, com nove. A equipe nacional encerra participação nesta fase diante da França, hoje, a partir das 23h05 (horário de Brasília).
Ontem, os maiores destaques do Brasil em quadra foram Lucarelli, responsável por 19 pontos, Leal, com 18, e Wallace, com 17. Pelo lado americano, Matthew Anderson brilhou com 22 acertos. Torey Defalco contribuiu com 21.