A atleta neozelandesa Laurel Hubbard entrou para a história nesta segunda-feira (2) nos Jogos de Tóquio, ao se tornar a primeira esportista transgênero mulher a participar de uma disputa olímpica, mas não conseguiu se classificar para a final da categoria +87kg ao falhar nas três tentativas.
Sorridente e emocionada, Hubbard iniciou a disputa com uma barra de 120 kg e, depois, uma segunda e terceira de 125 kg. Como não conseguiu completar nenhuma das tentativas, está fora da disputa por medalhas.
A atleta, de 43, que competiu como homem antes de fazer a transição após completar 30 anos, provocou um debate por sua convocação, depois de cumprir os critérios do Comitê Olímpico Internacional (COI).
O Comitê Olímpico Internacional (COI) celebrou sua participação nos Jogos como mulher trans.
"Laurel Hubbard é uma mulher e compete sob as regras de sua Federação. Devemos homenagear sua coragem e perseverança", disse à imprensa o diretor médico do COI, Richard Budgett, em Tóquio.
Os apoiadores de Hubbard afirmam que sua classificação para os Jogos representa uma vitória para a inclusão e para o direito das pessoas transgênero.
Outras pessoas alegaram que teria uma vantagem injusta sobre as rivais, por suas capacidades físicas herdadas de décadas atrás, quando competia como homem.
O debate sobre o tema é intenso e, em alguns momentos, acalorado, especialmente na Internet. Isso levou o Comitê Olímpico da Nova Zelândia a adotar medidas para proteger Hubbard.
Ao mesmo tempo em que celebrou o aspecto inclusivo da participação da atleta, o COI reconheceu, no entanto, que a presença de Hubbard levantava algumas questões legítimas sobre se Hubbard tem, no jargão usado pelo organismo para estes temas, uma "vantagem competitiva desproporcional".
Para o médico Richard Budgett, não é tão simples comparar homens e mulheres. Além disso, as mulheres transexuais podem vivenciar uma diminuição do desempenho, à medida que passam pelo processo de transição. O mais importante, para ele, é produzir mais pesquisa sobre o assunto.
"Considero que não houve mulheres abertamente transexuais no mais alto nível até agora e acho que o risco para o esporte feminino foi, provavelmente, superestimado", acrescentou.
O COI reconhece que o novo marco, que fornece pautas simples para as federações internacionais em vez de regras rígidas, não é a última palavra sobre este assunto, que continuará sendo debatido por muito tempo.
"É preciso haver uma maneira justa de obter o que precisamos e, seja qual for esse equilíbrio, é provável que alguns o critiquem. Não será a solução definitiva", afirmou o porta-voz do COI, Christian Klaue.
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