Vôlei

Brasil vence Quênia e fecha primeira fase invicto no vôlei feminino

A vitória brasileira sobre o Quênia, que vive transição para a profissionalização sob comando de um técnico brasileiro, ressaltou o espírito olímpico do torneio

Maíra Nunes
postado em 02/08/2021 12:13 / atualizado em 02/08/2021 14:06
Brasil encerra fase de grupos com 100% de aproveitamento e pega a Rússia nas quartas de final das Olimpíadas de Tóquio -  (crédito: JUNG YEON-JE / AFP)
Brasil encerra fase de grupos com 100% de aproveitamento e pega a Rússia nas quartas de final das Olimpíadas de Tóquio - (crédito: JUNG YEON-JE / AFP)

O Brasil não chegou como favorito ao ouro no vôlei feminino dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Mas a renovada Seleção Brasileira se fortaleceu diante da lesão de Macris, assumiu a liderança do Grupo A após a vitória sobre a forte Sérvia e terminou a primeira fase do torneio invicta diante do Quênia, por 3 sets a 0 (parciais de 25/10, 25/16 e 25/8), nesta segunda-feira (2/8), na Ariake Arena, no Japão.

O próximo desafio das brasileiras será pelas quartas de final, contra o Comitê Olímpico Russo (ROC), na terça-feira (3/8), às 21h.

As comandadas de José Roberto Guimarães entraram em quadra contra a seleção queniana já classificadas para a fase eliminatória, mas o clima estava ainda mais leve com a volta da Macris às quadras após assustar a todos pela torção no tornozelo direito. 

A levantadora voltou ao time e participou do aquecimento com bola. Ela não chegou a atuar no jogo, mas o fato de estar à disposição da equipe no banco de reserva trouxe alívio aos torcedores. Roberta a substituiu na distribuição de bola novamente em alto nível.

 

Espírito Olímpico em alta

A seleção queniana esteve de volta aos Jogos Olímpicos após 17 anos, quando disputou os Jogos de Atenas-2004. O retorno da única representante africana do vôlei feminino em Tóquio-2020 foi marcado por uma cara nova na equipe, a começar por Luizomar de Moura na comissão técnica. A equipe confirmou a vaga nos Jogos de Tóquio em janeiro deste ano, pelo qualificatório africano.

O pernambucano de 55 anos assumiu o comando da seleção queniana em abril com a missão de desenvolver a modalidade, que vive a transição para a profissionalização no país. Luizomar encarou uma realidade completamente diferente no Quênia, que contava com apenas uma quadra profissional de vôlei. A maioria das equipes do país treinam e jogam em quadras de terra.

Clube onde o treinador atua há anos no Brasil, o Osasco (SP) doou bolas e material de treinamento para elevar a preparação da seleção queniana. O resultado pôde ser percebido em quadra no maior evento esportivo do mundo.

Transbordando alegria por estar em mais uma Olimpíada, as quenianas também mostraram evolução técnica e tática nos jogos. Apesar da derrota, elas se despediram do torneio olímpico após alguns ralis contra a seleção bicampeã olímpica, principalmente no segundo set. 

Com o time titular, o Brasil venceu com tranquilidade a primeira parcial, por 25 x 10. Na sequência, o duelo ficou mais disputado, terminando em 25 x 16. A partir do terceiro set, Zé Roberto deu mais rodagem ao time brasileiro, colocando Rosamaria, Natália, Bia e Ana Cristina para atuarem. Sem dificuldade, a Seleção fechou a parcial em 25 x 8. A central Carol foi a maior pontuadora, com 12 pontos.

“O melhor é jogar sério contra elas, jogar o nosso melhor exatamente para para que elas tenham esse parâmetro e possam evoluir”, disse Zé Roberto Guimarães, após a vitória.


  • Luizomar de Moura no comando da seleção queniana nos Jogos Olímpicos de Tóquio
    Luizomar de Moura no comando da seleção queniana nos Jogos Olímpicos de Tóquio Miriam Jeske/COB
  • Luizomar de Moura durante o trabalho à frente da seleção queniana feminina de vôlei
    Luizomar de Moura durante o trabalho à frente da seleção queniana feminina de vôlei Arquivo pessoal
  • Técnico da seleção queniana, Luizomar conversou com as jogadoras brasileiras Natália, Camila Brait e Bia após jogo entre as duas equipes
    Técnico da seleção queniana, Luizomar conversou com as jogadoras brasileiras Natália, Camila Brait e Bia após jogo entre as duas equipes TV Globo/Reprodução
  • O abraço do de Luizomar de Moura com as jogadoras brasileiras Natália, Camila Brait e Bia nas Olimpíadas de Tóquio-2020
    O abraço do de Luizomar de Moura com as jogadoras brasileiras Natália, Camila Brait e Bia nas Olimpíadas de Tóquio-2020 TV Globo/Reprodução


Luizomar realizado após susto com covid-19


A experiência, que já eraúnica por ser a estreia de Luizomar nos Jogos Olímpicos, tornou-se ainda mais especial após o treinador ter vivido um drama no início do ano.Luizomar ficou 12 dias internado com covid-19. Hoje, ele não esconde a felicidade por estar vivo e para poderdesfrutarda experiênciaolímpica em Tóquio.

Ao fim da partida contra o Brasil, Luizomar deu um abraço emocionado nas brasileiras Camila Brait, Natália e Tandara, atletas que ele tanto conhece pelos trabalhos junto no Osasco. “Há tempos atrás, eu falava para elas que, se trabalhassem sério, seriam atletas olímpicas. E estar nas Olimpíadas era um sonho meu também”, comentou o treinador, sobre a cena.

Luizomar sai dos Jogos de Tóquio satisfeito e esperançoso. “Lançamos uma sementinha e foi uma forma honrosa de viver o espírito olímpico", comentou o treinador do Quênia, onde é conhecido como estrategista do vôlei. "Espero que nas próximas edições dos Jogos Olímpicos,as quenianas não saiam da competição reconhecidas apenas pela alegria de competir, mas por aturem de forma mais competitiva também”, completou o técnico.

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