Esportes

Olimpíadas de Tóquio 2021: 'supercalçados' e pistas elásticas estão ajudando a quebrar recordes de atletismo?

Com mais da metade das provas de atletismo ainda a serem disputadas em Tóquio, é bem possível que os números de Pequim e Londres sejam superados

BBC
BBC Geral
postado em 04/08/2021 21:54
Alison dos Santos, Warholm e Benjamin
Reuters
Warholm (centro) bateu o novo recorde mundial; Benjamin (direita) e Alison dos Santos (esquerda) foram prata e bronze

Recordes continuam a ser quebrados nas disputas de atletismo em Tóquio, o que tem levado muitos a questionar a influência nos resultados dos supercalçados usados pelos atletas e da pista elástica em que eles têm competido.

Já foram alcançadas três novas marcas nesta Olimpíada, uma a menos que nos Jogos de Pequim em 2008 e de Londres em 2012.

Porém, com mais da metade das provas de atletismo ainda a serem disputadas em Tóquio, é bem possível que os números de Pequim e Londres sejam superados.

Se mais três marcas forem batidas, estes serão os Jogos com maior quebras de recordes desde Montreal 1976, diz Simon Gleave, chefe de análise esportiva da Nielsen Gracenote.

Mas que diferença os calçados e a pista realmente têm feito em Tóquio?

Pista de atletismo em Tóquio
Getty Images
Pista de atletismo é apontada como uma das causas por trás das quebras de recordes

Quais recordes foram batidos?

A americana Sydney McLaughlin quebrou seu próprio recorde ao ganhar os 400 metros com barreira na quarta-feira, 24 horas depois de Karsten Warholm fazer o mesmo ao ganhar os 400 com barreira no masculino.

Rai Benjamin e Dalilah Muhammad, que terminaram em segundo nas duas corridas, respectivamente, também bateram os recordes antigos. Quatro das cinco finalistas dos 400 com barreiras bateram seus recordes pessoais.

A jamaicana Elaine Thompson-Herah quebrou o recorde nos 100 metros e fez a segunda melhor marca da história nos 200 metros, enquanto a venezuelana Yulimar Rojas bateu o recorde no salto triplo.

Calçados: progresso tecnológico ou vantagem indevida?

Muitos atletas estão calçando sapatilhas ultraleves que contêm uma placa rígida e uma camada de espuma que dão uma sensação de impulso a cada passada.

Críticos dizem que os calçados, inicialmente desenvolvidos pela Nike, são uma espécie de "doping tecnológico". Já os entusiastas da invenção dizem que ela revolucionou um setor que estava estagnado.

"Parece existir uma aceitação de que a nova geração de calçados é parte do avanço do esporte", diz Geoff Burns, biomecânico e pesquisador em performance esportiva, também especialista em tecnologia de calçados de corrida.

Mas, após ganhar o ouro na terça-feira, o norueguês Warholm criticou o calçado da Nike de seu adversário Rai Benjamin.

"Ele tinha aquele negócio no calçado, que eu odeio", disse Warholm. "Não entendo por que alguém poderia colocar algo abaixo do sapato de corrida. Acho que tira a credibilidade do nosso esporte", afirmou.

Em entrevista à BBC One, o ex-corredor e medalhista olímpico americano Michael Johnson disse duvidar que "supercalçados" estavam proporcionando alguma vantagem injusta em Tóquio.

"Ouvi Usain Bolt dizer outro dia que se os sapatos começassem a ficar muito rápidos, isso seria bastante injusto", afirmou.

"Eu teria um problema se o equipamento começasse a deixar os atletas mais rápidos do eles realmente são. Não queremos ver isso."

Uma pista que facilita a corrida

Projetistas do Estádio Olímpico adicionaram grânulos de borracha à pista de 14 milímetros e fizeram sua última camada com um design hexagonal que retém pequenos bolsões de ar.

Andrea Vallauri, que projetou a pista, disse ao jornal britânico Guardian que a pista proporciona "absorção de choque e algum retorno de energia; ao mesmo tempo, um efeito trampolim."

"Nós aprimoramos essa combinação, e é por isso que temos visto o atletismo melhorar sua performance", afirmou.

Ele disse que a superfície dava um ganho de 1 a 2% aos atletas, tornando-a a mais rápida da história.

A campeã nos 400 com barreiras, Sydney McLaughin, disse que a pista "te dá energia de volta e te empurra e te projeta para frente". "Foi muito legal... ultrapassar os limites do que é possível", afirmou.

Está claro que a pista está ajudando os atletas, embora em todos os Jogos os organizadores busquem inovações na superfície do piso.

As opiniões são mais divididas quanto ao peso dos "supercalçados", mas alguns atletas dizem que eles têm tido um impacto real.

Outros minimizam o impacto dos itens. Para o presidente da World Athletics, Lord Coe, estamos "vendo atletas realmente talentosos que estão correndo provavelmente mais rápido em superfícies rápidas".

"Há muito tempo estamos debatendo sobre pistas que são rápidas e pistas que não são", ele diz.

"Warholm está correndo rápido, mas sempre soubemos que ele corre rápido, e ele está provavelmente um pouco mais rápido nessa pista. Assim como Sydney, Dalilah, Rai."


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