Prova de fogo

Com 260 atletas, o Brasil inicia, hoje, o desafio de se manter no Top-10 como potência paralímpica. Cerimônia de abertura terá Petrúcio Ferreira, do atletismo, e Evelyn Oliveira, da bocha, como porta-bandeiras do país

Maíra Nunes
postado em 23/08/2021 23:10
 (crédito: Kazuhiro Nogi/AFP)
(crédito: Kazuhiro Nogi/AFP)

Passaram-se 16 dias desde que a chama olímpica dos Jogos de Tóquio-2020 foi apagada no Estádio Nacional do Japão. Tempo suficiente para colocar o sono em dia e bater aquela saudade das semanas cheias de torcida, emoção e inspiração proporcionadas por atletas e equipes. Quem quiser reviver essa mistura de sentimentos pode preparar o despertador. A cerimônia de abertura das Paralimpíadas é hoje, a partir das 8h (de Brasília), com os medalhistas paralímpicos Petrúcio Ferreira, do atletismo, e Evelyn Oliveira, da bocha, como porta-bandeiras do Brasil. O desfile será transmitido ao vivo pela TV Brasil e pelo SporTV2.

Uma das principais potências do esporte paralímpico, o Brasil visa manter-se no Top 10 do quadro geral de medalhas em Tóquio. Na Rio-2016, o país ficou na oitava posição, com 72 medalhas, sendo 14 de ouro, 29 de prata e 29 de bronze. Recorde de pódios em uma mesma edição do evento. Mas o fator casa influenciou no sucesso. Um ponto importante foi ter a maior delegação do país na história dos Jogos Paralímpicos, com 286 atletas (incluindo atletas-guia, calheiros, goleiros e timoneiros), por ser país sede e ter vagas garantidas em todas as modalidades.

Na edição anterior, o Brasil levou 178 representantes a Londres-2012. Agora, em Tóquio-2020, serão 260, sendo 164 homens (63%) e 96 mulheres (37%). Se contarmos com a comissão técnica, médica e administrativa, o Time Brasil abarca 435 pessoas. O aumento da participação das representantes femininas em todas as modalidades paralímpicas é um dos pilares do planejamento estratégico do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) para o próximo ciclo visando os Jogos de Paris-2024. A meta é ocupar todas as vagas femininas que serão disponibilizadas para o evento. Neste ano, não foi possível alcançar a marca na capital japonesa porque o basquete feminino não conseguiu a classificação.

Caça às medalhas
Com a promessa de muitas medalhas, o Brasil começa a entrar em ação nas Paralimpíadas pelas quadras de goalball. Com o brasiliense Leomon Moreno entre os destaques, a Seleção Brasileira masculina estreia contra a Lituânia na noite de hoje, às 21h (de Brasília). O elenco comandado pelo técnico Alessandro Tosim está no Grupo A e pega, ainda, Japão e Estados Unidos na fase de classificação. A equipe vem de uma trajetória esperançosa na busca pelo ouro inédito em Tóquio-2020. A equipe subiu ao pódio nas duas últimas edições dos Jogos: prata em Londres-2012 e bronze na Rio-2016.

Hoje, também começam as disputas do tênis de mesa. Na modalidade, o Brasil entra em cena a partir de 21h com Jennyfer Marque, Danielle Rauen, David Andrade, Marliane Santos e Luiz Filipe Manara. Outra promessa de muitas medalhas para a delegação verde-amarela no primeiro dia oficial de competições é a natação. Daniel Dias (classe S5), o maior nome do Brasil no esporte paralímpico, integra a segunda modalidade com o maior número de representantes brasileiros, atrás apenas do atletismo.

Dono de 24 medalhas em três edições dos Jogos, Daniel Dias é o atleta com mais pódios na história do Brasil, sendo 14 para receber a medalha de ouro, sete de prata e três de bronze. Aos 33 anos, o nadador paulista mira a aposentadoria, após competir em seis provas no Centro Aquático de Tóquio e com um desafio inédito. Uma reclassificação realizada a partir de 2018 com base em novas estratégias colocou na mesma disputa do brasileiro adversários que, antes, estavam em classes acima da dele.

Os reflexos foram percebidos nos tempos dentro da piscina, como os seis recordes mundiais de Daniel batidos por novos nomes da classe S5. Ainda assim, o paulista pretende se despedir em grande estilo das Paralimpíadas. As quatro vezes em que subiu ao pódio no Mundial de Natação Paralímpico de Londres-2019 mostram que ele ainda tem pique para ser mais veloz do que as adversidades. Carol Santiago (S12), Phelipe Rodrigues (S10) e o brasiliense Wendell Belarmino (S11) são outros nomes que prometem brigar por medalha na piscina. Os Jogos serão disputados até 5 de setembro.

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