TOKYO 2020

A primeira de muitas medalhas

Conheça Gabrielzinho, o atleta mineiro protagonista da prata que abriu o caminho para um ouro e dois bronzes para o Brasil nas primeiras finais da natação em Tóquio

Maíra Nunes
postado em 26/08/2021 00:25
 (crédito: Yasuyoshi Chiba/AFP)
(crédito: Yasuyoshi Chiba/AFP)

O responsável pela primeira medalha do Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020 esbanja um sorriso largo e muito molejo. Gabriel Araújo mostrou isso ao ser o segundo nadador mais veloz dos 100m costas da classe S2 na madrugada de ontem no Brasil — tarde no Japão — com o tempo de 2min02s47. Ele comemorou o feito com dancinha no pódio.

Gabrielzinho, como é carinhosamente chamado, tem focomelia, uma doença congênita que impede a formação normal de braços e pernas. Mineiro de Santa Luzia, ele cresceu em Corinto e começou a praticar a natação por meio de um professor de educação física da escola onde estudava, se inserindo no meio competitivo pelos Jogos Escolares de Minas Gerais (JEMG).

Aos 17 anos, Gabriel disputou a primeira grande competição da carreira e conquistou quatro medalhas nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019: ouro nos 50 e 100m livre e bronze nos 50m costas e nos 50m borboleta.

Atleta do clube Bom Pastor, em Juíz de Fora (MG), Gabriel não chega nos campeonatos para brincar. Se bem que a comemoração, depois de fazer o dever de casa, é liberada. “Eu saio da minha cidade para ganhar medalhas e para dançar”, brinca o nadador. Presença marcante no TikTok, ele é acompanhado de uma alegria contagiante por onde passa.

Torcedor do Cruzeiro, o mineirinho foi homenageado pelo time do coração nas redes sociais após a conquista da medalha de prata no Japão. Além dos parabéns, o clube relembrou a ida de Gabrielzinho à Toca da Raposa 2, em 2017, quando o nadador conheceu os ídolos Fábio, Léo e Henrique.

“Estou feliz e muito emocionado. Só eu sei o que passei para estar aqui. Essa medalha não é só minha, mas da minha família, do povo de Juiz de Fora, de todo mundo que torceu por mim. Dedico essa prata ao meu avô, que faleceu na semana passada”, disse Gabriel, em entrevista ao SporTV. Na prova, o ouro ficou com o chileno Alberto Abarzado (2min00s40), e o bronze com Vladimir Danilenko, do Comitê Paralímpico Russo (2min02s74).

E ainda pode vir mais dancinha em Tóquio. Gabriel compete nos 200m peito, no domingo, e encerra a participação em 2 de setembro, quando nada os 50m costas.


Daniel Dias amplia coleção
Daniel Dias começou a sua última Paralimpíada com medalha. Na primeira final em Tóquio, o maior medalhista paralímpico brasileiro, conquistou um bronze nos 200m livres da classe S5 (para atletas amputados ou com má formação congênita nos braços) e chegou à 25ª conquista. O ouro foi do italiano Francesco Bocciardo e a prata para o espanhol Antoni Beltrán. Daniel tem mais quatro chances de buscar aumentar a coleção de medalhas: compete nos 50m borboleta, nos 50m costas e nos 50m livre. Por fim, ainda pode disputar o revezamento 4x50 metros livre.

 

 

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Mais conquistas para o Brasil na natação

 (crédito: Ale Cabral/CPB)
crédito: Ale Cabral/CPB

Pouco depois da prata de Gabriel Araújo, veio o primeiro ouro do Brasil nos Jogos Paralímpicos: o nadador Gabriel Bandeira venceu a prova dos 100 metros borboleta da classe S14, para atletas com deficiência intelectual, e ainda quebrou o recorde paralímpico, com o tempo de 54s76. Ele fez uma “prova de almanaque”, liderando durante quase todo o percurso. No final, diminuiu o ritmo e viu o britânico Reece Dunn se aproximar, mas controlou para ganhar e ainda chegar ao recorde — detalhe que a marca havia sido batido três vezes nas semifinais.

Nas classificatórias, o recorde paralímpico anterior foi quebrado na primeira bateria pelo australiano Liam Schluter; na seguinte, por Bandeira e, por fim, por Dunn, que estabeleceu a marca de 55s99, quebrada novamente pelo brasileiro na decisão das medalhas. Dunn ficou com a prata e o pódio foi completado pelo australiano Benjamin Hance. Esta é a primeira Paralimpíada que Bandeira disputa — anteriormente, ele praticava a natação olímpica, até receber o diagnóstico de hiperatividade e déficit de atenção. Ele também é cotado em outras provas (100m costas, 100m peito, 200m livre e 200m medley).

As outras conquistas do dia vieram de atletas experientes e com grandes coleções: Phelipe Rodrigues conquistou o bronze (oitava medalha) nos 50m livres classe S10, enquanto que Daniel Dias chegou à 25ª medalha paralímpica com o bronze nos 100m livre classe S5. Douglas Matera, Mariana Gesteira e Carol Santiago também chegaram em finais, mas não conseguiram chegar ao pódio.

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