Atletismo

Yeltsin Jacques brilha em Tóquio e brinda o Brasil com segundo ouro

Atleta de 29 anos lidera maior parte da prova, é ultrapassado na última volta por japonês, mas se recupera e cruza linha de chegada em primeiro nos 5.000m. Nome foi dado pelo pai em homenagem ao ex-presidente russo Bóris Yeltsin

Marcos Paulo Lima
postado em 26/08/2021 22:45 / atualizado em 27/08/2021 08:45
Yeltsin Jacques cruza a linha de chegada depois de uma reta final eletrizante no Estádio Olímpicos de Tóquio -  (crédito: Wander Roberto/CPB)
Yeltsin Jacques cruza a linha de chegada depois de uma reta final eletrizante no Estádio Olímpicos de Tóquio - (crédito: Wander Roberto/CPB)

Yeltsin Jacques é o protagonista da segunda medalha de ouro do Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Na noite desta quinta-feira no Brasil, manhã no Japão, o atleta cruzou a linha de chegada em primeiro nos 5000m masculino T11 (para cegos). Nascido em Campo Grande (MS), o brasileiro tem 5% de visão como resultado de uma condição retiniana congênita. Ele liderava a prova até ser ultrapassado pelo japonês Karaswaya a 400m da linha de chegada, mas conseguiu reagir e retomou a dianteira.

"Nós treinamos mais de dois anos intensos para essa prova", comemorou Yeltsin em entrevista ao SporTV depois de cruzar a linha de chegada ao lado do ao lado do atleta-guia Carlos Antônio dos Santos.

O nome de Yeltsin Jacques é uma homenagem ao ex-presidente da Rússia, Bóris Yeltsin. “Meu pai era militar na época, era terceiro sargento do exército, e ele fala que o Bóris Yeltsin foi um pacifista. Eu nasci em 1991, época do fim da União Soviética e da guerra fria”, explicou o Yeltsin, em 2019, numa entrevista ao Correio do Estado, de Mato Grosso do Sul. 

O medalhista de ouro também falou sobre a tática usada na corrida. "Foi uma prova de bastante estratégia. Eu já tinha definido uma estratégia prévia próxima a isso e os meninos (guias) foram me passando todas as informações. O Carlos (guia) entrou e me avisou, é o queniano e o japonês. Como a minha esposa tinha estudado antes, ela me falou tudo que tinha que fazer", disse, referindo-se a Janayna, com quem é casado.

Formado em educação física pela Universidade Estácio de Sá, Yeltsin começou nasceu em 1991. Iniciou no atletismo aos 16 anos na capital do Mato Grosso do Sul. Em 2013, estreou em competições pelo Brasil no Campeonato Mundial de Lyon, na França. Três anos depois, contraiu caxumba e sofreu uma lesão que o impediu de treinar durante quatro meses. Ele retornou às competições nos Jogos Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.

Talento no atletismo, Yeltsin tentou outro esporte antes de decidir correr atrás de medalha. Praticou judô, mas desistiu. "Comecei a correr com um amigo que era cego e gostava de correr como preparação para o judô. Apaixonei, larguei o judô e comecei o para-atletismo", revelou o atleta antes do embarque para o Japão.

Fã do maratonista medalhista de bronze em Atenas-2004 Vanderlei Cordeiro de Lima, Yeltsin era cotado ao pódio em Tóquio. Em 2019, conquistou ouro nos Jogos Parapan de Lima nos 1500m. Antes, em Toronto-2015, pendurou a medalha dourada no pescoço nos 5000m. A coleção tem, ainda, prata nos 1500m e bronze nos 800m no Mundial de 2013 da França.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação