Atletismo

Silvânia Costa salta 5m nos Jogos de Tóquio e é bicampeã paralímpica

Depois de um ciclo marcado pela maternidade e suspensão, atleta supera marca pessoal de cinco anos atrás, pula 5m cravado e deposita terceira medalha de ouro na conta do Brasil — a segunda dourada do país no atletismo

Marcos Paulo Lima
postado em 27/08/2021 00:21 / atualizado em 27/08/2021 00:51
Silvânia Costa queimou os dois primeiros saltos, mas cravou 5m na última tentativa e celebrou o ouro -  (crédito: Helano Stuckert/Rede do Esporte)
Silvânia Costa queimou os dois primeiros saltos, mas cravou 5m na última tentativa e celebrou o ouro - (crédito: Helano Stuckert/Rede do Esporte)

Ouro no salto em distância T11 para cegos nos Jogos Paralímpicos de Tóquio na noite desta quinta-feira no Brasil, fim da manhã em Tóquio, Silvânia Costa é referência para meninos de um projeto social de Três Lagoas (MS), cidade natal da atleta de 34 anos. O salto de 5m no Estádio Olímpico é mais uma linda história para contar aos meninos atendidos pela ideia pessoal criada para tirar meninos e meninas das a fim de incentivá-las a praticar atletismo.

“Sempre sonhei com esse projeto. Três Lagoas precisava. Comecei aqui, conheço as dificuldades e sei o que um atleta precisa para começar. A cidade tem um monte de crianças carentes. Então, nada melhor do que para ajudar minha própria cidade", afirmou a atleta quando iniciou o projeto em 2017. Silvânia é protagonista do terceiro ouro do Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Também nesta quinta-feira, o Brasil brilhou na pista com Yeltsin Jacques nos 5000m.

Silvânia garimpou a medalha no quinto dos seis saltos. Há cinco anos, precisou do último para garanti o degrau mais alto do pódio nos Jogos do Rio-2016 com a marca de 4,77m.

Em 2016, o ouro de Silvânia teve uma surpresa. Ela competiu nos Jogos do Rio sem saber que sem saber que grávida de dois meses do filho Guilherme. Voltou a treinar um mês depois do nascimento da criança, mas ficou fora do Mundial de Londres. Casada com Hayrton Batista, ela também é mão de Lethicia Gabriella.

O ciclo até os Jogos de Tóquio-2020 foi marcado pela tensão. Em agosto de 2019, Silvânia foi suspensa por 20 meses pela Agência Brasileira de Controle de Doping (ABCD). Motivo: ela testou positivo para para dimetilamilamina numa competição em São Paulo.

Dezesseis meses depois, ela provou que houve engano. O guia dela havia repassado um suplemento alimentar dele com a substância vetada. "Quando descobri o teste positivo, não pude acreditar. Não me lembrava de ter tomado nada diferente dos suplementos autorizados. Fiquei pensando no passado e me lembrei de uma sessão em que perguntei ao meu guia para me dar meu suplemento, que estava na minha bolsa. Olhamos as imagens das câmeras e vimos que ele me deu seu suplemento", contou em janeiro deste ano.

"Mesmo antes do final da prova eu já estava comemorando o quinto salto. Nosso trabalho foi realizado com sucesso. Não foi uma prova fácil. Eu entrei e tive que ir pra cima, com muita garra ali no último salto. Eu sabia quanto eu tinha batalhado, lutado, tudo que passei para chegar aqui. Os últimos cinco meses foram muito doloridos. Eu ralei muito para chegar até aqui. Essa medalha vem com sabor de muita garra e superação. Esse ciclo, pra mim... Eu tive duas interrupções, uma foi a nascimento do meu filho e a outra foi minha suspensão. Dei a volta por cima de tudo", admitiu em entrevista ao SporTV.

O atletismo está no DNA da família. Ricardo, irmão mais velho de Silvânia, conquistou a medalha de ouro no salto em distância T11 nos Jogos Paraolímpicos do Rio-2016. Em 2015 e 2016 Silvânia conquistou o prêmio de Atleta Paralímpica Feminina do Ano no Brasil.

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