A sexta-feira nos Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020 foi brilhante para os atletas do Distrito Federal. Ontem, mais dois paratletas naturais de Brasília alcançaram a glória máxima e subiram ao pódio com atuações de grande destaque. No goalball, o ala Leomon Moreno coroou as boas atuações durante a campanha com a primeira medalha de ouro do Brasil na modalidade. Na natação, Wendell Belarmino completou a coleção de conquistas pessoais no Japão com um bronze nos 100m borboleta. Antes, o nadador candango havia ganhado ouro nos 50m livre e prata no revezamento 4 x 100m livre misto 49 pontos.
O primeiro lugar no goalball veio em uma partida impecável contra a China. Bem defensivamente, os brasileiros venceram por 7 x 2 e deram fim à intensa perseguição pela medalha dourada. Em Londres-2012, o país bateu na trave ao perder a medalha de ouro para a Finlândia. Em 2016, na campanha em casa no Rio de Janeiro, o Brasil ficou com o bronze. Leomon estava presente nas duas conquistas anteriores e, finalmente, ganhou o tão sonhado topo do pódio na modalidade. Natural do Riacho Fundo, o paratleta de 28 anos nasceu com retimose pigmentar e encontrou refúgio no esporte.
“Depois de muito trabalho, muita dedicação no nosso dia a dia, chegamos lá. Essa equipe é muito unida, muito humilde, pé no chão. Esse era o nosso sonho. Tínhamos a prata de Londres, o bronze da Rio-2016 e aqui a gente não ia deixar escapar o ouro. Fizemos o melhor em quadra e culminou na medalha no nosso peito”, vibrou o brasiliense em entrevista à Rede do Esporte, destacando o desempenho na campanha. “Trabalhamos muito bem na defesa. Esse era um projeto nosso. Então, a nossa maior pressão psicológica nos outros é a nossa defesa”, completou.
Tri pessoal
Belarmino é outro candango com uma medalha paralímpica de cada cor. A diferença do nadador de 23 anos é que todas foram conquistadas em Tóquio-2020, logo na primeira edição dos Jogos disputada pelo paratleta brasiliense. A de ontem foi conquistada na base da perseverança. O nado borboleta não é a especialidade de Wendell. Nos primeiros 50m da conquista, ele virou atrás da maioria dos competidores. Porém, na segunda volta na piscina do Centro Aquático de Tóquio, ele recuperou o tempo perdido em uma arrancada impressionante e conquistou o bronze com gosto dourado.
“Estou muito feliz com a campanha na minha primeira Paralimpíada. Venho para me divertir, igual faço em toda competição. Eu gosto de nadar, e assim que eu bato a mão na parede, é quando me preocupo com o lugar que fiquei. Essa medalha foi um bronze com gosto de ouro por melhorar as minhas marcas em todas as provas. Estou muito satisfeito com todas elas, até mesmo com o sétimo lugar nos 200m”, ressaltou o brasiliense, portador de glaucoma congênito. “Fico muito arrepiado de pensar que as pessoas estão conhecendo mais o esporte paralímpico, é incrível”, acrescentou.
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Tóquio registra mais um recorde
As medalhas dos atletas brasilienses nos Jogos contribuíram para outra grande marca do país nas Paralimpíadas. Com o desempenho ao longo da disputa, o Brasil igualou a maior quantidade de ouros conquistados em uma mesma edição: 21. O número também foi alcançando em Londres-2012. A repetição da marca foi garantida por Thiago Paulino no arremesso de peso. Ele cravou 15,10m e estabeleceu novo recorde paralímpico em uma disputa emocionante. Em Tóquio-2020, os paratletas brasileiros já haviam ganhado a centésima premiação dourada com Yeltsin Jacques nos 1500m do atletismo.
Na mesma prova de Paulino, Marco Borges ganhou o bronze com a melhor marca pessoal da carreira: 14,85m. No taekwondo, Silvana Fernandes conquistou uma medalha da mesma cor. As outras medalhas do dia vieram com a prata de Luís Carlos Cardoso, nos 200m da canoagem, e o bronze de João Victor Teixeira, no lançamento de disco. Hoje, último dia de competições, o Brasil terá oportunidade de ampliar as premiações nas disputas do futebol de cinco — final contra a Argentina, às 5h30 — e em diversas provas do atletismo, a partir das 7h. O destaque fica para as maratonas masculina e feminina, às 18h50.
A Cerimônia de Encerramento das Paralimpíadas de Tóquio-2020 está marcada para amanhã, às 8h. Ontem, o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Mizael Conrado, enalteceu a campanha do Brasil nos Jogos e confirmou o nadador Daniel Dias como porta-bandeira do país no evento final. No Japão, ele se despediu das piscinas com 27 medalhas conquistadas ao longo de quatro edições. “É uma homenagem ao maior de toda a nossa história. Ao maior atleta da natação paralímpica mundial”, ressaltou Mizael.