ELIMINATÓRIAS

Guerra política nos bastidores

Bolsonaro e embaixador da Argentina tentam evitar suspensão do clássico. Clima esquenta nas redes

Correio Braziliense
postado em 06/09/2021 00:54
 (crédito: NELSON ALMEIDA)
(crédito: NELSON ALMEIDA)

O Clarín, um dos principais jornais de Buenos Aires, divulgou em seu site que o presidente Jair Bolsonaro interveio pessoalmente junto à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e negociou que a partida fosse retomada. No entanto, a ligação telefônica não teria surtido êxito. A intervenção de Bolsonaro ocorreu, segundo o jornal, pouco depois de os jogadores da Argentina deixarem o gramado da Neo Química Arena e se dirigirem ao vestiário.

Fontes diplomáticas informaram ao jornal argentino que Bolsonaro ofereceu garantias de que os atletas do país não sofreriam nenhum tipo de represália. A tentativa do presidente, no entanto, teria vindo tarde demais: como a partida estava suspensa, praticamente não houve margem de manobra política.

Por meio do Twitter, o senador Flavio Bolsonaro, filho do presidente, adotou um tom nada amistoso. “Argentinos deram de malandros. Sabiam que estavam burlando a lei brasileira, impediram a Anvisa de autuá-los e, na marra, escalaram os quatro (jogadores) oriundos da Inglaterra. A PF (Polícia Federal) tem que investigar quem não tomou providências antes do jogo, e a Argentina deveria ser severamente punida”, escreveu.

A provocação não parou por aí. Flavio não teria gostado de uma publicação, também no Twitter, de um jornalista argentino torcedor do Lanús que afirmou: “Viva, Lula. Com ele, isso não ocorreria. Fora, Bolsonazi”. Flavio marcou Lula na resposta e disparou: “Pelé é maior do que Maradona! Brasil cinco vezes campeão do mundo!”

Ainda de acordo com o Clarín, a Casa Rosada — sede da Presidência da Argentina — acionou o embaixador argentino em Brasília, Daniel Scioli, que estava na Neo Química Arena. Ao saber que as autoridades da Anvisa lavravam atas para os quatro jogadores da Argentina acusados de não cumprir com os protocolos sanitários, Scioli desceu até os vestiários. Mais tarde, acompanhou a delegação até o Aeroporto Internacional de Guarulhos, para assegurar o embarque dos atletas, em meio aos rumores de deportação.

O vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou ontem que enviará requerimento à CBF para saber com quem a entidade fez “acordo” para burlar as regras sanitárias da Anvisa. A CPI quer saber se o governo federal e a CBF negociaram a liberação dos quatro jogadores argentinos que atuam na Inglaterra no Brasil.

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