Engajada no Manifesto de Assunção contra a realização da Copa América em junho deste ano durante a pandemia, a Seleção tentou ser isenta nos protestos de 7 de setembro nas ruas do país e evitou polêmica. Enquanto a camisa com o escudo da CBF era usada como farda por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro ou quem simplesmente celebrava o Dia da Independência, jogadores convocados por Tite para o duelo de amanhã contra o Peru, na Arena Pernambuco, pelas Eliminatórias para a Copa do Qatar-2022, tentaram evitar polêmica. A exceção foi o lateral-direito Daniel Alves. O jogador de 36 anos usou o Instagram para apoiar o presidente Jair Bolsonaro.
“Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, escreveu, referindo-se ao slogan da campanha de 2018. Na sequência, emendou: “Dia da nossa independência e desejo-lhes que vocês peguem esse dia para independizar também, se independizar das opressões, das manipulações e das influências egocêntricas”, publicou.
Outros jogadores foram mais discretos. Gabriel Barbosa publicou foto com o uniforme principal da Seleção e escreveu: “Pátria amada Brasil”. Neymar postou imagem vestido de verde-amarelo, mas sem legenda. Na entrevista coletiva realizada na concentração, em São Paulo, um dos centros dos atos pró e contra o governo, Danilo não foi questionado sobre o que acontecia na Avenida Paulista, em Copacabana, Brasília e outras capitais.
A temperatura era outra fora da bolha da Seleção. O ex-piloto Nelson Piquet foi um dos combustíveis das manifestações inflamadas nas redes sociais. O tricampeão mundial de Fórmula 1 teve dia de chofer ao conduzir o presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama, Michelle, na Esplanada dos Ministérios. Fãs apoiaram e condenaram a participação dele no movimento. As comparações, principalmente, com Ayrton Senna, foram inevitáveis. Enquanto bolsonaristas consideravam Piquet reforço de peso, internautas contrários ao piloto atacavam: “Quando eu acho que Nelson Piquet já achou o fundo do poço tem um alçapão lá”, comentou um. O veículo conduzido por Nelson Piquet acompanha os presidentes do Brasil em cerimônias de posse e desfiles abertos desde a Era Vargas, nos anos 1930.
Bolsonarista assumido, o volante Felipe Melo divulgou uma camisa da Seleção com o nome dele às costas e escreveu: “Viva a independência e a separação do Brasil. Pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu Deus, juro promover a liberdade do Brasil. Independência ou morte”, divulgou. Jogadores como Lucas Moura (Tottenham) e Dagoberto também foram às redes sociais. “Ninguém aqui está falando de política, mas sim de um país melhor e justo para todos”, posicionou-se.
Estrelas da Seleção de vôlei masculino nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Maurício Souza e Wallace foram às redes sociais. Ambos foram cabos eleitorais de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018. “Essa é a vontade do povo, não tem boca, não”, disse o central em um vídeo publicado nas redes sociais.
As manifestações dividiram atletas. Medalha de ouro com a seleção masculina de futebol nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, o meia-atacante Paulinho, do alemão Bayer Leverkusen, ironizou os atos. “Imagina tu sair de casa para defender gasolina a
R$ 7, dólar acima de R$ 5, gás de cozinha acima de R$ 100, 15 milhões de desempregados, superfaturamento na compra de vacinas e milhares de mortes por ineficiência de um governo”.
O volante Elias, com passagem por Corinthians, Flamengo e Seleção, desabafou. “Dia R$ 7 de setembro. Dia da alienação! Um pouco envergonhado com alguns aqui. Mas não surpreso”.
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