SURFE

Tira onda, Brasil!

Quarenta e nove dias depois de perder o bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Gabriel Medina se presenteia com o tricampeonato mundial na Liga Mundial em decisão verde-amarela contra Filipe Toledo

Correio Braziliense
postado em 14/09/2021 23:19
 (crédito: Sean M. Haffey/AFP)
(crédito: Sean M. Haffey/AFP)

Em uma temporada quase perfeita, Gabriel Medina conquistou o tricampeonato mundial de surfe ao ganhar do também brasileiro Filipe Toledo na decisão do Rip Curl WSL Finals, ontem, em Trestles, na Califórnia, Estados Unidos. É o terceiro troféu do atleta de Maresias, que foi campeão em 2014 e 2018, e ajudou a manter o domínio brasileiro na principal competição da modalidade. Há pouco mais de um mês, Medina não conseguiu subir ao pódio nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Eliminado na semifinal, perdeu, também, a disputa pela medalha de bronze.

“Conquistei o meu maior objetivo no surfe. Estou chorando agora, porque é um mix de emoções. Estou feliz, emocionado. Sou feliz de fazer parte desse time (brasileiro). Eles me puxam e eu puxo o nível deles”, disse Medina em entrevista à World Surf League (WSL) na saída do mar, referindo-se não somente ao sucesso dele, mas do país.

Ele ainda comentou na areia. “Não é todo dia que você realiza um sonho. Todo sonho parece impossível. Hoje é um dia especial pra mim. Eu tenho isso há muito tempo comigo. Tem que trabalhar duro. Não tem outro caminho. Tem muita paixão. Tem que deixar o surfe falar. Esse dia vai ficar pra sempre na minha vida. Tive que surfar muito pra conquistar”, emocinou-se Gabriel.

Nas últimas sete edições do Circuito Mundial de Surfe o Brasil conquistou cinco títulos. Anos atrás seria impensável essa hegemonia de um país que desbancou atletas da Austrália, Estados Unidos e Havaí (que compete como uma nação própria) nas competições internacionais. Mas essa “Tempestade Brasileira”, batizada pela imprensa estadunidense de Braziliam Storm, apelido pelo qual ficou conhecida essa talentosa geração, está arrasando no surfe.

O título coroa uma temporada fantástica de Medina, que, ao fim das sete etapas anteriores, terminou na primeira colocação do ranking mundial com uma vantagem sobre o segundo colocado (Italo Ferreira) superior aos 10 mil pontos, que em outros anos já lhe garantiria o título mundial antecipado.

Na primeira etapa da temporada, em Pipeline, no Havaí, Medina ficou na segunda posição. Depois obteve um novo segundo lugar em Newcastle, na Austrália, e venceu a etapa seguinte em Narrabeen. Depois ficou em nono lugar na terceira etapa da perna autraliana, sua pior colocação no ano, e venceu novamente em Rottnest.

Na sexta etapa da temporada, fez uma disputa incrível com FIlipe Toledo no Surf Ranch, a piscina de ondas criada por Kelly Slater, e ficou com o vice. Disputou os Jogos de Tóquio, que não contava pontos para o Circuito, e ficou sem medalha, na quarta posição. Mas, depois, voltou ao campeonato, no México, ficou em quinto lugar em um evento que para ele serviu apenas para cumprir tabela, pois já tinha colocado uma vantagem incrível no ranking.

E foi com esse favoritismo que Medina chegou ao WSL Finals e esperou a definição da chave masculina para ver quem seria seu adversário na final. Viu as eliminações em sequência de Morgan Cibilic (Austrália), Conner Coffin (Estados Unidos) e Italo Ferreira até se encontrar com Filipinho, com quem já travou incríveis disputas nas ondas.

Na primeira bateria da final com Filipinho, Medina surfou melhor e ganhou por 16,30 a 15,70, ficando em vantagem na decisão. Na segunda bateria, Medina começou melhor, mas houve uma paralisação por causa da presença de um tubarão perto da área de competição. No retorno, o surfista de Maresias manteve o foco e ganhou por 17,53 a 16,36, acertando um lindo back flipe e sagrando-se tricampeão mundial.

Ouro em Tóquio, Ítalo Ferreira elogiou Medina. “Foi um campeonato muito irado, bem diferente do que a gente está acostumado a competir. Estou 'amarradão' pelo Gabriel que venceu, e triste por um lado pelo Filipe, que buscava o primeiro título. Se colocar as duas histórias na balança, dou troféu para cada um. O Gabriel teve que superar muitos problemas que poderiam ter feito ele desistir, mas o moleque conseguiu manter a cabeça no lugar”, disse.

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