O Brasil sofreu mais do que o costume para vencer a Venezuela, mas conseguiu triunfar, de virada, por 3 x 1. Ontem, o time de Tite sentiu falta do atacante Neymar que, suspenso, viu o jogo das tribunas do estádio Olímpico de Caracas. Assim, a Seleção se mantém com 100% de aproveitamento nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022 — agora, são nove jogos, nove vitórias e 27 pontos conquistados.
Ontem, o começo do jogo não foi do jeito que o torcedor esperava. Depois de perder um gol com Gabriel Barbosa aos seis minutos, o Brasil foi vazado. Soteldo saiu da marcação de Gerson e recebeu com liberdade pela direita, nas costas de Guilherme Arana. Ele cruzou na área para Eric Ramírez, que estava marcado, mas Fabinho e Marquinhos escorregaram ao mesmo tempo e o venezuelano ficou livre e nem precisou pular para cabecear. O Brasil não sofria um gol nas Eliminatórias Sul-Americanas desde a segunda rodada — foram 632 minutos sem levar gols.
Com problemas na transição, o time tinha dificuldade na hora de encaixar o passe em velocidade. Mesmo assim, a equipe perdeu chance clara com Gabi. O time brasileiro tinha muito mais posse de bola, mas não chegava com perigo ao gol de Graterol. Burocrática e lenta, a Seleção esteve longe de apresentar um bom futebol.
No segundo tempo, Tite mexeu e mudou a cara do Brasil. Guilherme Arana, que não foi bem na primeira etapa, fez um bom cruzamento e Thiago Silva subiu bem para cabecear para o gol e marcar. Contudo, a arbitragem anulou a jogada por impedimento.
Na insistência, o Brasil chegou ao empate, aos 24. Raphinha cobrou escanteio e o zagueiro Marquinhos subiu mais que a defesa para cabecear com força para o chão. Apesar de jogar mal, o Brasil já merecia melhor sorte no jogo. Aos 37 minutos, finalmente a Seleção fez uma boa jogada ofensiva. Raphinha carregou pelo meio da defesa venezuelana e abriu na esquerda para Vinícius Jr. No rebote, Gabi foi derrubado. Ele mesmo bateu e marcou.
Aos 50, o Brasil ainda teve tempo de ampliar. Raphinha levou a bola na linha de fundo e tocou no meio para Antony, livre, apenas empurrar para as redes e decretar o resultado final. A seleção não jogou tão bem, mas segue sua tranquila caminhada rumo ao Catar.
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Paraguai freia Argentina em jogo sem gols
A Argentina não cumpriu o favoritismo diante do Paraguai, mas conseguiu segurar a vice-liderança das Eliminatórias Sul-americanas para a Copa do Mundo do Catar. Ontem, em jogo válido pela 11ª rodada da seletiva disputado no Estádio Defensores Del Chaco, em Assunção, o time de Messi empatou com os adversários, por 0 x 0. O palco do jogo recebeu cerca de 17 mil torcedores que comemoraram de forma efusiva o resultado inesperado.
O ponto somado deixou os argentinos com 19 somados. O índice já clareia bastante o panorama dos hermanos rumo ao Mundial do Catar. O time não deve ter maiores problemas para carimbar o passaporte para a Copa nas próximas rodadas. A situação paraguaia é mais complicada. Atualmente em sexto lugar — uma posição abaixo da linha de corte da zona de classificação —, o time ainda mantém vivo o sonho de disputar, pelo menos, a repescagem da competição da Fifa.
O time paraguio focou, principalmente, na forte marcação para não dar espaço e ter trabalho com Messi. Para isso, a tática foi escalar três zagueiros, entre eles Gustavo Gómez, do Palmeiras, e Junior Alonso, do Atlético-MG. Mesmo assim, a Argentina exerceu pressão e chegou a perder três boas chances de inaugurar o marcador no Defensores Del Chaco. Os donos da casa tentavama até mesmo frear o ímpeto rival na base de faltas, mas sem sucesso.
Com a postura defensiva, o Paraguai sequer conseguia armar contra-ataques para incomodar o goleiro argentino. Os hermanos chegaram a acumular 70% de posse de bola na partida, mas não conseguiram concluir o amplo domínio em campo durante o primeiro tempo em bola na rede.
O time de Messi manteve a busca ao gol durante o segundo tempo, mas acabou levando sustos. Aos 18 minutos, Sanabria surgiu na pequena área e cabeceou bem a bola, exigindo uma grande defesa do goleiro Martínez. O mesmo atleta paraguaio teve outra boa chance aos 25, mas o chute cruzado não foi na direção do gol.
As oportunidades paraguaias deixaram a Argentina perdida. Ao contrário do primeiro tempo, o time conseguiu criar apenas uma chance clara de gol, aos 37. O lance, porém, foi disperdiçado por Papu Gómez, que viu o goleiro Antony Silva se esticar para mandar a bola pela linha de fundo e garantir o zero para os dois lados.
Empate em zero
Uruguai e Colômbia empataram, por 0 x 0, ontem, em Montevidéu, pela 11ª rodada das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2022, a ser realizada no Catar. A partida, disputada no estádio Gran Parque Central, teve grande domínio dos donos da casa durante o primeiro tempo, mas os visitantes foram melhores na etapa final de jogo. Com o resultado sem bolas na rede, os uruguaios caíram para a quarta posição da classificação, com 16 pontos, dois a mais que os colombianos, que seguem em quinto. No domingo, em partida pela quinta rodada, que não foi disputada em março por conta da pandemia de covid-19, o Uruguai visitará a Argentina e a Colômbia receberá o Brasil.
Cria de Ceilândia vai ao sub-18
O brasiliense Robert Renan Alves Barbosa deixou a casa dos pais na Expansão do Setor O, em Ceilândia, aos 13 anos, para apostar no sonho de se tornar um jogador de futebol profissional. Aos 17, o zagueiro, que atualmente defende o Corinthians nas categorias de base, ganhou a primeira oportunidade de vestir a camisa da Seleção Brasileira Sub-18, que está concentrada na Granja Comary, em Teresópolis, no Rio de Janeiro, desde a última segunda-feira, para período de treinamento e desenvolvimento que vai durar até a terça-feira, 12 de outubro.
Filho do rapper Roberto Barbosa da Silva, 37 anos, do grupo Sobreviventes de Rua, Robert também arriscou-se nos palcos de Ceilândia com o microfone em punho quando criança. Mas o encantamento pela bola falou mais alto no fim das contas. Para o pai, conhecido no meio musical brasiliense como Preto Beto, o feito simboliza mais do que a conquista de uma chance entre os melhores jogadores do país. “O Robert é oriundo da Expansão do Setor O, uma comunidade da Ceilândia considerada como área de risco por muitos e conseguiu sobreviver”, emociona-se.
Segundo o pai, Robert viu adolescente que morreu ao lado dele vítima de tiro e a polícia parar o futebol em que estava jogando com os amigos na periferia da capital federal para abordá-los por diversas vezes. “Não nos entregamos. É uma história linda e, agora, só aumenta a nossa responsabilidade”, completa Preto Beto.
Robert começou a chamar a atenção quando tinha apenas 6 anos. Na ocasião, ele ganhou a primeira chuteira dos pais para jogar no projeto social promovido pelo batalhão comunitário de polícia. Aos 13, mudou-se de cidade para jogar no Novo Horizonte (MG), em 2018. No ano seguinte, atuou no Grêmio Novorizontino (SP) e, meses depois, assinou o primeiro contrato profissional como jogador, aos 16, com o Corinthians.
Robert está entre as 23 apostas do Brasil nascidas em 2003. Eles se destacaram nas competições nacionais de base ou acumulam convocações anteriores nas categorias de base da Seleção Brasileira. O trabalho com o grupo formado por atletas de 13 clubes brasileiros diferentes visa observar e desenvolver essa geração de olho no Torneio Sul-Americano Sub-20 Conmebol, marcado para a temporada de 2023, que será classificatório para a Copa do Mundo da categoria.
Mycael, Andrey, Matheus Nascimento e Sávio são os mais novos do elenco verde e amarelo, pois nasceram em 2004, mas foram campeões do Sul-Americano Sub-15 em 2019, no Paraguai, e seguem sendo acompanhados de perto pelas comissões da Seleção Brasileira.