10 motivos por que o Galo deitou em 2021

Mostramos como o time do ano em solo verde-amarelo não necessitou do mantra "eu acredito" e muito menos da fama de Galo Doido para construir de forma sensata e imponente a hegemonia ao conquistar Mineiro, Brasileirão e Copa do Brasil

Marcos Paulo Lima
postado em 17/12/2021 00:01

Um dos trechos do Hino do Clube Atlético Mineiro diz assim: "(...) somos orgulho do esporte nacional (...)". Arquirrivais e concorrentes que nos desculpem, mas, em 2021, o Galo conquistou a simpatia até de alguns torcedores adversários. O futebol apresentado na conquista da Tríplice Coroa, ops, do Triplete Alvinegro — como o novo time hegemônico do país prefere chamar as conquistas do Campeonato Mineiro, do Brasileirão e da Copa do Brasil para diferenciar comparações — arrancou elogios até mesmo dos concorrentes.

No modelo híbrido do Estadual, com primeira fase em pontos corridos seguido de mata-mata, o Galo ganhou do América-MG na final do Estadual. Nos pontos corridos, desbancou o bicampeão Flamengo com 13 pontos de distância e um imponente 4 x 0 no primeiro turno, no Mineirão. No Maracanã, fez o Flamengo sofrer e perdeu de 1 x 0.

Na Copa do Brasil, o time alvinegro impôs ao Athletico-PR, campeão vigente de outra Copa, a Sul-Americana, a maior surra da história do segundo torneio mais importante do país com 6 x 1 no placar agregado. Há pouca a lamentar na temporada quase perfeita.

Não seria absurdo o Atlético-MG conquistar, também, o título da Libertadores. Faltou pouco para decidir o título contra o Flamengo, em Montevidéu. O Palmeiras jogou no limite e impediu o sonho. Nada disso tira o brilho de uma temporada sensacional explicada a seguir pelo Correio em 10 tópicos.

1. Mecenas

Guardadas as devidas proporções, Rubens Menin é, para o Atlético, o que o magnata russo Roman Abramovich significou na guinada do Chelsea. O mecenas brasileiro escancarou o cofre, investiu pesado e turbinou o Galo para repetir o feito do clube inglês ao ganhar a Série A depois de 50 anos. O próprio presidente Sergio Coelho admitiu: "Sem os 4Rs, estaríamos na Série B", disse, referindo-se aos argentinos Rafael Menin, Rubens Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador. O Chelsea não ganhava o Inglês havia 50 anos. Bombado pela grana russa, quebrou jejum e levou duas edições da Champions League.

2. Triplete Alvinegro

Um time vencedor do Campeonato Mineiro; do Campeonato Brasileiro com 13 pontos a mais do que o então bicampeão Flamengo; e da Copa do Brasil com 6 x 1 diante do Athletico-PR é inquestionável. Isso não acontecia no futebol brasileiro desde a fantástica temporada do arquirrival Cruzeiro em 2003.

3. Mente brilhante

Cuca havia melhorado o trabalho de Jorge Sampaoli no Santos. Certo ou por linhas tortas, a diretoria do Atlético entendeu que ele era a melhor escolha para dar um F5 no legado do argentino no Galo. Entre os técnicos brasileiros, ele é o mais afinado com as revoluções de Sampoli e Jorge Jesus na temporada 2019. Foi humilde quando estava desempregado e, de casa, reconheceu o sucesso dos gringos: "Acho o Sampaoli mais tático. Quando vai jogar contra o time dele no domingo, não adianta assistir ao jogo dele da quarta-feira. Não dá para amarrar o time dele, que você não vai conseguir. O Jorge Jesus é diferente: ele tem uma filosofia de jogo e conseguiu fazer os jogadores do Flamengo terem harmonia com isso. Ele conseguiu fazer com que os jogadores tenham ambição de buscar a bola o tempo todo no ataque. O futebol cresce com a chegada deles", reconheceu do sofá de casa.

4. Incrível Hulk

O Atlético perdeu apenas uma partida como mandante na temporada inteira. O Fortaleza foi o único time que conseguiu derrotar o Galo em Belo Horizonte, em 30 de maio, na primeira rodada do Campeonato Brasileiro. O Mineirão virou refúgio praticamente inabalável do time alvinegro.

5. "São Caetano"

A escolha de Rodrigo Caetano para tocar o departamento de futebol foi um gol de placa. Sim, ele havia acumulado fracassos no Flamengo e no Internacional, mas sempre mostrou-se competente. Lembrou nesta temporada o velho executivo que ajudou o Fluminense a ganhar o Brasileirão 2012.

6. Meio de campo

O Atlético entendeu que o meio de campo é o trunfo para o sucesso no futebol pós-moderno. O volante Jair e os meias Nacho Fernández e Zaracho são os símbolos do encaixe do sistema de jogo, da aplicação das ideias de Cuca, da versatilidade tática e da regularidade do time no ano.

7. Saída pelas laterais

Laterais "europeus" fazem muita diferença no futebol brasileiro. A experiência e a versatilidade de Mariano e Guilherme Arana deram modernidade ao estilo de jogo do Atlético-MG. Arana, por exemplo, faz muito bem o papel de lateral invertido — artifício muito usado no Velho Mundo.

8. Refúgio inabalável

O Atlético perdeu apenas uma partida como mandante na temporada inteira. O Fortaleza foi o único time que conseguiu derrotar o Galo em Belo Horizonte, em 30 de maio, na primeira rodada do Campeonato Brasileiro. O Mineirão virou refúgio praticamente inabalável do time alvinegro.

9. Massa

A volta do público aos estádios virou o combustível que faltava para incendiar o ano do Atlético. A Massa foi fiel no pouco, quando o acesso ao Mineirão era reduzido, e no muito, quando a arena teve aval para encher a casa. A torcida lotou e conduziu o time a dois títulos nacionais.

10. Controle emocional

Cuca costuma ter surtos, como na final da Libertadores 2020 pelo Santos, e dificuldade na relação com os medalhões. Está maduro no Atlético. E com o técnico nos eixos, o Galo manteve o foco. Não saiu dos trilhos nem na dura eliminação na semi da Libertadores contra o Palmeiras.

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