Como ele colocou Jesus no bolso

Fonte do estafe de Jorge Jesus diz ao Correio que o Flamengo tinha o Mister na mão, mas foi ansioso e precipitado ao fechar com Paulo Sousa. Ultimato ao time rubro-negro e interesse do Internacional aceleram o acerto; poloneses se surpreendem

Correio Braziliense
postado em 27/12/2021 00:01
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

Jorge Jesus estava, sim, próximo da volta ao Flamengo, mas a diretoria rubro-negra foi impaciente, não quis esperar até o dia 30, quinta-feira, dia do clássico entre Porto e Benfica pela 16ª rodada do Campeonato Português, e acelerou a contratação de Paulo Sousa diante da possibilidade de perder o plano B para o Internacional. Essa é a conclusão de uma influente fonte do estafe do Mister com quem o Correio Braziliense conversou ontem. A crítica do interlocutor não é ao competente téBAPcnico Paulo Sousa, mas à reviravolta em uma negociação que, segundo ele, caminhava favoravelmente ao time brasileiro.

Segundo a fonte, o presidente Rodolfo Landim e o fiel escudeiro Luiz Eduardo Baptista, o Bap, mandatário do Conselho de Administração do clube, esticaram a corda e teriam dado ultimato ao vice de futebol Marcos Braz e ao diretor executivo Bruno Spindel por uma definição. Incertos quanto ao futuro de Jesus, ambos investiram em Paulo Sousa.

O profissional de 51 anos segue vinculado à Polônia, mas rescindirá o contrato. A seleção do Leste Europeu está classificada para a repescagem da Copa do Catar 2022. Para ir ao Mundial, o time do atual número 1 do mundo no Fifa The Best, Robert Lewandowski, precisará passar pela Rússia e depois Suécia ou República Tcheca.

Na avaliação do interlocutor, o Flamengo não conseguirá trazer Jesus de volta porque agiu com ansiedade e precipitação. Segundo ele, faltou paciência para entender o jogo de xadrez proposto na negociação para a transação sair gratuita. "Era só ter calma, tomar a decisão no tempo certo e Jesus estaria no Rio, em janeiro, para iniciar a temporada no clube carioca", lamenta. Segundo ele, Landim e Bap entraram no circuito com receio de Jorge Jesus permanecer no Benfica e Paulo Sousa dizer sim ao Internacional. Representantes do treinador deixaram claro ao Flamengo que o cliente não esperaria pelo desfecho da situação de Jesus no Benfica.

Na visão dessa fonte, o Benfica sabe que não há clima para Jesus permanecer no cargo, mas não rescinde para evitar o pagamento de multa a Jesus. O treinador não pede demissão pela mesma razão. Na análise dele, chegaria o momento em que Benfica e Jesus teriam desejo mútuo pela rescisão. O Flamengo poderia ser beneficiado diante da possibilidade de um "comum acordo" entre o clube português e o treinador lusitano. Como publicado no blog Drible de Corpo do Correio antes do Natal, o Benfica havia ficado irritado com a maneira como o clube carioca conduziu o assédio a Jesus e, em represália, dificultaria ao máximo a saída do profissional. Além de mantê-lo no cargo, exigia uma indenização.

Especula-se que o Flamengo teria de pagar 6 milhões (R$ 38,52 milhões) de euros para tirar Jesus do Benfica. A multa de Paulo Sousa na seleção da Polônia custaria 300 mil euros (R$ 1,9 milhão). O treinador está disposto a arcar com essa multa, mas o presidente da Federação Polonesa de Futebol ainda não aceitou o pedido de saída.

O Flamengo apostava na demissão de Jorge Jesus depois do baile de 3 x 0 que o Benfica tomou do arquirrival Porto, no Estádio do Dragão, na eliminação nas oitavas de final da Taça de Portugal. O presidente encarnado Rui Costa manteve o Mister no cargo pelo menos até o clássico de quinta-feira.

Demissão é raro na carreira de Jesus. Só aconteceu na temporada 2000/2001, quando os serviços dele foram dispensados pelo Vitória de Setúbal, ou seja, isso faz 20 anos. Depois disso, o Mister só deixou os empregos por iniciativa própria, acordos ou após o fim dos contratos.

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