Camisas de muito peso

JÚLIA MANO* DANILO QUEIROZ
postado em 15/01/2022 00:01
 (crédito: Luã Tomasson/Minas Brasília)
(crédito: Luã Tomasson/Minas Brasília)

A música Jogadeira, de Cacau Fernandes e Gabi Kivitz, embalou a Seleção Feminina na Copa do Mundo de 2019 e se tornou hino do futebol feminino brasileiro. O refrão: "Futebol não é para mulher?/Eu vou mostrar para você, mané/ Joga a bola no meu pé" retrata bem o desempenho da categoria. Em 2022, o quadradinho será representado nas três divisões do campeonato nacional por Real Brasília, Cresspom (Série A1), Minas Brasília (Série A2) e Legião (Série A3). E a evolução está, cada vez mais, evidenciada.

Ontem, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou a atualização de 2022 do Ranking Nacional de Clubes de Futebol Feminino com a presença de três times candangos: Minas Brasília, Real Brasília e Cresspom. Pela primeira vez no top-10, as Minas são as mais bem colocadas do DF e aparecem na oitava posição. As Leoas do Planalto e as Tigresas do Cerrado também subiram no ranqueamento, se posicionam em 25º e em 39º, respectivamente. Assim, a Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF) acompanhou a tendência de crescimento dos clubes e conquistou uma nova posição, saiu do décimo para o sexto lugar.

Os times femininos candangos vão na contramão dos masculinos. Entre os homens, o melhor ranqueado do Distrito Federal é o Brasiliense, que ocupa a 63º posição na relação nacional, enquanto o Real Brasília, que também tem equipe da categoria masculina, está no 201º lugar. O presidente da FFDF, Daniel Vasconcelos, atribui como principal fator do crescimento do esporte feminino na capital federal os trabalhos feitos pelos próprios clubes.

"Como gestor do futebol no DF, fico imensamente feliz e grato aos nossos clubes, pois são eles os responsáveis por tanta ascensão. Na verdade, a engrenagem vem funcionando bem, em trabalho conjunto deles conosco. Na medida do possível, damos o apoio necessário. Vamos continuar buscando a cada dia melhorar, acompanhando, inclusive, o crescimento da modalidade, que está sendo meteórico de uns anos para cá", destaca, ao Correio.

Nayeri Albuquerque, presidente do Minas Brasília ao lado da irmã Nayara, celebrou a nova colocação do clube, que completa dez anos em 2022. "A sensação é única. Acho que só quem vive mesmo, assim, respira o Minas Brasília e o futebol feminino sabe transferir um pouco do que estamos sentindo agora. Um sentimento de dever cumprido, de um trabalho bem feito, mas, claro, em busca de mais", conta. A líder das Minas avalia que o que pode ter sido determinante para o clube ter recebido o reconhecimento pela CBF é o somatório do respeito que se tem pelo futebol feminino com o trabalho realizado, desde as categorias de base, onde a equipe também é referência, para se conquistar resultados positivos.

A presidente também espera que a categoria possa receber mais investimentos, o que, atualmente, é uma grande barreira. "A iniciativa privada e o governo, infelizmente, não dão a atenção que nós merecemos e eu acho que, com o ranking e com os resultados positivos que o futebol feminino está trazendo para Brasília, deveríamos ser mais reconhecidos, mais vistos", afirma.

O presidente do Real Brasília, Luís Felipe Belmonte, também celebrou o resultado do jovem time feminino do clube. A categoria foi criada no clube, que foi rebaixado no masculino no Campeonato Candango, há três anos, em 2019, e subiu 28 posições do ranqueamento de 2021 para o de 2022. "Nós ficamos muito felizes em contribuir e sabemos também que temos que enaltecer o trabalho do Minas e do Cresspom, que contribuíram muito para o que temos hoje. Vamos fazer de tudo para termos um bom desempenho na Supercopa e no Campeonato Brasileiro e colocar o nome do futebol do Distrito Federal em lugares mais altos", projeta.

O ranking é estabelecido a partir de um cálculo sobre o desempenho dos clubes em competições nas últimas cinco temporadas. Para o de 2022, foram considerados os resultados dos times nas Séries A1 e A2 do Campeonato Brasileiro.

*Estagiária sob a supervisão de Danilo Queiroz

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