O poema de Vinicius

Astro do Real Madrid desencanta com a camisa do Brasil e escreve de caneta esquerda o primeiro verso de uma relação que está só começando com a amarelinha. Palco do gol inédito é o mesmo da estreia como profissional

Marcos Paulo Lima
postado em 25/03/2022 00:01
 (crédito: Lucas Figueiredo/CBF)
(crédito: Lucas Figueiredo/CBF)

O primeiro gol de Vinicius Junior com a camisa da Seleção Brasileira, ontem, na goleada contra o Chile, por 4 x 0, pela penúltima rodada das Eliminatórias para as Copa do Mundo do Catar, merece uma tabela com poema de um xará dele: Soneto de Fidelidade, de Vinicius de Moraes. Os últimos dois versos da quarta estrofe dizem: (...) Que não seja imortal, posto que é chama/Mas que seja infinito enquanto dure.

"Não tinha lugar melhor para fazer meu primeiro gol na Seleção. Estou muito feliz. Nosso último jogo no Brasil antes da Copa. Agora, é seguir nosso trabalho e fazer as coisas benfeitas para sair com o título no fim do ano", disse Vinicius Junior à tevê Globo.

Aos 21 anos, o menino de São Gonçalo nascido em 12 de julho de 2000 estreou como profissional ali mesmo, no Maracanã. Era 13 de maio de 2017. Entrou para a história como o primeiro jogador nascido nos anos 2000 a disputar uma partida do Campeonato Brasileiro. Cinco anos depois, o atacante assume, aos poucos, o papel de primeiro coadjuvante dos protagonistas do Real Madrid e da Seleção.

Na Espanha, é o par perfeito do francês Benzema. A cria do Flamengo acumula 17 gols e 10 assistências na melhor temporada da curta carreira. Paralelamente, passou de preterido por Tite em algumas convocações a artigo de luxo para um ataque carente de malvadeza, um dos apelidos dele citados pelo próprio comandante verde-amarelo na véspera da partida, na Granja Comary, em Teresópolis.

Escalado aberto na esquerda, ao lado do falso nove Neymar e do ponta-direita Antony no início do jogo de ontem, Vinicius Junior deu sinais a Tite de que, se Neymar bugar na Copa, ele pode assumir o papel de "malvado favorito" na campanha pelo hexacampeonato. O único gol com bola rolando foi do menino. Solidário, Antony, outro jogador nascido nos anos 2000 no trio de frente, foi solidário. Aproveitou a péssima saída de bola do goleiro Bravo e serviu Vini na esquerda. Quem uma dia o depreciou por não saber finalizar ou o chamou de "Neguebinha", assistiu a um belo chute cruzado de perna canhota no canto esquerdo do Chile, aos 45 minutos da etapa inicial. Antes, Neymar abrira o placar em uma cobrança de pênalti. Philippe Coutinho ampliou no segundo tempo, em outra batida perfeita da marca da cal. De volta à Seleção, Richarlison também deixou o dele e consolidou a goleada diante do frágil e envelhecido Chile bicampeão da Copa América na década passada.

Para tristeza da molecada fã de Vinicius Junior e Neymar, eles não estarão em campo na altitude de La Paz contra a Bolívia, na terça-feira. Ambos estão suspensos por excesso de cartões amarelos. Apesar dos desfalques, Ousadia e Malvadeza deixaram Tite um pouquinho contente.

O treinador anunciou que deixará a Seleção depois da Copa. Apuração do repórter Eric Faria, da tevê Globo, indica que ele assumirá o inglês Arsenal. Portanto, a partida de ontem foi a última como técnico no estádio definido por ele como um dos templos do futebol, ao lado de Wembley, em Londres. O treinador sairá com seis anos e meio de trabalho. Nesse período, atuou três vezes no Maracanã: no título da Copa América de 2019 contra o Peru, no vice de 2020 diante da Argentina e no triunfo de ontem.

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