ELIMINATÓRIAS

Quando vestir a camisa da seleção vira divã para os astros do futebol

Em crise na relação com seus clubes, Neymar, Bale, Messi e Cristiano Ronaldo usam aconchego nos times nacionais como terapia e escudo contra a temporada de dificuldades no Paris Saint-Germain, Real Madrid e Manchester United

Marcos Paulo Lima
postado em 29/03/2022 11:56
 (crédito: Valdo Virgo)
(crédito: Valdo Virgo)

Trocar camisa de clube pela de seleção virou uma espécie de terapia para craques de altíssimo nível nos últimos capítulos das Eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar. Desgastados na relação com seus times e torcedores em trupes de ponta da Inglaterra, França e Espanha, Cristiano Ronaldo, Lionel Messi, Neymar e Gareth Bale procuram refúgio e carinho vestindo uniformes de Portugal, Argentina, Brasil e País de Gales.

O Paris Saint-Germain investiu 222 milhões de euros na contratação de Neymar. O jogador mais caro da história do futebol amarga a pior temporada na carreira. Recuperado de lesão recentemente, Neymar acumula cinco gols e cinco assistências na temporada pelo time francês. Pela Seleção, tem três bolas na rede e quatro passes decisivos.

Neymar está a seis gols de igualar os 77 de Pelé e se tornar o maior artilheiro da história da Seleção. O atual camisa 10 do Brasil não parece tão obcecado pela marca. Punido por excesso de cartões amarelos, o atacante cumprirá suspensão na partida desta terça-feira (29/3). O time de Tite enfrentará a Bolívia, às 20h30, no Estádio Hernando Siles, em La Paz. O astro escapou de correr na altitude de 3.600m. Vinicius Junior é outro desfalque relevante.

Antes de se apresentar na Granja Comary, Neymar recebeu graves acusações do jornalista francês Daniel Riolo, do portal francês RMC Sport. "Neymar quase não treina, chega em um estado lamentável, no limite de estar bêbado. Neymar está em um espírito de revanche com o PSG, há uma ruptura total entre o clube e o vestiário", apontou o profissional.

Na última quinta-feira, Neymar fez gol de pênalti na goleada por 4 x 0 contra o Chile, protagonizou o corta-luz para Vinicius Junior e foi generoso ao ceder a bola a Philippe Coutinho no tiro da marca da cal do terceiro gol. Depois do jogo, foi para os braços do povo na arquibancada do Maracanã. Vaiado nas últimas exibições pelo PSG, ele teve o nome gritado por quase 60 mil torcedores no triunfo da semana passada. "O Maracanã lotado me inspira, me dá vontade de fazer tudo. Acho que o clima que a torcida colocou foi fundamental", afirmou na despedida da Seleção do país antes da Copa do Catar.

Recém-contratado pelo PSG, Lionel Messi vive tempos difíceis no clube francês. Embora jogue ao lado de Neymar e Mbappé, o jogador eleito seis vezes melhor do mundo está aquém do desempenho brilhante dos tempos de Barcelona. A eliminação precoce diante do Real Madrid nas oitavas de final da Champions League também rendeu apupos da torcida depois da queda no torneio continental. Pelo time francês, são sete gols e 10 assistências. O astro se transforma com o uniforme alviceleste. Tem 12 bolas na rede e 10 passes representando os bicampeões mundiais na temporada 2021/2022. O craque foi aplaudido no Estádio La Bombonera depois do triunfo por 3 x 0 contra a Venezuela, em Buenos Aires.

O desembarque de Cristiano Ronaldo, em Portugal, para a repescagem, foi precedido de rumores de crise no Manchester United e até saída do clube depois de ele ficar fora do clássico contra o City. O gajo respondeu os críticos com um hat-trick na exibição seguinte.

Ídolo do United, Roy Keane disse que a ausência de Cristiano Ronaldo no clássico "não fazia sentido". Em uma postagem nas redes sociais, Katia Aveiro, irmã do craque eleito cinco vezes melhor do mundo, desabafou: "Bom dia para você que, como eu, está triste e irritado porque (Ralf) Rangnick decidiu arruinar nosso domingo tirando CR7 do clássico contra o Manchester City simplesmente por questões táticas, para se defender mais no jogo", dizia a postagem. "Tenho que acreditar no departamento médico", rebateu o técnico.

Cristiano Ronaldo é o antídoto de Portugal contra a Macedônia do Norte, hoje, às 15h45. A ex-república iugoslava eliminou a Itália na repescagem. A vitória por 1 x 0 deixou os atuais campeões da Euro fora da Copa pela segunda edição consecutiva e credenciou o país 67º colocado no ranking da Fifa a enfrentar os lusitanos no Estádio do Dragão, no Porto.

A situação de Gareth Bale é mais gritante. A relação com o Real Madrid passou dos limites. Ausente no superclássico contra o Barcelona por causa de uma lesão, o craque se apresentou ao País de Gales para as Eliminatórias e fez os dois gols da vitória contra a Áustria. Chamado de parasita pelo diário Marca devido ao custo-benefício recente dele para o Real Madrid, Bale desabafou: "Eu não preciso mandar mensagem, honestamente. É uma perda de tempo, é simplesmente nojento. Deviam ter vergonha de si mesmos".

Neymar e Lionel Messi estão classificados para a Copa do Catar. Brasil e Argentina cumprirão tabela, hoje, na última rodada. Cristiano Ronaldo e Gareth Bale seguem sob pressão. Portugal precisa vencer a Macedônia para confirmar presença no torneio. Bale terá de aguardar o vencedor do duelo entre Ucrânia e Escócia para conhecer o próximo rival.

Penúltima chamada

Das 32 vagas para a Copa, 20 têm dono. Outros nove classificados serão definidos nas partidas desta terça (29/3) e quarta-feira (30/3). Na Europa, duas delas serão de Portugal ou Macedônia do Norte ou de Polônia e Suécia. Este opõe o atual número 1 do mundo no Fifa The Best, Robert Lewandowski, e Zlatan Ibrahimovic. Um dos dois não irá ao Catar.

A África definirá suas cinco seleções. Destaque para o duelo entre os colegas de Liverpool Mohamed Salah (Egito) e Sadio Mané (Senegal). A disputa na América do Sul é pelo quinto lugar. Peru, Colômbia e Chile cobiçam acesso à repescagem internacional. Na Concacaf, o Canadá é o único garantido no sorteio dos grupos desta sexta-feira. Estados Unidos e México devem ser os donos das outras duas vagas diretas.

A definição dos grupos terá três seleções em aberto. Uma vaga sairá do confronto entre uma seleção da Ásia e uma da Conmebol. Outra, do duelo entre um representante da Concacaf e um da Oceania. Falta, ainda, um bilhete europeu. Devido à guerra no Leste Europeu, o País de Gales aguarda o vencedor entre Ucrânia e Escócia.

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