SELEÇÃO BRASILEIRA

20 anos do penta: saiba como foi palestra de Felipão antes da final

Artilheiro da Copa de 2002 com 8 gols, Ronaldo marcou, em uma só edição, mais do que a soma de três sucessores da camisa 9: Luis Fabiano, Fred e Gabriel Jesus

Marcos Paulo Lima
postado em 30/06/2022 00:01 / atualizado em 30/06/2022 15:06
 (crédito: kleber sales)
(crédito: kleber sales)

Há 20 anos, em 30 de junho de 2002, Luiz Felipe Scolari fazia a palestra mais importante da carreira de técnico de futebol. Foram duas horas de confecção e ensaio do discurso em frente ao computador. O Correio teve acesso a um trecho da apresentação gravada e muito bem guardada por uma fonte presente na preleção.

Felipão iniciou o bate-papo com um desafio a Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho, Cafu, Roberto Carlos e companhia: "Para jogar hoje, contra a Alemanha, a decisão do Mundial, nós temos que ter a alegria de jogar futebol".

Em seguida, usou o adversário como parâmetro de excelência. "Se vocês são organizados, taticamente definidos, e com uma ou outra alternativa durante o jogo para mudanças de esquema, a Alemanha tem, e eles têm muito, muito. Isso é o que eles mais têm. Se vocês têm, aqui, uma união, uma equipe, uma busca de objetivos, a Alemanha também".

O técnico tratou de baixar a bola dos astros. "Se vocês imaginarem que a Alemanha vai jogar contra vocês para apenas vocês participarem do espetáculo, estão enganados: eles querem ser o espetáculo. Eles são determinados, objetivos e já fizeram até, infelizmente, coisas difíceis de imaginar no mundo", acrescentou, sem entrar em detalhes.

A Família Scolari sabia que era mais forte do que aquela Alemanha desfalcada de Ballack, mas o patriarca Felipão foi mais direto. "Em todos os campeonatos mundiais que disputam, eles vão 'vida ou morte'. Mas se nós igualarmos esse espírito deles, gente (pausa), e que eu quero que vocês façam é: igualem", cobrou o comandante do penta.

Antes de falar em tática, Felipão citou quatro seleções. "O restante quero deixar por conta de vocês. E o que é isso? É a alegria de jogar bola. De voltar a ser uma daquelas equipes: de 1982, de 1970, de 1958, de 1962. Eles faziam gols, jogavam bonito. Tudo aquilo que se necessitava, naquela época, e que, hoje, se precisa, até mais, com mais vontade", advertiu.

Na conclusão, Felipão recorreu a um trecho do poeta alemão Christian Morgenstern. "Se não quiseres conquistar de novo o mundo a cada dia, hás de perdê-lo cada dia mais." Em outra tela, provocou o grupo: "O tatu tá gordo? A unha é que sabe! Esta é a resposta das pessoas bem sucedidas aos que acham que tudo que elas têm caiu do céu. Se o tatu está gordinho e cevado, foi às custas do trabalho duro com as unhas".

Artilheiro da Copa de 2002 com oito gols, Ronaldo fez dois na final e virou um marca da crise da camisa 9 da Seleção. Depois da Era Fenômeno, encerrada no Mundial de 2006, o Brasil teve três camisas 9 em Copas. Luis Fabiano fez três gols em 2010. Fred, um em 2014. Gabriel Jesus nada em 2018. A soma dos três é metade do que Ronaldo fez sozinho na campanha da quinta estrela.

O Distrito Federal teve dois jogadores no elenco. O zagueiro Lúcio e o caçula Kaká. O então presidente da Federação de Futebol do DF, Weber Magalhães, era o chefe da delegação recebida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso no Palácio do Planalto.

 


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