Os meio-campistas com toque de maestro e cultura de camisa 10 na formação tática estão voltando à moda no futebol brasileiro. Pelo menos é o que indicam espécies em extinção de jogadores que alegram suas torcidas com uma forma efetiva de marcar gols e distribuir assistências. Três deles impactam diretamente a performance de seus times no Brasileirão. Um quarto nome também deveria, mas caiu de rendimento em relação ao ano passado. O Correio Braziliense apresenta números dos regentes de Flamengo, Palmeiras e Fluminense. Arrascaeta, Gustavo Scarpa e Paulo Henrique Ganso se destacam cada um ao seu estilo no Brasileirão. A massa espera que, em breve, Nacho Fernández volte a ser o que foi em 2021 com a camisa do Galo.
Arrascaeta: tê-lo faz toda diferença
Indiscutível ídolo da torcida do Flamengo, o camisa 14 rubro-negro tem 11 gols e 17 assistências em 40 jogos na temporada 2022. A dependência do uruguaio é evidente nos jogos em que ele esteve ausente no Campeonato Brasileiro. O time venceu apenas uma de cinco partidas sem o gringo. Virtualmente, o clube da Gávea seria líder da Série A com os pontos perdidos (12), que são maiores do que a atual distância para o ponteiro isolado Palmeiras (9).
Neste Brasileiro, é fato que Arrascaeta não vive a fase mais goleadora, mas segue deixando seus companheiros na cara do gol. A posição privilegiada atrás dos atacantes e sem queda de rendimento quando joga pelos lados dá condições para que o meia brinde o time com passes importantes. Praticamente metade das assistências de Arrascaeta, ou seja, 47% delas, foram em jogos do Brasileirão. Quatro delas fundamentais para que o clube tivesse mais seis pontos na caça ao líder pelo título nacional.
Scarpa: qualidade brasileira a caminho da Europa
O dono do meio de campo do Palmeiras, hoje, chama-se Gustavo Scarpa. O camisa 14 do alviverde tem dado conta do recado ao carregar o piano desde a baixa de Raphael Veiga por covid-19. Sem perder o alto nível, o comandado de Abel Ferreira acumula nove gols e nove assistências em 44 jogos neste ano.
A regularidade também faz parte da nova fase do meia: outrora em baixa com o treinador e a torcida, Scarpa foi improvisado no papel de lateral-esquerdo e atualmente orquestra o mesmo lado, mas na função de armador. Tirando os dois clássicos contra o Corinthians, Scarpa esteve em campo em todos os demais jogos do time, obtendo 12 triunfos em 20 jogos. Sem dúvida, fará falta à torcida do Palestra a partir de 2023, quando se apresentar ao Nottingham Forest, da Inglaterra.
Ganso: peça intocável de Diniz
Quem se lembra do passado de Ganso e de seu atual técnico, Fernando Diniz, nem imagina que um levantaria o outro ao se encontrarem no Fluminense. Passado o insucesso tricolor na Libertadores e na Sul-Americana), as campanhas nacionais encontraram êxito em seu treinador e no armador, com o momentâneo quarto lugar no Campeonato Brasileiro e participação nas quartas de final da Copa do Brasil.
No Brasileirão, então, um nome em especial merece menção na campanha tricolor: o centroavante argentino Germán Cano tem 14 gols e lidera a artilharia da competição. Porém, o encontro entre Ganso, Cano e o gol só aconteceu na vitória tricolor frente ao Cuiabá, no Maracanã. Fernando Diniz faz com que seu camisa 10 atue a partir do começo das jogadas, sendo, às vezes, uma espécie de segundo volante. A formação deu certo e o time das Laranjeiras faz grande temporada também por causa de seu armador: são cinco gols e sete assistências em 40 jogos na temporada.
Nacho: o contraponto no Galo
Se por um lado Nacho Fernández foi destaque do Atlético-MG nos títulos do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil na temporada passada, para este ano não se pode dizer o mesmo do argentino. Ainda que já tenha igualado as cinco assistências no Brasileirão passado, nem a performance nem o aproveitamento atleticanos são o mesmo em relação a 2021.
A inconsistência do time todo, em si, fez com que Nacho fosse reserva por momentos, mesmo no time montado pelo compatriota Antonio Mohamed — demitido para a contratação de Cuca. Neste campeonato nacional, a queda bruta na performance foi de 26% em relação à última edição: um em cada quatro pontos a menos do que na campanha do bicampeonato. Ainda que com sete gols e 10 assistências em 41 jogos neste ano, Nacho já não é unanimidade nem mesmo entre os atleticanos.
Os “camisas 10” no Brasileirão 2022:
Giorgian de Arrascaeta (17 jogos)
Gols — 2
Assistências — 8
Flamengo com ele: 11V / 3E / 2D (75% de aproveitamento)
Flamengo sem ele: 1V / 4D (20% de aproveitamento)
Gustavo Scarpa (20 jogos)Gols — 4
Assistências — 6
Palmeiras com ele: 12V / 6E / 2D (70% de aproveitamento)
Palmeiras sem ele: 2V (100% de aproveitamento)
Paulo Henrique Ganso (19 jogos)
Gols — 3
Assistências — 3
Fluminense com ele: 10V / 4E / 5D (59% de aproveitamento)
Fluminense sem ele: 1V / 1E / 1D (44% de aproveitamento)
Nacho Fernández
Gols — 3
Assistências — 5
Atlético-MG com ele: 7V / 7E / 5D (49% de aproveitamento)
Atlético-MG sem ele: 2V / 1E (77% de aproveitamento)
*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima
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