FÓRMUAL 1

Sergio Pérez vence o GP de Singapura e retarda título de Verstappen

Sob fortes chuvas e com seis abandonos na prova, o mexicano subiu pela primeira vez ao pódio em Marina Bay. Verstappen terminou em sétimo e decidirá o campeonato no Japão

Paulo Martins*
postado em 02/10/2022 16:59
Crucial para a vitória, Sergio Perez saltou na ponta da corrida na primeira curva por ter a prioridade por dentro, uma vez que o ferrarista Charles Leclerc saiu mais rapidamente de seu lugar -  (crédito:  AFP)
Crucial para a vitória, Sergio Perez saltou na ponta da corrida na primeira curva por ter a prioridade por dentro, uma vez que o ferrarista Charles Leclerc saiu mais rapidamente de seu lugar - (crédito: AFP)

O Grande Prêmio de Singapura de Fórmula 1 poderia ter decidido o campeonato de forma antecipada com o título de Max Verstappen. Porém, faltou o holandês combinar com Sergio Pérez neste domingo (2/10). O mexicano teve uma excelente atuação em Marina Bay, ficou com o primeiro lugar e adiou o título antecipado de Verstappen. O triunfo deixa possível definição para o GP do Japão, no próximo domingo (9/10).

A corrida começou com uma hora de atraso devido às fortes chuvas. Antes das 20h (horário local), a precipitação deu trégua e os comissários de prova fizeram de tudo para deixarem o traçado em condições para disputa. 

A umidade na pista obrigou a largada com pneus intermediários. Sergio Pérez tomou a ponta na saída, jogando spray de água para os pilotos atrás. O mexicano foi pressionado pelas Ferraris de Charles Leclerc e de Carlos Sainz. O espanhol chegou a deixar Lewis Hamilton para trás e assumir a terceira colocação. O líder do campeonato, Max Verstappen, largou mal, na nona colocação, fechando a primeira de 61 voltas em 12º.

O borrifo da chuva persistente acumulada no solo indicava que a umidade não parecia cessar no traçado. A perseguição na liderança seguia, com diferença abaixo de dois segundos, mas sem nenhum carro passar abaixo da casa de dois minutos. Com poucas ultrapassagens, a primeira parte da prova teve destaque nas remontadas de Verstappen e de George Russell.

Na sétima volta, Nicholas Latifi jogou o carro contra Guanyu Zhou, que teve o pneu furado e a suspensão danificada. O chinês, inclusive, foi o primeiro a abandonar a prova, seguido pelo canadense, após recolher o carro aos boxes. O safety car foi chamado à pista. No final do décimo giro, a equipe de segurança deixou o asfalto e para a retomada da prova.  Verstappen ganhou duas posições logo depois da bandeira verde ao ultrapassar Sebastian Vettel e Pierre Gasly.

Na briga pela ponta, Leclerc perseguia Pérez com um segundo de diferença, na casa de 1:59 – a primeira volta abaixo de dois minutos na corrida. O mexicano seguia em ritmo impecável, sem permitir a aproximação do ferrarista. A partir do 16º giro, a pista ficou em melhores condições, permitindo outras escolhas para os pilotos aproveitarem os pneus. 

Sabendo gerenciar os pneus, Sergio Pérez marcou 1:58.9 na 19ª volta, a sua melhor na corrida até então. Em seguida, melhorou o tempo em dois décimos e meio, o segundo mais rápido no giro 21. O impasse, com um terço de prova disputado, seria em quem pararia primeiro para colocar compostos de pista seca.

As movimentações nos boxes naturalmente começaram após o abandono de Fernando Alonso, que protegia o sexto lugar contra Max Verstappen em sua corrida 350 na carreira, até o apagar de seu motor, abandonando a prova na 22ª volta. Com um safety car virtual, George Russell, na 14ª posição, voltou à pista com pneus médios, da gama mais macia (ou seja, mais rápida, porém de maior desgaste), escolhida para este grande prêmio.

A situação não evoluiu para interferência do carro de segurança, com todo grid, à exceção do mercedista Russell, ainda com pneus intermediários. No 26º giro, Alexander Albon tocou o muro no setor dois da pista e deixou por lá o bico dianteiro de seu carro, alertando bandeiras amarelas ao pelotão inteiro. O tailandês foi aos boxes para repor a peça, aderir aos compostos médios, mas sua equipe preferiu pela desistência à corrida.

Duas voltas depois, Esteban Ocon foi a segunda Alpine a perder o motor, a bater no muro e abandonar a prova. Mais um safety car virtual foi convocado. A corrida chegava à metade, os pneus intermediários se mostravam mais eficazes nesta circunstância (para a falta de sorte de George Russell) e não houve janela de pitstops nos 30 giros iniciais, quando voltou a tremular a bandeira verde.

No sexto lugar, Max Verstappen sofria com as poucas condições para ultrapassar Lando Norris, da McLaren, que fez boa defesa. Enquanto isso, os ponteiros melhoravam cada vez mais sua performance com compostos supostamente mais velhos: Sergio Perez abriu três segundos de vantagem sobre Charles Leclerc, que anotou 1:56.259 na 32ª volta, a mais rápida da corrida.

No giro seguinte, Lewis Hamilton foi ao muro em luta contra Carlos Sainz e se meteu entre Lando Norris e Max Verstappen. A Ferrari, sem grandes ameaças, teria mais liberdade para trabalhar a partir desse momento. Alguns pilotos do meio do grid (Pierre Gasly, Yuki Tsunoda e Valtteri Bottas) pararam para pneus de pista seca, isso antes do vice-líder da prova, Leclerc, parar para compostos médios.

Na volta 35, para não evitar reação da equipe italiana, a Red Bull chamou seus dois pilotos para os boxes. Em seguida, com pouca aderência, Tsunoda bateu em trecho perigoso, abandonou a corrida e fez com que o safety car fosse chamado à pista. Quem se favoreceu foi a McLaren, que não havia parado na corrida e retomou em boas posições: quarto lugar para Lando Norris e sexto para Daniel Ricciardo.

Com tantas intervenções, a corrida foi determinada para ser finalizada pelo tempo. Às 11h30 de Brasília, uma contagem regressiva de 40 minutos foi disparada. O carro de segurança deixou a pista faltando 35 minutos para o fim. Verstappen atacou fortemente Lando Norris na reta oposta do segundo setor, travou forte no ponto de freada, saiu da pista e voltou para a oitava posição. Com um jogo de pneus médios prejudicado, o holandês foi novamente aos boxes para utilizar pneus macios.

Nesta circunstância, se via praticamente impossível ganhar o título mundial neste domingo. No segundo e no terceiro lugares no campeonato, os líderes da prova duelavam pela vitória. Charles Leclerc se aproximou abaixo de meio segundo de Sergio Pérez a pouco menos de meia hora para o fim. Em seguida, a asa móvel (DRS) foi liberada para uso abaixo de um segundo para facilitar ultrapassagens.

A briga pelo campeonato se acendeu ao restarem 20 minutos de prova, com Leclerc no encalço de Pérez. Verstappen vinha renovando voltas rápidas com pista limpa, na 12ª posição, ultrapassou Kevin Magnussen e ia à caça de Valtteri Bottas para entrar na zona de pontuação, fazendo-o com 12 minutos no relógio. O andamento seguia com pouca movimentação e destaque para as interessantes performances de McLaren e Aston Martin, ocupando desde a quarta até a sétima posições.

Com 10 minutos para o fim, Sergio Perez foi informado por sua equipe que poderia receber uma punição por infringir um procedimento do safety car e tratou de baixar para a casa de 1:48.578 a volta mais rápida da corrida, ampliando a liderança sobre Charles Leclerc em três segundos. Preocupado com uma eventual penalidade, o mexicano conseguiu abrir quatro segundos de vantagem faltando três minutos para o término da corrida.

Ainda no minuto final, Hamilton tentou atacar Vettel, pegou um trecho úmido, passou reto e perdeu o oitavo lugar para Verstappen. No choque entre o holandês e o alemão, o atual campeão do mundo levou a melhor nos metros finais e diminuiu o prejuízo para Leclerc, com a diferença na tabela caindo 12 pontos, com larga vantagem do piloto da Red Bull: 341 contra 237.

Sergio Pérez abriu a volta derradeira a mais de seis segundos do ferrarista Leclerc para vencer de forma incontestável e obter sua segunda vitória nesta temporada, depois do GP de Mônaco. Ou seja, venceu a maioria das provas em circuito de rua no calendário atual, não tendo triunfado apenas no Azerbaijão. O mexicano segue em terceiro no mundial, com 236 pontos.


Confira o resultado final:

1 - Sergio Pérez (Red Bull)
2 - Charles Leclerc (Ferrari) +7.595
3 - Carlos Sainz (Ferrari) +15.305
4 - Lando Norris (McLaren) +26.133
5 - Daniel Ricciardo (McLaren) +58.282
6 - Lance Stroll (Aston Martin) +1:01.330
7 - Max Verstappen (Red Bull) +1:03.285
8 - Sebastian Vettel (Aston Martin) +1:05.032
9 - Lewis Hamilton (Mercedes) +1:06.515
10 - Pierre Gasly (Alpha Tauri) +1:14.576
11 - Valtteri Bottas (Alfa Romeo) +1:33.844
12 - Kevin Magnussen (Haas) +1:37.610
13 - Mick Schumacher (Haas) + 1 volta
14 - George Russell (Mercedes) + 2 voltas


(Guanyu Zhou, Nicholas Latifi, Fernando Alonso, Alexander Albon, Esteban Ocon e Yuki Tsunoda não completaram a prova)


*Estagiário sob supervisão de Danilo Queiroz

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