Doha — Dono da camisa 9 da Seleção Brasileira na Copa do Mundo do Catar, Richarlison terá, a partir de quinta-feira (24/11), às 16h, contra a Sérvia, no Estádio Lusail, a missão de honrar uma tradição antiga: a valorização de centroavantes titulares egressos de seleções olímpicas.
Prata em Seul-1988, Romário levou o Brasil ao tetra em 1994. Bronze em Atlanta-1996, Ronaldo brindou o país com o penta em 2002 ao marcar duas vezes na decisão contra a Alemanha. Leandro Damião ficou pelo caminho depois do segundo lugar em Londres-2012, mas Gabriel Jesus, ouro no Rio-2016, foi o homem de confiança de Tite na Rússia, em 2018. Referência dourada do ataque no bi em Tóquio-2020, disputado no ano passado devido à pandemia, Richarlison é o cara da vez.
Capixaba de Nova Venécia, o centroavante mais cotado para entrar em campo na estreia tentou disfarçar o nervosismo assumindo o papel de escudeiro na mais recente polêmica de Neymar com a Alemanha, tratou de outras amenidades na entrevista concedida, na segunda-feira (21/11), no Estádio Hamad, o Centro de treinamento do Brasil em Doha, mas sabe o peso da responsabilidade. Afinal, as decepções no setor acumulam desde a aposentadoria do Fenômeno. Luis Fabiano (2010), Fred (2014) e Gabriel Jesus não conquistaram o coração dos torcedores apaixonados por gol.
Richarlison não virou xodó de Tite por acaso. É o vice-artilheiro do técnico neste ciclo, com 17 gols. Só perde por uma bola na rede para o parça Neymar. “Quando você veste a camisa 9, a primeira coisa que vem na cabeça é fazer gols. Tenho bastante com a Seleção. Os gols vão sair naturalmente com os companheiros que tenho aqui”, disse o Pombo na entrevista coletiva.
Titular em 2018 sem balançar a rede em cinco jogos, Gabriel Jesus assume nesta edição o papel de sombra de Richarlison. “A gente viu o esforço do Gabriel Jesus, o papel importante que ele fez na equipe, mas a cobrança vem porque ele é o 9, e o 9 tem que marcar gols”, admite.
Enquanto Lionel Messi tranquilizava a torcida da Argentina no Centro de Imprensa, em Doha, a poucos quilômetros dali, Richarlison também acalmava o coração dos fãs. Recuperado de uma recente lesão, o centroavante do Tottenham avisou: “Não estou 100%, estou 200%. Temos tudo para fazer um início de Copa muito bem”, confia o atacante.
Segundo Richarlison, o tempo de recuperação não é empecilho para uma boa exibição diante da Sérvia. “Eu tive 10 dias de recuperação. Voltei lá no Tottenham, fiz um jogo como titular e passei por um susto grande, praticamente há um mês. Agora, é o momento de ser feliz, se divertir, e eu estou aqui para isso, ajudar meus companheiros e fazer o meu melhor para a Seleção sair mais vitoriosa de todos os jogos”, promete.
Escudeiro
Referência do provavelmente meia Neymar na estreia, Richarlison blindou o companheiro na mais recente polêmica. O jogador do PSG publicou, na conta particular na rede social, uma sexta estrela na bermuda. O astro da única seleção pentacampeã incomodou os únicos tetracampeões classificados para a Copa. O jornal Bild chamou Neymar de “arrogante”.
“Arrogantes são eles”, contra-atacou Richarlison. “Somos apenas sonhadores. Estamos sonhando com essa sexta estrela e vamos buscá-la, querendo ou não. Esse cara aí é um babaca por chamar o Neymar de egoísta. Não o conheço nem quero saber dele”, desconversou.
Memória: espírito olímpico
» 1988 – Romário
Titular na campanha de prata em Seul, leva o Brasil ao tetra na Copa do Mundo em 1994.
» 1996 – Ronaldo
Protagonista da campanha de bronze em Atlanta-1996, leva o Brasil a duas finais de Copa e ganha uma com dois gols na decisão.
» 2016 – Gabriel Jesus
Brilha na conquista da inédita medalha de ouro no Rio, mas frustra a torcida na Copa de 2018. Disputa cinco jogos e não balança a rede.
» 2020 – Richarlison
Matador do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, é a bola da vez para vestir a camisa 9.
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