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Copa do Mundo: conheça Vini Jr. e Martinelli, atacantes do Brasil no Catar

Titular na estreia da Seleção Brasileira, amanhã, contra a Sérvia, Vinicius Junior tem mais uma oportunidade de rebater os críticos e assumir o protagonismo no ataque

Victor Parrini
postado em 23/11/2022 05:00
 (crédito: Kleber Sales/CB Arte)
(crédito: Kleber Sales/CB Arte)

Um moleque autêntico, batalhador e, acima de tudo, alegre receberá, amanhã, a chance de brilhar no maior palco deste grande espetáculo do esporte chamado Copa do Mundo. De humilhado no passado e vítima recente de racismo por conta do seu futebol arte, Vinicius Junior chegou ao Catar sob holofotes e status de presente e futuro da Seleção Brasileira.

Não é nenhum exagero afirmar que a história da Amarelinha, hoje e nos próximos ciclos, estará diretamente ligada a Vinicius Junior. Dos 26 convocados para a caça ao hexacampeonato no Catar, 16 são estreantes, assim como o camisa 20. Em um cenário no qual referências como Neymar já cogitam deixar a Seleção e até mesmo o futebol, os novatos são preparados para darem sequência ao legado verde-amarelo.

Qualidade e personalidade para assumir o protagonismo, Vini Jr. tem de sobra. Não é de hoje que o carioca de São Gonçalo arranca elogios e suspiros dos admiradores de um futebol ofensivo como o dele. Desde as categorias de base do Flamengo, o xodó do técnico Tite se mostrava abusado e nada intimidade pelos adversários e críticas externas. Em cinco anos, deixou de lado o apelido pejorativo "Neguebinha" para ser a venda mais cara da história do Flamengo (R$ 164 milhões à época) e ter a Espanha e a Europa em suas mãos com o Real Madrid.

Vini, vidi vici. O mais promissor jogador da safra brasileira não se contenta no simples ato de ganhar títulos. Para ele, é preciso participar e fazer a diferença. Foi assim na final da Liga dos Campeões contra o Liverpool, em maio. O empate por 0 x 0 na decisão tensa prevalecia até os 15 minutos da etapa final, quando brilhou a estrela de Vinicius Junior com o gol que garantiu o 14º troféu continental à companhia merengue. De quebra, o brasileiro ainda se tornou o quinto jogador mais jovem a balançar as redes na final mais importante do torneio interclubes do planeta bola.

"Eu batalhei bastante, sai cedo de São Gonçalo para jogar no Flamengo e depois fui vendido. Vivi momentos especiais com jogador. Agradeço ao Casemiro, ao Marcelo, que me ajudaram quando cheguei aqui com 18 anos. Eles estão ganhando a quinta e me passaram a experiência de como é vencer", ressaltou após o título mais importante da carreira até aqui.

A dobradinha com Casemiro, inclusive, será repetida na Copa do Mundo. O volante trocou o Real Madrid pelo Manchester United em agosto, mas ainda segue como um dos homens de confiança de Tite na campanha rumo ao hexa no Catar.

O grande baile

Vinicius Junior jamais escondeu que a ousadia com a bola é a principal virtude. Os dribles em velocidade e em espaços curtos do campo o fazem ser desejado pelos grandes clubes de todo o mundo. As características que o consagraram, porém, não são bem recepcionadas por um pequeno grupo. Em 15 de setembro, o brasileiro foi vítima de declarações racistas do empresário espanhol Pedro Bravo, durante debate esportivo na TV.

"Você tem que respeitar o rival. Se quer dançar, que vá ao sambódromo no Brasil. Aqui, o que você tem que fazer é respeitar os companheiros de profissão e deixar de fazer macaquice", disse Bravo. Comentário infeliz, pois a macaquice consagrou Vinicius Junior no futebol. Afinal, não são todos os jogadores, nem mesmo os profissionais, com os dons dos dribles e improvisos.

Após o episódio, personalidades do futebol, como Neymar e Pelé, e torcedores criaram a hashtag #BailaViniJr em apoio ao jovem craque. "O futebol é alegria. É uma dança. É uma verdadeira festa. Apesar de que o racismo ainda exista, não permitiremos que isso nos impeça de continuar sorrindo. E nós continuaremos combatendo o racismo desta forma: lutando pelo nosso direito de sermos felizes", disse o Rei do Futebol.

E ser feliz é tudo o que Vinicius Junior mais quer. "Dizem que felicidade incomoda. E a de um preto, brasileiro e vitorioso na Europa incomoda muito mais, mas a minha vontade de vencer, o meu sorriso e o meu brilho nos olhos são muito maiores", discursou o atacante.

A partir de amanhã, Vinicius Júnior terá a oportunidade de bailar no maior palco da carreira breve, mas de grandes sucessos. Para ele, chegar a uma Copa do Mundo é realização de um sonho de infância. Além da presença entre os 26 escolhidos por Tite, o ex-Flamengo pode comemorar a titularidade na estreia contra a Sérvia. No penúltimo treino antes da partida, o técnico Tite escalou Vini na ponta-esquerda para completar o trio de ataque com Richarlison e Raphinha.

Antes da confirmação da titularidade no debute no Mundial do Catar, Vini Jr. revelou a preocupação com a excessiva marcação adversária. O estilo de jogo ousado o transforma em alvo "fácil". "Quando você começa a se tornar um jogador importante, os rivais entram mais duro em você. É preciso aprender a lidar com isso", reconheceu em entrevista à Reuters. Se não pode correr deles, tire-os para dançar, Vinicius Junior.

A mais grata das surpresas

A maior surpresa da lista dos 26 convocados do técnico Tite tem nome e sobrenome: Gabriel Martinelli. Aos 21 anos, o atacante vive um dos momentos mais iluminados da carreira meteórica. É uma das peças-chave do Arsenal líder do Campeonato Inglês e a principal aposta da Seleção Brasileira rumo ao hexa em terras árabes. No entanto, a ascensão no futebol europeu e a possibilidade de disputar uma Copa do Mundo não fazia parte dos planos do paulista de Guarulhos. Pelo menos, não de forma tão repentina.

Há três anos, Martinelli dava os primeiros passos rumo à carreira profissional, na Copa São Paulo de Futebol Júnior. Foi um dos destaques da campanha da equipe do interior paulista e não demorou a despertar o interesse de grandes times do país e também do exterior. O Arsenal foi quem transformou o desejo em realidade. A diretoria do clube inglês esperou o jovem completar 18 anos para concretizar a negociação de cerca de R$ 30 milhões por 100% dos direitos do atleta.

Da Copinha direto para o Mundial. Martinelli não esconde a felicidade de estar pela primeira vez na maior competição do futebol mundial. "Copa é diferente, mexe com você. É um sonho para mim, para toda a minha família. É uma honra estar representando essa camisa da Seleção Brasileira", disse na zona mista após o treino da equipe.

Conheça os atacantes

Vini Jr.
Nome: Vinicius José Paixão de Oliveira Junior
Nascimento: 12/7/2000
Local: São Gonçalo (RJ)
Posição: atacante
Número da camisa: 20
Estreia na Seleção: 11/9/2019 - Peru 1 x 0 Brasil - Amistoso
Minutos em campo: 678
Convocações: 29
Jogo: 16
Primeiro gol: 25/3/2022 - Brasil 4 x 0 Chile - Eliminatórias
Participações em Copas: estreante
Principais títulos: Liga dos Campeões (2022), Campeonato Espanhol (2020 e 2022) e Mundial de Clubes da Fifa (2019)

 

figurinha
figurinha (foto: kleber)

Nome: Gabriel Teodoro Martinelli Silva
Nascimento: 18/6/2001
Local: Guarulhos (SP)
Posição: atacante
Número da camisa: 26
Clube: Arsenal (ING)
Estreia na Seleção: 25/3/2022 - Brasil 4 x 0 Chile - Eliminatórias
Minutos em campo: 45
Convocações: 3
Jogos: 3
Primeiro gol: não marcou
Participações em Copas: estreante
Principais títulos: ouro nos Jogos Olímpicos (2020), Taça da Inglaterra (2020) e Supertaça da Inglaterra (2021)

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