COPA DO MUNDO

Técnico Tite pede menos pressão: 'Não cobrem 20 anos, são só quatro'

Técnico diz que adaptou Brasil ao talento e velocidade de Raphinha, Vinicius Junior, Neymar e Richarlison, confia no meio de campo para dar suporte ao quarteto e defende irreverência

Doha — Primeiro técnico a comandar a Seleção em duas Copas do Mundo consecutivas desde Telê Santana nas edições de 1982 e 1986, Tite iniciará nesta quinta-feira contra a Sérvia, às 16h, no Lusail Stadium, o começou do fim do trabalho de seis anos e meio no cargo. Depois de anunciar que deixará o cargo independentemente do resultado no Catar, ele amenizou na entrevista coletiva desta quarta-feira o peso de 20 anos de jejum do pentacampeão Brasil.

“Não me coloquem responsabilidade de 20 anos, são só quatro (risos), de um processo todo. A história é linda e traz pressão, sim, mas a pressão que um país todo vive, apaixonado, está nas ruas. Principalmente a garotada, serve como processo educativo e o futebol também é de educação, fundamentalmente”, discursou o treinador, para em seguida admitir. “Tem pressão, mas a tranquilidade de saber das oportunidades que surgem na vida, que sonhar faz parte.

Tite citou um dos heróis do tricampeonato. “O Tostão fala isso, que é bom sonhar, então sonhamos fazer uma grande Copa e ser campeão. E se não for, fazer o melhor. Um só vai ser campeão, mas tem a sensatez e naturalidade que outras grandes seleções buscam este patamar. Pressão é inevitável” admitiu o gaúcho de Caxias do Sul, campeão da Copa América em 2019.

 

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Das quatro seleções sul-americanas na Copa, uma venceu, o Equador, e a outra, a Argentina, perdeu de maneira surpreendente para a Arábia Saudita. “Respeito, porque são todas seleções, mas serve como análise, sim, como reflexão. Não há grandeza nem facilidade maior ou menor. Talvez este seja o grande aspecto. Não tem marca, não tem grife. Não tem grife (frisou). Tem orgulho de cada país em fazer seu melhor e enfrentar”, afirmou Tite.

Depois de um pequeno suspense, Tite escalou uma seleção ofensiva para enfrentar a Sérvia. O ataque terá Neymar, Raphinha, Richarlison e Vinicius Junior. “Isso é adaptação às características dos atletas. Eu faço escolhas, agrado a uns e a outros, não. Isto é da escolha e da função do técnico, mas os atletas do meio para frente se escolheram, também. Em cada clube eles estão com protagonismo e qualidade excepcionais. Não acredito em encher de atacantes nem de encher de defensor. Eu entendo que o ponto de equilíbrio está no meio de campo, nas movimentações. E aí, sim, ter uma equipe equilibrada”, comentou o treinador.

Um dos escolhidos para comandar o ataque do Brasil é Vinicius Junior. O atacante foi alvo de polêmica recentemente no Campeonato Espanhol por causa das dancinhas nas comemorações. Tite libera com restrições. “É uma característica nossa, assim como respeitamos as culturas dos países, respeitem a nossa. É alegria, o gol é o momento maior. Nosso jeito é com respeito ao adversário, mas é também um respeito a nós mesmos”, comentou o treinador.

Embora a comissão técnica não tenha um psicólogo específico, Tite mostra preocupação com a mente dos atletas. “Os jogos têm um componente emocional muito forte, a estreia ainda mais. Pela expectativa que gera, é humano. Talvez isso interfira nas expectativas. Temos de ser o que somos na nossa essência”, cobra o treinador.

O auxiliar técnico Cléber Xavier falou rapidamente sobre a Sérvia. “Nosso primeiro adversário vem de um grande trabalho recente, com bons jogos, atletas importantes, alguns em recuperação. Acredito que todos estejam em condições. Estudamos bastante a Sérvia. Nossos observadores, o Lucas e o Ricardo, acompanharam de perto. Passamos tudo aos atletas, sabemos como enfrentá-los. Mas é no campo que se resolve, para tirar proveito do que temos de melhor, o que a Sérvia não tem de melhor e cuidado com as características ofensivas deles”.