COPA DO MUNDO

No jogo mil de Messi, Argentina elimina Austrália e pega Holanda nas quartas

Messi brilha, ultrapassa número de gols de Maradona em mundiais, consolida os bicampeões como candidatos ao título e confirma encontro com a velha rival Holanda pelo acesso à semifinal

Marcos Paulo Lima - Enviado especial
postado em 03/12/2022 18:02 / atualizado em 03/12/2022 18:14
 (crédito: Kirill Kudryavtsev/AFP)
(crédito: Kirill Kudryavtsev/AFP)

Al Rayyan — Lionel Messi dá cada vez mais a impressão de que topou com o gênio da lâmpada no deserto arábico, fez um pedido e será prontamente atendido no Catar. Não que ele esteja esperando cair do céu. Longe disso. O jogador eleito sete vezes melhor do mundo trabalha como nunca para se despedir da Copa do Mundo campeão pela primeira vez. A milésima exibição da carreira como profissional, ontem, no Ahmad Bin Ali Stadium, reduziu a três jogos o êxodo do gênio rumo à terra prometida. Autor do primeiro gol da vitória contra a Austrália, ele tem encontro marcado com a Holanda na sexta-feira, às 16h (de Brasília), no Estádio Icônico Lusail pelas quartas de final. Julian Álvarez ampliou o triunfo por 2 x 1 em uma arena pulsante.

No Catar, a Argentina tem lembrado aquelas companhias de circo itinerantes. Desembarca nos estádios da Copa, monta estrutura, convida e transforma o palco da partida em um pedacinho de Buenos Aires. É como se estivesse jogando no Monumental de Núñez ou La Bombonera.

Turbinado por uma torcida confiante no tricampeonato em meio a 36 anos de jejum, o desempenho de Messi na Copa do Catar começa a rivalizar com a genialidade exibida nos gramados do Brasil em 2014. A Argentina tem seis gols nesta edição. A Pulga marcou três e deu uma assistência. Só não balançou a rede contra a Polônia na última rodada da fase de grupos.

A performance também supera patamares divinos. Lá do céu, D10S viu Messi ultrapassá-lo em número de gols na Copa do Mundo. Iniciou a partida contra a Austrália com oito gols. Bastou um lance individual depois de receber a bola do truculento zagueiro Otamendi para vestir a capa de super-herói, carregar a bola rumo à grande área e chutar rasteirinho, cruzado, aos 34 minutos, no canto direito do goleiro australiano Ryan. Foi como uma tacada de sinuca perfeita.

Compactada até então em um sistema tático 4-4-2, a Austrália teve o plano de encaixotar Messi e companhia frustrado. Piorou no segundo tempo. Uma lambança da defesa consolidou o acesso da Argentina às quartas de final. O goleiro Ryan arriscou sair driblando dentro da área, teve a bola roubada por Julian Álvarez e viu o camisa 9 tocá-la mansamente no canto direito, aos 11 minutos do segundo tempo. Pilhada, a torcida localizada atrás da trave dava saltos de canguru tamanha a alegria com o presente antecipado de natal dos australianos.

Aos 19 minutos, Messi prendeu a respiração do público com uma arrancada em alta velocidade, foi passando pelos marcadores como queria e só foi parado pelo bravo Degenek. A plateia finalmente soltou a respiração e gritou o nome do artista: “Messi, Messi, Messi”.

Aplicada, a Austrália diminuiu o placar aos 31 minutos do segundo tempo. Ponto fraco da Argentina, a defesa bateu cabeça. Otamendi afastou parcialmente o perigo que rondava a área, mas Goodwin dominou a bola e chutou com força. Para o azar do goleiro Emiliano Martínez, a bola desviou em Enzo Fernández e entrou. Empolgada, a Austrália quase empatou com um lance ao estilo Messi protagonizado por Behich. O lateral-esquerdo saiu enfileirando marcadores, invadiu a área e foi travado por Lisandro Martínez antes da finalização.

Nos acréscimos, o goleiro Martínez evitou o empate com um senhor milagre na grande área.
Sustos à parte, faltam três jogos para Messi cobrar a realização do pedido feito ao gênio da lâmpada. O próximo obstáculo é uma espécie de revanche para os dois lados. Em 1998, a Holanda eliminou a Argentina nas quartas de final na Copa da França. Há oito anos, os bicampeões desbancaram a Laranja Mecânica nos pênaltis, em São Paulo, e disputaram a final contra a Alemanha.

Foi a Copa em que Messi esteve mais perto de igualar o feito de Maradona. Passou em frente à taça para receber a medalha de prata aos prantos. No país onde quase tudo que reluz é ouro, Messi está perto de ostentar a taça que persegue pela quinta vez na vida.

COPA DO MUNDO
Oitavas de final
Argentina 2 x 1 Austrália
Ahmad Bin Ali Stadium, Al Rayyan, Catar

ARGENTINA
Emiliano Martínez; Molina (Montiel), Romero, Otamendi e Acuña (Tagliafico; De Paul, Enzo Fernández e Mac Allister (Palacios); Papu Gómez (Lisandro Martínez), Messi e Julian Álvarez (Lautaro Martínez)
Técnico: Lionel Scaloni

AUSTRÁLIA
Ryan; Degenek (Karacic), Souttar, Rowles e Belich; Leckie (Krol), Mooy, Irvine e Baccus (Hrustic); McGree (Goodwin) e Duke (Maclaren)
Técnico: Graham Arnold

Gols: Messi, aos 34 do primeiro tempo; Julian Álvarez, aos 11, e Goodwin, aos 31 minutos do segundo tempo
Cartões amarelos: Degenek e Irvine (Austrália)

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