DESPEDIDAS

Com ajuda de um historiador, Correio refaz a visita de Dinamite em Luziânia

O carinho de Luziânia com Roberto Dinamite vinha desde as décadas de 1970 e 1980, quando o jogador brilhava e vivia o ápice da carreira com a camisa do Vasco

Danilo Queiroz
postado em 10/01/2023 06:00
 (crédito: Acervo Dilmar Tié/José Egídio Pereira Gomes/Material Cedido ao Correio)
(crédito: Acervo Dilmar Tié/José Egídio Pereira Gomes/Material Cedido ao Correio)

Vasco, Barcelona, Portuguesa, Campo Grande e... Luziânia. Por um dia, em 1992, Roberto Dinamite, morto no domingo, aos 68 anos, em decorrência de um câncer, vestiu a camisa do clube goiano filiados à Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF) e apto a disputar o Campeonato Candango — atualmente, está na segunda divisão. Na ocasião, o jogador estava em Brasília para receber uma homenagem, mas aceitou a proposta de jogar um amistoso pelo Igrejinha.

Naquele 21 de abril, Dinamite estaria com o Vasco no antigo Mané Garrincha. Porém, os planos foram alterados quando o maior ídolo do Gigante da Colina recebeu um convite de um torcedor do clube. Diretor do Luziânia e vascaíno, Edgar José Gomes aproveitou a oportunidade para levar o astro até a cidade do entorno do Distrito Federal para disputar um amistoso contra o Anapolina.

Roberto se deslocou ao antigo espaço onde o Igrejinha costumava atuar. "Não tinha o Estádio Serra do Lago ainda. O confronto foi no Centro Esportivo do Setor Leste", relembrou José Egídio Pereira Lima, pesquisador da história do Luziânia, ao Correio. Na ocasião, o time havia se desfiliado da extinta Federação Metropolitana de Futebol (FMF) e retornado aos torneios do estado de origem.

A chegada de Dinamite a Luziânia causou alvoroço no município goiano. "Ele veio aqui. Jogou só um tempo. Foi a maior festa da torcida na cidade. Os torcedores tiraram foto e tietaram bastante", ressaltou José Egídio. Nos 45 minutos em campo, o ídolo do Vasco da Gama não conseguiu marcar com a antiga camisa alvinegra do Igrejinha — hoje, o time utiliza as cores azul e branco — e foi substituído no intervalo por Jairo.

Um dos adversários na partida relembra o embate contra o astro com carinho. Hoje presidente do Atlético-GO, Adson Batista dava os primeiros passos na carreira de zagueiro quando teve a oportunidade de enfrentar uma das maiores referências do futebol brasileiro. Aquele 21 de abril de 1992, quando o defensor tinha 21 anos, não ficou marcado apenas pelo resultado pelo Anapolina, mas pela chance de dividir o campo com uma estrela.

"Para mim, realmente, foi algo fantástico. Nunca tinha jogado contra ele, um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro. Um cara educado, o cumprimentei e ficamos conversando durante o jogo", relembrou Adson, ao Correio. Além do bate-papo com a bola rolando, o mandatário do Atlético-GO guarda na lembrança outro detalhe daquela partida. "Teve um momento que dei uma chegadinha mais forte e ele me pediu calma para não machucar. Eu lembro disso claramente", recordou.

Lamentando a perda de Dinamite, Adson rasgou elogios ao astro, ressaltando as qualidades do maior artilheiro do Campeonato Brasileiro (190 gols) não apenas nos gramados, mas fora deles. "Um cara muito decente e, para mim, foi um orgulho enfrentá-lo. Um jogador simples e, principalmente, uma das referências do nosso esporte", destacou. Ontem, o Atlético-GO divulgou uma nota prestando condolências.

Moldando torcedores

Na teoria, uma passagem de 45 minutos com a camisa de um clube não diz muita coisa. Porém, no caso de Roberto Dinamite e do Luziânia, os poucos momentos no gramado do Centro Esportivo do Setor Leste serviu para moldar uma geração de vascaínos na cidade do entorno do Distrito Federal. O professor Dênis Roriz de Oliveira, de 38 anos, foi um deles. Ele prestigiou a passagem do astro pelo município há mais de 30 anos.

O encontro serviu para aflorar a relação pessoal com o clube carioca. "Eu nem conhecia muito de futebol e meu tio era fanático pelo Vasco. Ele me levou para ver o Dinamite. Não sabia quem era. Eu estava com uma camisa do Vasco e, da arquibancada, vi o carisma dele. Como era sorridente e respeitado por todo mundo, até rivais. Daí em diante, virei vascaíno. Sou sócio, acompanho tudo do time, sofro bastante, mas a minha referência de atleta era ele. É um ídolo e fico feliz de ter tido a honra de ver um jogo", lembrou, ao Correio.

Horas mais tarde de ser aclamado em Luziânia, Roberto Dinamite voltou para o Distrito Federal e foi até o Mané Garrincha para acompanhar o amistoso do Vasco contra a Seleção de Brasília. O duelo foi organizado em comemoração ao 32º aniversário da capital federal. Por lá, viu o clube carioca ganhar dos brasilienses em duelo movimentado, por 3 x 2. Antes de a bola rolar, foi homenageado pela torcida organizada Vascandango. Reverências de todo o sempre que seguirão, agora, em memória ao maior jogador da história cruzmaltina.

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