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DESPEDIDA

Velório de Pelé começa hoje na Vila Belmiro; saiba detalhes

Morto na última quinta-feira aos 82 anos, Pelé escolheu, em 2003, o local onde seria sepultado por não se parecer com um cemitério e ter vista para a Vila Belmiro. Velório do Atleta do Século começa hoje, com duração de 24h

Em julho de 2003, quando tinha 62 anos, Pelé decidiu comprar um lóculo no Memorial Necrópole Ecumênica, em Santos, no litoral de São Paulo. Dezenove anos depois, o Rei do Futebol será sepultado no primeiro andar do local, homologado há mais de 20 anos no Guiness Book, o livro dos recordes, como o mais alto cemitério vertical do mundo.

Pelé será velado no gramado da Vila Belmiro entre 10h de hoje e 10h de amanhã. Depois, haverá um cortejo pelas ruas de Santos, com passagem pelo canal 6, onde mora a mãe de Pelé, Celeste Arantes. Só depois disso, às 14h, é que vai ocorrer o sepultamento. Empossados, ontem, como presidente e vice, Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin estarão presentes na homenagem.

A solenidade será restrita a familiares, sob o som do canto das araras e papagaios, já que 90% da área total de 40 mil m² é formada por reserva nativa e preservada de Mata Atlântica. O cemitério é cercado de natureza nas áreas comuns, com pequenos lagos com carpas, patos, além do aviário com araras e outras espécies nativas da Mata Atlântica. No térreo, há um museu de automóveis antigos.

Embalsamado no Hospital Albert Einstein para ser exposto em caixão aberto na Vila Belmiro, o corpo do Rei do Futebol ficará em um mausoléu no Memorial, onde também estão enterrados o pai de Pelé, João Ramos do Nascimento, o Dondinho, que morreu em 1996, o irmão, Jair Arantes do Nascimento, o Zoca, morto em 2020, além de Antonio Wilson Honório, o Coutinho, parceiro de ataque no lendário Santos bicampeão mundial em 1962 e 1963, que faleceu em 2019. Os parentes de Pelé estão no nono andar do prédio.

O plano inicial era de que o Rei fosse enterrado em um jazigo no mesmo andar em homenagem ao pai Dondinho, que vestia a camisa 9. Mas a família mudou o planejamento em conversa com a administração e ele será sepultado no mausoléu situado no primeiro piso da construção. Antes mesmo da morte de Pelé, tornaram-se virais nas redes sociais imagens de um caixão dourado onde o Rei seria supostamente sepultado.

A assessoria do Memorial negou a existência desse jazigo. Pelé escolheu ser enterrado no Memorial porque considerou que o local não se parece com um cemitério e transmite "paz espiritual e tranquilidade". "A pessoa não se sente deprimida, sequer parece com um cemitério", disse ele em entrevista ao Jornal A Tribuna, em 2003.

A ideia, depois do sepultamento de Pelé, é que o Memorial se torne atração turística de Santos. O espaço será aberto ao público para visitas dias depois da cerimônia. A administração ainda não definiu as datas. O Memorial foi idealizado pelo empresário argentino Pepe Altstut, morto em 2021 e de quem Pelé era amigo. Pepe foi um grande incentivador do esporte e financiou atletas de ciclismo, atletismo e boxe.

O cemitério fica no bairro de Marapé. Tem vista para a Vila Belmiro e está a menos de um quilômetro do estádio onde Pelé fez jogos memoráveis e no qual os fãs darão o último adeus. São 18 mil lóculos, espaço que abriga os caixões, espalhados em 14 andares do cemitério, que também tem serviço de cremação, cinerário, ossário, mausoléu e tributum.

"Buscamos envolver dentro de nossa estrutura conforto, aconchego e tranquilidade a todos que, inevitavelmente, passam por momentos de perdas de seus familiares. Trabalhamos para prover momentos de paz e harmonia", diz Evans Edelstein, CEO do grupo Memorial Bom Pastor.