Fórmula 1

MPDFT pede condenação de Nelson Piquet após falas racistas contra Hamilton

Na ação, o ex-piloto também é acusado de ter proferido falas homofóbicas contra o corredor britânico

Camilla Germano
postado em 10/03/2023 13:25
 (crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)
(crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)

O Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT) pediu na quarta-feira (8/3) a condenação do ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet por ofensas racistas e homofóbicas contra o corredor Lewis Hamilton.

O caso investigado ocorreu em 2021, mas repercutiu nas redes sociais em 2022, quando uma entrevista do corredor brasileiro, em que ele fala as ofensas, foi publicada.

Nas imagens, é possível ouvir o ex-piloto chamando o heptacampeão de "neguinho" ao comentar um acidente envolvendo o inglês e Max Verstappen durante o Grande Prêmio de Silverstone de Fórmula 1, na Inglaterra.

"O neguinho meteu o carro de não deixou (Verstappen desviar). O neguinho deixou o carro porque não tinha como passar dois carros naquela curva. Ele fez de sacanagem. A sorte dele foi que só o outro se f*deu. Fez uma p*ta sacanagem", criticou Piquet, em entrevista ao jornalista Ricardo Oliveira.

Em outro momento o corredor chegou a dizer que o "O 'neguinho' devia estar dando mais o c* naquela época".

O Correio teve acesso ao parecer do MPDFT sobre o processo que pede R$ 10 milhões de indenização a Hamilton e o valor deve ser utilizado para abrir editais a órgãos que defendem temas e questões envolvendo os grupos atingidos. Em nota, o MP relembrou que o procedimento investigatório criminal instaurado para apurar a injúria racial foi arquivado por desinteresse da vítima.

  • Processo do MPDFT de Nelson Piquet por falas racistas e homóficas contra Lewis Hamilton Reprodução/Portal da Transparência MPDFT

 

No parecer do MP, a defesa de Piquet diz que as falas dele não configuraram racismo, mas sim injúria racial. O que é contestado pela promotora do caso porque "afeta, de igual modo, pessoas negras; e a injúria racial ser fruto do racismo". 

A defesa de Piquet justificou também no parecer que a conduta do ex-piloto "não teve dolo", e que Piquet não poderia se retratar conforme solicitado pelas entidades autoras do processo por não possuir redes sociais, além de já ter se desculpado espontaneamente.

No processo, as autoras do processo pontuaram, ainda, que “a situação ganha contornos muito maiores quando se aponta para o fato de que as ofensas foram veiculadas em plataformas digitais, visto que há potencial de propagação bem mais exacerbado. Por exemplo, a veiculação em vídeos na plataforma Youtube, podem reverberar o compartilhamento em diversos tipos de mídia, ‘o que acaba, inevitavelmente, aumentando o seu poder corrosivo e disseminando uma cultura discriminatória e intolerante'". 

Repercussão na época

Na época em que as falas vieram a tona, Hamilton se pronunciou pedindo que as “vozes antigas” da F1 sejam ignoradas e exigiu uma “mudança de mentalidade” em protesto contra o racismo.

Como forma de repúdio ao caso, a Fórmula 1 se pronunciou na época do caso e decidiu banir o ex-piloto do paddock das provas da categoria.

Piquet justificou as falas na época e pediu desculpas publicamente para Lewis Hamilton: "Peço desculpas de todo o coração a todos que foram afetados, incluindo Lewis, que é um piloto incrível, mas a tradução em algumas mídias que agora circulam nas redes sociais não está correta. A discriminação não tem lugar na F-1 ou na sociedade e estou feliz em esclarecer meus pensamentos a esse respeito".

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