SELEÇÃO BRASILEIRA

CBF busca qualificação dos amistosos da Seleção e reaproximação com o povo

Entidade máxima do futebol nacional tem a missão de organizar duelos contra grandes seleções, principalmente da Europa, e trazê-los para o território tupiniquim

Danilo Queiroz
postado em 10/04/2023 17:26 / atualizado em 10/04/2023 21:27
 (crédito: Lucas Figueiredo/CBF)
(crédito: Lucas Figueiredo/CBF)

A Seleção Brasileira de Futebol está em processo de transição. E não estamos falando somente da busca por um novo treinador para substituir Tite visando a Copa do Mundo de 2026 (o processo seletivo se arrasta há mais de 100 dias). No ciclo preparatório para o Mundial dos Estados Unidos, do México e do Canadá, o time canarinho também tem pela frente a caminhada para voltar a enfrentar grandes adversários, principalmente da Europa. Viés perdido para beneficiar fins comerciais, a recriação da sinergia entre a equipe e a torcida no país também se faz necessária.

A equipe canarinho não joga um amistoso no país desde junho de 2019, quando venceu o Catar, no Mané Garrincha, em Brasília. Nos últimos ciclos, a presença tupiniquim em território nacional ficou restrita a jogos de Eliminatórias e Copa América, quando o país precisa, de fato, atuar em casa. Quando havia o poder de escolha, o exterior foi priorizado. O principal vetor deste sintoma era o contrato da entidade com a Pitch International, empresa responsável por organizar a Brasil Global Tour e toda a logística de jogos do time (local, sugestão de adversários, hotéis e campos de treinos).

O nome do projeto, em inglês, não foi mera coincidência. No período, ver o Brasil em território nacional virou missão complexa. Nem mesmo os estádios construídos ou modernizados para a Copa do Mundo de 2014 serviram de atrativo. Segundo levantamento do Correio, desde janeiro de 2013, a Seleção realizou 41 amistosos como mandante, ou seja, sob a tutela da Pitch. Deles, somente 11 foram literalmente em casa. A maioria das apresentações no período ocorreu em praças alternativas, como Estados Unidos, Arábia Saudita, Inglaterra, Japão, Canadá, França e, até, Singapura.

O cenário provocou situações curiosas. Com cachê de R$ 12 milhões por partida, o Brasil jogou mais vezes em Miami e Londres (três em cada) do que em cinco estádios utilizados no Mundial. Em dois, sequer pisou: casos da Arena da Baixada, em Curitiba, e da Arena Pantanal, em Cuiabá. Com a Pitch, houve Superclássico das Américas, contra a Argentina, na Arábia Saudita, na Austrália e na China. Em 2019, Tite reclamou publicamente do campo escolhido para o amistoso contra o Peru, em Los Angeles. O problema, porém, acabou em dezembro, com o fim do contrato entre as partes.

Reaproximação

Agora, a CBF poderá colocar em prática o discurso recente de aproximação adotado pelo presidente Ednaldo Rodrigues. Em contato com o Correio, a entidade confirmou a não renovação com a Pitch e disse estar avaliando formatos para cuidar da logística da Seleção. Uma possibilidade é a realização própria da comercialização. Na Data Fifa de março, a equipe jogou apenas contra Marrocos. "A opção por realizar uma única partida foi em função da necessidade de se dar tempo aos jogadores para ganhar algum entrosamento, já que era uma equipe totalmente renovada", explicou.

O início da caminhada de reaproximação com o país deve acontecer na próxima Data Fifa, entre 12 e 20 de junho. Nesta janela, o Brasil pretende jogar na Arena da Amazônia, em Manaus, e usar um uniforme todo verde para apoiar a causa ambiental. O rival do compromisso, entretanto, ainda não está definido pela CBF. Seja contra quem for, o amistoso será o primeiro passo de fato para a renovação do vínculo com a torcida brasileira. A entidade entende, ainda, que levar o time para as principais capitais do país é parte importante do processo.

Viabilização de grandes duelos

Além de reaproximar a Seleção do país, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tem outra missão para cumprir: driblar a dificuldade de enfrentar adversários europeus no ciclo para a Copa do Mundo de 2026. Durante a preparação para o Mundial do Catar, houve somente um enfrentamento do tipo, contra a República Tcheca, em 2019. A entidade reconhece a necessidade de voltar a medir força com os principais concorrentes pelo tão sonhado hexacampeonato.

“Foi compromisso da CBF, nesta gestão, buscar adversários de nível elevado, algo que anteriormente não aconteceu. Até a Copa do Mundo, o Brasil jogou praticamente com seleções sul-americanas. Existem limitações da Fifa nesse momento que dificultam a vinda de seleções europeias para jogar no Brasil”, justificou a entidade.

A confederação tupiniquim, porém, aposta no recém assinado acordo de cooperação entre a Conmebol e a Uefa para facilitar o enfrentamento com rivais de maior nível técnico. Apesar de complicada, a vinda deles ao país também está nos planos. “Temos um calendário de possíveis adversários para as datas da temporada. Com relação a seleções europeias, o entrave é o deslocamento para outros países, que deve ser de, no máximo, cinco horas de voo. É provável, portanto, que o Brasil ainda realize partidas na Europa, contra as equipes do continente. Por outro lado, países de outros continentes podem vir jogar no Brasil”, explicou a CBF.

Na última quarta-feira, o presidente Ednaldo Rodrigues participou do congresso de reeleição do esloveno Aleksander Ceferin na entidade europeia, em Lisboa, e defendeu a realização de mais jogos amistosos entre seleções sul-americanas e do Velho Continente. O encontro serviu para tentar contornar as dificuldades impostas pelo regulamento da Fifa. “Vamos trabalhar para que essas barreiras deixem de existir”, garantiu o dirigente brasileiro. 

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