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Na final do Candangão, Real Brasília e Brasiliense revivem glória do Defelê

A final entre Real Brasília e Brasiliense, hoje, vai resgatar um pedaço da história do torneio local perdida no tempo. Depois de 55 anos, o Estádio Defelê, na Vila Planalto, será palco da volta olímpica do campeão do Distrito Federal

Danilo Queiroz
postado em 15/04/2023 06:00
 (crédito: Pedro Brandão/@iampedrobrandao/Candangão)
(crédito: Pedro Brandão/@iampedrobrandao/Candangão)

Vários estádios espalhados ao redor do planeta bola exalam a magia de terem sido palco de momentos icônicos do esporte. Os torcedores brasileiros, por exemplo, logo associam Maracanã, Castelão, Pacaembu, Mineirão, Serra Dourada, Fonte Nova e Mangueirão, entre outros, quando pensam em finais conquistadas por seus times. No Campeonato Candango, palcos como Serejão, Mané Garrincha e Bezerrão logo vêm à memória. Porém, na decisão de 2023, entre Real Brasília e Brasiliense, o torneio local entrará na máquina do tempo para reviver a própria história.

A partir das 15h, quando o Leão do Planalto e o Jacaré derem o primeiro toque na bola em busca da taça Rei Pelé, o Estádio Defelê, na Vila Planalto, voltará ao panteão das arenas marcadas por conquistas de título. O palco, basicamente, vai reativar as próprias origens após quase 55 anos. Em 1968, o local recebeu a primeira e única decisão de Campeonato Candango na história. Em 26 de maio daquele ano, não houve uma final propriamente dita. Mesmo assim, a "decisão" da edição de pontos corridos ficou reservada para o local onde Real Brasília e Brasiliense se enfrentam hoje.

Naquela temporada, o empate, por 2 x 2, no palco da Vila Planalto, deu ao Defelê o direito de dar a volta olímpica diante do rival Rabello. O time ainda precisou aguardar a chancela do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD), pois enfrentava uma denúncia de escalação irregular do jogador Solon. Considerados os times mais fortes do Campeonato Candango à época, os dois clubes protagonizaram diversos embates icônicos na primeira rivalidade do futebol local, batizada, à época, de Clássico Vovô. Porém, além do título, a partida de 1968 é repleta de simbolismos. Curiosamente, aquele foi o último dos 23 confrontos catalogados entre as equipes no torneio. As agremiações ruíram e chegaram à falência dois anos depois.

Sem o Defelê, o Estádio Ciro Machado do Espírito Santo saiu de cena em 1970. Nos registros, o último jogo do Candangão no local foi a goleada do Serviço Gráfico sobre o Planalto, por 4 x 0, em 6 de dezembro. O local, administrado pelo Clube Vizinhança, ficou à margem do futebol local até 2020, quando foi reformado para ser utilizado como casa pelo Real Brasília. A reinauguração do espaço ocorreu em 1º de março de 2020. Curiosamente, o Brasiliense era o rival no jogo da retomada e bateu o Leão do Planalto, por 1 x 0.

A história do Defelê, inclusive, é parecida com a de diversos outros palcos de decisão de título do Campeonato Candango. Desde a primeira edição amadora, em 1959, o torneio local teve volta olímpica em 14 estádios. No levantamento, o Correio considerou as partidas de final propriamente dita, no formato mata-mata, ou que definiram a taça em outros modelos de disputa, como pontos corridos (veja no quadro). A maioria deles, porém, acabou sumindo do mapa ao passar dos anos. Nesses locais, a história se misturou a vários outros elementos.

Terceiro palco com mais definições de título, o Pelezão consagrou 13 campeões. Hoje, o espaço do antigo estádio abriga uma série de prédios residenciais no Guará. Estádio da consagração do Coenge, em 1969, o Cultural Mariana abriga a sede do Gama, maior campeão do futebol do Distrito Federal. O Israel Pinheiro, no Guará, o Aristóteles Goes, em Brasília, o Paulo Linhares, na Vila Planalto, e o Francisco das Chagas Rocha, em Luziânia, foram desativados conforme os clubes mandantes também deixavam de existir no futebol local.

Hoje, quase 60 anos depois, Real Brasília e Brasiliense voltam a escrever um capítulo dourado no Estádio Defelê. Na ida, os dois times se enfrentaram no Serejão, local onde ocorreu o maior número de definições de campeão do Candangão (14). O Jacaré venceu por 3 x 2 e leva a vantagem do empate para ser campeão pela 12ª vez. Para conquistar o primeiro título em casa, o Leão do Planalto precisa ganhar por dois ou mais gols de diferença. Triunfo por um de margem leva a decisão para os pênaltis. Porém, seja qual for o resultado, a final de 2023 tem um lugar especial por voltar às origens.

Acostumado com taças

Reinaugurado em março de 2020, o Estádio Defelê virou ponto estratégico de desafogo da Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF) em torneios, principalmente os de categorias de base. Apesar de sediar apenas a segunda definição de Campeonato Candango na história, o palco abrigou diversas disputas de títulos de outros torneios locais. Em pouco mais de três anos, por exemplo, a arena da Vila Planalto recebeu 10 decisões dos mais variadas competições organizadas pela entidade.

O Real Brasília, inclusive, esteve presente em oito dessas partidas com disputa de título e levantou cinco troféus. Em 2021, o time aurianil venceu as edições feminina, Sub-17, Sub-15 e Sub-20 do Campeonato Candango. No ano passado, o Leão do Planalto voltou a faturar o torneio destinado às mulheres, mas também sofreu os primeiros reveses em casa na Segundinha, contra o Samambaia, no Sub-13, diante do Legião, e no Sub-11, frente ao Capital.

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