Indústrias de talentos: veja como Vasco e Flamengo lucram com revelações

Desiguais nas finanças, cruzmaltino e rubro-negro se equivalem como potências na base. Levantamento do Correio mostra as maiores transações de pratas da casa dos arquirrivais do clássico de hoje

Marcos Paulo Lima

Danilo Queiroz

postado em 05/06/2023 06:00

(crédito: Kleber Sales/CB/DA Press)

Vasco e Flamengo estão em patamares financeiros diferentes faz tempo. Enquanto o clube cruzmaltino aposta na transição do modelo associativo para Sociedade Anônima do Futebol (SAF) como fórmula mágica para resgatar uma tradição de 124 anos de história, a diretoria rubro-negra iniciou, há 10 anos, a revolução econômica responsável por limpar o nome da agremiação no serviço de proteção ao crédito e transformá-la em campeã de receita nas Américas. Apesar do contraste, há uma intersecção entre os protagonistas do Clássico dos Milhões, nesta segunda-feira (5/6), às 20h, no Maracanã, no encerramento da nona rodada da Série A do Campeonato Brasileiro. Ambos continuam sendo uma usina inesgotável de talentos nas divisões de base.

O Vasco não ostenta vendas luxuosas como as do Flamengo, mas tem na negociação de atletas uma das fontes de sobrevivência. Todos os 10 maiores negócios do clube foram realizados neste século. O maior deles é a transação do meia-atacante Paulinho para o Bayer Leverkusen. Ele deixou o clube na temporada de 2018 por 18,5 milhões de euros. Neste ano, o craque de 22 anos retornou ao país por empréstimo ao Atlético-MG.

São Januário virou referência na formação de volantes. Entre os padrões de excelência estão Andrey Santos, negociado com o Chelsea por 12,5 milhões de euros na temporada 2023. Antes, o Grupo City havia desembolsado 12 milhões de euros por Douglas Luiz. A cria do Gigante da Colina foi renegociado ao Aston Villa por 16,8 milhões de euros.

Há vendas para clubes de ponta, mas também rumo a mercados periféricos. Campeão da Copa do Mundo Sub-17 em 2019, Talles Magno rendeu 7,2 milhões de euros ao clube na transferência para o New York City, um dos primos ricos do Manchester City. Repatriado, Alex Teixeira é o sétimo maior negócio do clube. Rendeu 6 milhões de euros na ida para o Shakhtar Donetsk, da Ucrânia. Ambos ficam atrás do quarto colocado Rômulo, adquirido pelo Spartak Moscou por 8 milhões de euros. O Top 8 termina com Danilo Barbosa. O prata da casa mudou-se para o Sporting Braga por 4,5 milhões de euros.

O rival do Vasco ostenta no muro o mantra "craque o Flamengo faz em casa". E, de tanto produzir, o time rubro-negro se tornou especialistas em concretizar grandes negociações. Comparadas ao cruzmaltino, as cifras mais do que dobram. Vinicius Junior, por exemplo, foi vendido ao Real Madrid por 45 milhões de euros, valor correspondente as três maiores transações do adversário somadas. Lucas Paquetá (Milan) e Reinier (Real Madrid) renderam 38,40 e 30 milhões de euros, respectivamente.

No século, o Flamengo também fez vendas para mercados periféricos. Porém, o Top 8 foi direto para grandes centros da Europa. João Gomes foi para o inglês Wolves por 18,70 milhões de euros. Adriano Imperador rendeu 13,19 milhões de euros quando saiu para a italiana Inter de Milão. O compatriota Milan levou Léo Duarte por 10,60 milhões de euros. Os franceses PSG e Mônaco compraram Reinaldo e Jorge, por, respectivamente, 10 e 8,5 milhões de euros.

No clássico desta segunda-feira (5/6), possíveis futuras vendas vão jogar. Do lado vascaíno, Gabriel Pec concentra as esperanças de lucro. No Flamengo, Matheus Cunha e Wesley são as crias valiosas. A primeira meta, porém, é proporcionar retorno esportivo em campo.