Artes marciais

O legado vivo de Bruce Lee, 50 anos após a trágica morte no auge do sucesso

Fãs celebram a obra do lutador e ator de Hong Kong, responsável por popularizar o kung-fu no mundo em filmes clássicos de Hollywood. No país de origem, admiradores investem na valorização do ícone cultural

Correio Braziliense
postado em 20/07/2023 00:55
Visitantes tiram fotos com uma estátua de Bruce Lee do lado de fora do Hong Kong Heritage Museum, em Hong Kong -  (crédito: May James/AFP)
Visitantes tiram fotos com uma estátua de Bruce Lee do lado de fora do Hong Kong Heritage Museum, em Hong Kong - (crédito: May James/AFP)

O empresário de Hong Kong W. Wong ainda se lembra do dia, em 1972, em que ouviu pela primeira vez as crianças da vizinhança elogiarem uma figura lendária: Bruce Lee, o talentoso homem das artes marciais que levou o kung-fu às telonas de Hollywood. "Cada criança precisa de algum tipo de modelo e eu escolhi Bruce Lee", disse Wong, que há quase 30 anos é presidente do maior fã-clube da cidade dedicado ao astro.

Um dos primeiros asiáticos a se tornar uma estrela nos Estados Unidos, o artista passou a infância e os últimos anos em Hong Kong, onde o legado permanece vivo até hoje e onde fãs estão preparando exibições de artes marciais esta semana para marcar meio século da morte precoce, aos 32 anos de idade.

Em uma academia de Wing Chun, estilo de arte marcial que o lutador praticava antes de inventar o próprio método, Jeet Kune Do, Lee é reverenciado como uma espécie de padroeiro. O proprietário, Cheng Chi-ping, conta que a geração dele começou a treinar sob a influência cultural de Bruce Lee, mas que "nunca conseguiram igualar a velocidade, força ou físico".

O professor de Cinema Aaron Han Joon Magnan-Park, que dá aulas sobre filmes de Lee na Universidade de Hong Kong, acredita que o ator simbolizava uma espécie de identidade chinesa que cruzava fronteiras. "Eu descreveria Bruce Lee como o modelo de sucesso do 'soft power' sinófono", disse.

A figura do mestre das artes marciais quebrou estereótipos racistas em Hollywood, provando que os homens asiáticos eram mais do que apenas servos e vilões. Para o acadêmico, as cenas em que Lee flexiona os músculos com o peito despido foram essenciais para mostrar que os heróis asiáticos também tinham corpos esculpidos. "Isso tornou os homens asiáticos atraentes e isso é algo sobre o qual não falamos o suficiente", acrescenta.

 

Preservação da memória

Mas a preservação do legado também enfrenta barreiras, diz o presidente do fã-clube, denunciando a falta de apoio do governo. Em 2004, o grupo fez uma petição para erguer uma estátua de Lee na famosa orla de Hong Kong, mas uma campanha para reutilizar a antiga casa não conseguiu impedir a demolição em 2019.

This photo taken on July 14, 2023 shows W. Wong, chairman of the Bruce Lee Club, posing for a photo at an art exhibition in Hong Kong, to mark the 50th anniversary of his death. The martial arts legend Bruce Lee, whose films spawned a kung fu craze around the world, was one of the first Asian men to achieve Hollywood superstardom, and his influence can still be felt in Hong Kong as fans held exhibitions and martial arts workshops this week to mark the 50th anniversary of his death.
W. Wong, presidente do Bruce Lee Club, posando para uma foto em uma exposição de arte (foto: Isaac Lawrence/AFP)

No entanto, Wong, que organizou uma exposição mais modesta no movimentado distrito de Sham Shui Po, argumenta que a filosofia de Lee pode voltar a ser relevante para as próximas gerações. "Enquanto todos continuarem lembrando, uma vez que o interesse de alguém é despertado, eles têm a oportunidade de redescobri-lo", finaliza.

 

Quebrando barreiras

Nascido em San Francisco, em 1940, Lee cresceu em Hong Kong e desde cedo flertava com fama em carreira de ator infantil, incentivado pelo pai, um famoso cantor de ópera cantonesa. Aos 18 anos, continuou estudos nos Estados Unidos e, na década seguinte, deu aulas de artes marciais, além de ter conseguido pequenas aparições em Hollywood até obter o papel de Kato, na série de televisão 'Besouro Verde' (1966).

In this photo taken on July 15, 2023 visitors walk past a poster for the Bruce Lee exhibition at the Hong Kong Heritage Museum in Hong Kong, ahead of the 50th anniversary of the martial arts star's death on July 20. The martial arts legend Bruce Lee, whose films spawned a kung fu craze around the world, was one of the first Asian men to achieve Hollywood superstardom, and his influence can still be felt in Hong Kong as fans held exhibitions and martial arts workshops this week to mark the 50th anniversary of his death.
Visitantes passam por um pôster da exposição de Bruce Lee, no Hong Kong Heritage Museum (foto: May James/AFP)

Após retornar a Hong Kong, a carreira deslanchou ao interpretar o protagonista no filme de artes marciais 'O Dragão Chinês', que o tornou uma referência na Ásia após lançamento em 1971. Os anos posteriores consolidaram a fama de Lee como um lutador implacável e veloz como um raio, sobretudo nos sucessos de 1972 'A Fúria do Dragão' e 'O Voo do Dragão'.

Lee completou as gravações do quarto grande filme, 'Operação Dragão' e estava filmando o quinto, 'Jogo da Morte', quando morreu em 20 de julho de 1973, devido a um inchaço cerebral atribuído a uma reação adversa a analgésicos.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

  • This photo taken on July 14, 2023 shows W. Wong, chairman of the Bruce Lee Club, posing for a photo at an art exhibition in Hong Kong, to mark the 50th anniversary of his death. The martial arts legend Bruce Lee, whose films spawned a kung fu craze around the world, was one of the first Asian men to achieve Hollywood superstardom, and his influence can still be felt in Hong Kong as fans held exhibitions and martial arts workshops this week to mark the 50th anniversary of his death.
    W. Wong, presidente do Bruce Lee Club, posando para uma foto em uma exposição de arte Foto: Isaac Lawrence/AFP
  • In this photo taken on July 18, 2023 a wax figure of Bruce Lee is pictured at the Madame Tussauds wax museum in Hong Kong, ahead of the 50th anniversary of the martial arts star's death on July 20. The martial arts legend Bruce Lee, whose films spawned a kung fu craze around the world, was one of the first Asian men to achieve Hollywood superstardom, and his influence can still be felt in Hong Kong as fans held exhibitions and martial arts workshops this week to mark the 50th anniversary of his death.
    In this photo taken on July 18, 2023 a wax figure of Bruce Lee is pictured at the Madame Tussauds wax museum in Hong Kong, ahead of the 50th anniversary of the martial arts star's death on July 20. The martial arts legend Bruce Lee, whose films spawned a kung fu craze around the world, was one of the first Asian men to achieve Hollywood superstardom, and his influence can still be felt in Hong Kong as fans held exhibitions and martial arts workshops this week to mark the 50th anniversary of his death. Foto: Bertha Wang/AFP
  • In this photo taken on July 15, 2023 visitors walk past a poster for the Bruce Lee exhibition at the Hong Kong Heritage Museum in Hong Kong, ahead of the 50th anniversary of the martial arts star's death on July 20. The martial arts legend Bruce Lee, whose films spawned a kung fu craze around the world, was one of the first Asian men to achieve Hollywood superstardom, and his influence can still be felt in Hong Kong as fans held exhibitions and martial arts workshops this week to mark the 50th anniversary of his death.
    Visitantes passam por um pôster da exposição de Bruce Lee, no Hong Kong Heritage Museum Foto: May James/AFP

Tags