Motivado pela quebra do recorde de Pelé na artilharia da Seleção nas contas da Fifa (79 x 77) e pelo afago da torcida no Pará, Neymar volta a campo nesta terça-feira (12/9), às 23h (de Brasília), pela segunda rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, disposto a romper a barreira dos 80 gols. O Peru é a segunda maior vítima do camisa 10 em exibições pela amarelinha. Há uma relação afetiva com o país. Em 2011, a geração dele, Danilo e Casemiro levou o Brasil ao título continental sub-20. O atacante arrematou a artilharia isolada com nove gols.
Neymar marcou seis vezes em exibições contra o Peru. Somente o Japão foi mais vazado pelo craque. Os samurais sofreram nove desde a estreia do atacante na Seleção principal, em 2010. Lá se vão 13 anos. Neymar fez três ou mais gols em uma mesma partida pelo Brasil quatro vezes contra China (2012), a África do Sul (2014), Japão (2014) e o Peru (2020), justamente na última visita a Lima. Sob o comando de Tite, o time canarinho venceu por 4 x 2 e o jogador do Al-Hilal balançou a rede três vezes.
O primeiro gol de Neymar contra o Peru foi na Copa América de 2015, em Temuco, no Chile. Em 2020, protagonizou hat-trick no Estádio Nacional de Lima, palco do duelo desta terça pela segunda rodada das Eliminatórias. Em 2021, deixou o dele na vitória pela Copa América disputada no Brasil em uma goleada por 4 x 0. O último dos seis gols saiu na Arena Pernambuco, no Recife, em 2021, na vitória por 2 x 0 pelas Eliminatórias.
Antes do embarque para Lima, Neymar viveu romance de uma semana com a torcida paraense. Teve o nome gritado na porta do hotel, nos embarques e desembarques no ônibus para ida e volta aos treinos, foi ovacionado no estádio, respeitado até mesmo quando errou cobrança de pênalti, exaltado nos lances dos dois gols na vitória por 5 x 1 contra a Bolívia e aplaudido quando o goleiro Viscarra evitou um dos gols mais bonitos da carreira do jogador de 31 anos.
Antes de deixar Belém, o craque quebrou o protocolo de segurança da CBF. Caminhou até os torcedores e agradeceu pessoalmente pelo apoio. Tocou as mãos de alguns fãs e entrou no ônibus rumo ao aeroporto para a viagem em voo fretado até o Peru. Homenageado pelo presidente Ednaldo Rodrigues com uma placa depois de superar Pelé em número de gols nas contas da Fifa — Pelé tem 95 paga a CBF — e celebrado pelos companheiros na sala de conferência, ele chega ao duelo com a autoestima nas alturas depois de pensar em deixar a Seleção após a decepção na Copa do Catar.
O jogador com passagem por Santos, Barcelona, Paris Saint-Germain e agora Al-Hilal arrastou multidões em Belém e na recepção em Lima. Sem novidade para Fernando Diniz. O técnico interino da Seleção parece cada vez mais hipnotizado pelo astro. "Ele é um ídolo muito gigante. As pessoas têm que reconhecer e aceitar. Ele não faz nada para ter essa adoração do público, é natural pelo talento. Pela simpatia e empatia que ele desperta nos torcedores. Foi um começo de um futuro brilhante que ele vai ter aqui na Seleção e onde ele estiver", afirmou na entrevista coletiva depois da estreia contra a Bolívia na sala de conferências do Mangueirão, em Belém.
Blindagem
Formado em psicologia, Fernando Diniz jamais havia trabalhado com Neymar, mas aparenta ter identificado características da personalidade do jogador no pouco tempo de convívio. "Vocês não conhecem o Neymar na intimidade. Não sou o primeiro a falar isso. Investiguem como ele é na intimidade. Se ele é egoísta, ou não, bondoso. E passem isso para o grande público. Isso vai ajudar as crianças que gostam dele, a sociedade, e vai ser muito legal que a verdade apareça."
Diniz exalta Neymar nas entrevistas, mas o discurso interno pelo futebol coletivo, sem depender totalmente do xodó. "A nova geração tem muitos jogadores diferenciados. De qualidades raras no futebol mundial. Com técnica, velocidade, drible, agilidade. Acho que a estrutura tática que temos que promover é que não exista dependência de um jogador, porque determinado jogador pode não estar num dia bom. O Neymar sempre vai ter esse brilho, mas quanto mais gente brilhar junto, melhor", adverte o comandante verde-amarelo.
Antigo parceiro de Neymar na Seleção, o zagueiro Marquinhos destacou na entrevista coletiva da última segunda-feira (11/9), em Lima, a felicidade do companheiro na volta ao grupo depois da Copa. "Uma pessoa e jogador muito transparentes, conseguimos ver como está feliz, disposto a ajudar a Seleção Brasileira, focado nessa nova etapa e novo ciclo. A vinda do Diniz ajudou muito, ele se sente à vontade e conversou muito. Passa muita confiança, para mim também, individualmente falando. Transmite muita confiança, exige muito, mas dá muito respaldo. Quando estamos em campo vemos todos se sentindo bem para exercer o que ele pede. Com respaldo do Diniz, vai se sair muito bem. Nós o vemos muito bem para fazer o que gosta. Com o time entendendo, o Diniz sabendo usá-lo. O Neymar pode ajudar muito a Seleção", disse Marquinhos.
O maior desafio do beque é Paolo Guerrero. O ex-jogador de Corinthians, Flamengo e Inter jamais balançou a rede canarinha. "Brasil e Peru têm rivalidade muito grande nos últimos anos. Copa América, Eliminatórias, jogos disputados, difíceis. Muitas vezes os resultados não dizem a ideia real do jogo. O Peru está ascensão. Esta geração sempre trouxe muita dificuldade para gente. O Guerrero faz parte dessa geração. Eu o conheço desde o Corinthians, sei da grandeza dele, da experiência que tem, acredito que é um jogador melhor. Assim, todo o sucesso da seleção do Peru passa pelo grande jogador que o Guerrero é", adverte.
Ranking das vítimas de Neymar
1. Japão (9)
2. Peru (6)
3. Bolívia e Estados Unidos (5)
4. Colômbia, Croácia, Equador e Coreia do Sul (4)
5. Argentina, China, África do Sul e Uruguai (3)
Ficha técnica
Peru x Brasil (2ª rodada das Eliminatórias)
Quando: Terça-feira (12/9), às 23h (de Brasília)
Onde: Estádio Nacional de Lima (PER)
Transmissão: TV Globo e SporTV
Arbitragem: Fernando Rapallini (ARG)
Prováveis escalações
Brasil - Ederson, Danilo, Marquinhos, Gabriel Magalhães e Renan Lodi; Casemiro, Bruno Guimarães e Neymar; Raphinha, Rodrygo e Richarlison. Técnico: Fernando Diniz
Peru - Gallese; Advincula, Zambrano, Callens, Trauco; Tapia, Pena, Gonzales; Carillo, Paolo Guerrero, Ruidiaz. Técnico: Juan Reynoso
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