Na infância, a dedicação de Endrick ao sonho de ser jogador de futebol era recompensado com o lanche preferido do então morador do Céu Azul, em Valparaíso (GO). "Eu o trazia para jogar em Brasília a partir dos sete anos. Na volta, a gente passava de carro em frente ao McDonald's. Ele pedia: 'compra um Big Mac pra mim? Só que o Endrick treinava bem todo dia (risos)", diverte-se em entrevista ao Correio Braziliense Marília Rocha — a primeira treinadora do craque na Escolinha Gol de Letra, quando ele ainda tinha quatro anos. "Mudamos o lanche para uma vez por semana. Ele entendeu que atleta não come besteiras", testemunha a responsável pelo vaivém aos treinos enquanto os pais, seu Douglas e dona Cintia, trabalhavam.
Na adolescência, os bons jogos no Palmeiras acabam de ser recompensados por um banquete: primeira convocação para a Seleção principal aos 17 anos! O prêmio não mais partiu de Marília. Foi servido por Fernando Diniz. Endrick será reserva contra a Colômbia, hoje, às 21h, em Barranquilla, pelas Eliminatórias para a Copa de 2026. A fé de que ele não decepcionará se debutar hoje ou na terça-feira, contra a Argentina, no Maracanã, é inabalável. "Como primeira treinadora dele, que acompanha a carreira desde oos quatro anos, sei que o Endrick está pronto. Ele é um menino especial. Tem uma luz, algo diferente nele. Uma estrela. O Endrick é predestinado, um camisa nove", emociona-se Marília.
Ex-marido da técnica, o empresário Fábio Rodrigues participou da construção da carreira de Endrick como incentivador e amigo da família do garoto. "Se ele tiver oportunidade, com certeza vai se sair muito bem. Com o profissionalismo, a personalidade e qualidades como explosão, finalização, técnica e leitura de jogo, pode ter certeza que vai fazer gol e se sobressair. Os brasileiros vão ver o surgimento de um grande centroavante. Estamos carentes faz tempo", frisa.
Marília e Fábio fizeram parceria com Écio Antunes, dono do Brasília Futebol Academia. Endrick comia a bola lá antes de ganhar o Big Mac de cada dia. O professor-coruja está ansioso pela possível estreia. Écio não se surpreende com a presença do atacante na Seleção principal enquanto o Brasil disputa o Mundial Sub-17, na Indonésia. "Ele sempre esteve duas categorias acima. Vai dar muita alegria. É talentoso, humilde e focado no futebol. Ele tem esse dom e vai usá-lo da melhor maneira possível. Se o Diniz colocá-lo para jogar, vai dar conta do recado", banca Écio sem medo de errar.
A torcida por Endrick se estende à Associação dos Servidores do Senado Federal (Assef). "Fico arrepiado de imaginar que ele pode estrear", diz à reportagem seu Evaldo Costa, o Grande. O conselheiro do clube é antigo parceiro de pelada do pai da joia. "Enquanto a gente jogava, ele batia bola do lado de fora, um menino esfomeado. Não queria saber de piscinas, só de jogar. Ia para dentro do campo no intervalo. O Endrick é resultado da luta de um casal pelo sonho do filho", resume o comovido Evaldo.
De tanto brincar na Assef, Endrick ganhou carteirinha do clube para treinar na escolinha do Porto à época, atual Dois Toques. "Nós víamos que ele era diferente, coisa de doido", recorda o técnico de base Edmardo Singo.
Fernando Diniz endossa os elogios presencialmente. "É um jogador muito especial. Vejo potencial gigantesco. Pode no futuro se tornar um daqueles jogadores lendários do futebol brasileiro. Mas isso o tempo vai confirmar", afirmou o técnico da Seleção na entrevista de ontem.
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