BOLA DE PRATA

Suárez e Abel Ferreira valorizam a família em ano de desgastes e exigências

Protagonistas de Grêmio e Palmeiras se humanizam e valorizam suporte nos bastidores ao serem eleitos os melhores jogador e técnico do Brasileirão 2023

Concorrentes durante 235 dias, Suárez e Abel Ferreira tiveram momento de confraternização durante premiação do Brasileirão promovida pela ESPN -  (crédito: Fotos: Divulgação)
Concorrentes durante 235 dias, Suárez e Abel Ferreira tiveram momento de confraternização durante premiação do Brasileirão promovida pela ESPN - (crédito: Fotos: Divulgação)
Marcos Paulo Lima — Enviado especial
postado em 07/12/2023 23:34 / atualizado em 07/12/2023 23:35

São Paulo — A cerimônia da Bola de Prata 2023, nesta quinta-feira (7/12), na capital paulista, mostrou uma outra faceta dos protagonistas dos 380 jogos distribuídos em 38 rodadas durante 235 dias de Campeonato Brasileiro. Eles não são máquinas. Todos amam, choram e precisam descansar. A carga emocional atingiu o ápice no palco da entrega dos prêmios. Família, uma palavrinha tão esquecida em tempos de relações cibernéticas com a tela do smartphone, foi usada várias vezes pelos dois caras da temporada. Luis Suárez ganhou Bola de Prata, como um dos melhores atacantes, e a Bola de Ouro dedicada ao número 1 da Série A. Abel Ferreira levou para casa a estatueta de melhor técnico pelo segundo ano consecutivo. Em comum? O centroavante uruguaio e o dono da prancheta português permitiram que lágrimas caíssem dos olhos.

Alvo de uma proposta tentadora do Al-Sadd, o clube mais rico do Catar, o técnico Abel Ferreira teve coragem para tocar em um assunto chutado para escanteio: o egoísmo. Questionado sobre a permanência ou não no Palmeiras na temporada de 2024, o treinador de 42 anos comportou-se como se estivesse em uma sessão de terapia. Agiu como um paciente no divã e expôs pontos fortes e fracos do temperamento diante da companheira, Ana Xavier, e das filhas Inês e Mariana, todas devidamente acomodadas na plateia e de malas prontas para as férias em Portugal.

"A única coisa que posso dizer é que vou decidir com o coração e com a cabeça. O futebol tem um impacto muito negativo na nossa formação quanto homens e mulheres, que é por sermos muito egoístas e egocentristas. E por isso que é muito difícil gerir ego no futebol. Tem a ver com a formação", discursou Abel Ferreira.

Antes de citar a família, ele fez um paralelo entre as divisões de base, a ascensão ao elenco profissional e a família. "Quando estamos no sub-12, 13, 14, lutamos com um colega para jogar no time. Quando vamos para o profissional, é a mesma coisa. Quase somos educados para o egocentrismo, para o "eu". Nesses últimos anos, fiz as escolhas baseadas no que era melhor para a minha carreira. Não o que era melhor para minha família. Chegou a hora de pensar neles".

Emocionado, Abel Ferreira teve um momento de pausa. Acostumado a falar em voz alta e com o dedo em riste no contato com a imprensa, humanizou-se no palco e falou em nome dos colegas de profissão em atividade no Brasileirão. "É a segunda vez que recebo esse prêmio e gostaria de compartilhar com todos os treinadores que trabalham no futebol brasileiro desde a Série D à Série A. É muito duro ser treinador aqui, é prazeroso, mas é duro. Muito difícil. Tenho tanto mérito no título quanto o Rogério Ceni salvar-se no último jogo", afirmou. Bombardeado sobre a permanência no clube, cedeu em uma resposta: "Eu acho que sim".

Luis Suárez também sentiu o peso de jogar no Brasil. Emocionado ao receber uma Bola de Prata e o prêmio máximo, a Bola de Ouro, o uruguaio também desabafou depois de superar Hulk e Paulinho, ambos do Atlético-MG. "É difícil para um jogador de 37 anos, no ano em que mais joguei na minha carreira. Foi o ano em que mais fiquei longe da minha mulher e dos meus filhos. Esse trabalho e sacrifício foram para eles e teve recompensa", afirmou o vice-artilheiro, autor de 17 gols na Série A, com uma promessa. "Serei um gremista a mais, onde estiver", encerrou.

Vencedores 

Homens
Goleiro: Weverton (Palmeiras)
Zagueiros: Adryelson (Botafogo) e Murilo (Palmeiras)
Laterais: Mayke (Palmeiras) e Piquerez (Palmeiras)
Volantes: Villasanti (Grêmio) e Erick Pulgar) (Flamengo)
Meias: Arrascaeta (Flamengo) e Raphael Veiga (Palmeiras)
Atacantes: Luis Suárez (Grêmio) e Hulk (Atlético Mineiro)
Treinador: Abel Ferreira (Palmeiras)

Bola de Ouro: Luis Suárez (Grêmio)
Artilheiro: Paulinho (Atlético Mineiro)
Gol mais bonito: Endrick (Palmeiras) contra o Botafogo, no Estádio Nilton Santos Revelação: Endrick (Palmeiras)

Mulheres
Goleira: Luciana (Ferroviária)
Zagueiras: Day Silva (Ferroviária) e Luana (Ferroviária)
Laterais: Kati (Corinthians) e Yasmin (Corinthians)
Volantes: Brena (Santos) e Luana Berolucci (Corinthians)
Meias: Duda Sampaio (Corinthians) e Vic Albuquerque (Corinthians)
Atacantes: Aline Gomes (Ferroviária) e Jheniffer (Corinthians)
Treinador do futebol feminino: Arthur Elias (Corinthians)

Bola de Ouro: Aline Gomes (Ferroviária)
Artilheira: Amanda Gutierres (Palmeiras)
Gol mais bonito: Vanessinha (Cruzeiro) contra o São Paulo, no Estádio Marcelo Portugal
Revelação: Aline Gomes (Ferroviária)

*O jornalista viajou a convite do Grupo Disney/ESPN

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