Até onde você iria para seguir uma paixão? Para os torcedores do Fluminense, representante do Brasil no Mundial de Clubes, só há uma resposta para essa pergunta: Jeddah, na Arábia Saudita. Sede da competição organizada pela Fifa, a cidade se transformou no destino mais cobiçado de uma legião de tricolores em toda a terra. E, nos últimos dias, Brasília virou ponto de partida até lá. Rômulo Albino, 37 anos, e André Barbosa, 48, por exemplo, não mediram esforços e saíram da capital federal para, literalmente, cruzarem o planeta com o intuito de acompanhar de perto a competição mais importante história do clube carioca.
As horas de voo, o valor investido no deslocamento dos 10.345km de distância entre Brasília e Jeddah (se percorridos de maneira direta) viraram obstáculos pequenos diante do sonho de ver o Fluminense buscar o topo do mundo. Morador de Formosa, no Entorno do Distrito Federal, Rômulo fez o necessário para concretizar uma promessa feita, curiosamente, em um momento de tristeza. Presente no Maracanã na final da Liberadores de 2008, quando o Fluminense perdeu o título para a LDU, o empresário garantiu: iria onde fosse necessário, caso o tricolor um dia disputasse o Mundial.
Quinze anos depois, a oportunidade surgiu e ele partiu para vivenciar o ápice da experiência com o futebol. Na companhia de um primo, saiu de Brasília, fez escala em São Paulo, ficou em Doha, no Catar e, ontem, desembarcou em Jeddah para acompanhar as duas partidas do Fluminense no torneio da Fifa. A primeira delas nesta segunda-feira (18/12), às 15h, na semifinal diante do Al-Ahly. "Quando fomos vice na Libertadores, fiz a promessa de que poderia ser onde fosse, eu estaria presente. E aqui estamos para prestigiar o Fluzão jogar o Mundial. Estamos vivendo um sonho", garante.
Em Doha, Rômulo foi recepcionado por cinco dias pelo amigo Arthur Dietzoid. Morador da cidade e piloto da Qatar Airways, ele formou um verdadeiro QG tricolor na cidade do Catar ao lado de outros cinco torcedores: Bruno Dietzold, Marcelo Pereira, Rafael Alcântara (outro a partir de Brasília para o Mundial) e Leandro Pereira.
André também não teve logística fácil para chegar à Arábia Saudita. Morador do Jardim Botânico, o diretor comercial foi para São Paulo, parou em Istambul, na Turquia, até desembarcar em Jeddah. O desembarque estava previsto para esta manhã. Na aventura, a companhia de dois amigos, parceiros em viagens para acompanhar o clube. "Sonho antigo. Sempre pensei: 'no dia que o Fluminense for, independentemente de condição financeira, eu estarei'. Após final da Libertadores, providenciamos as passagens e a questão logística. Nunca houve dúvida que, quando acontecesse, iríamos", destaca.
Nos três dias sem jogos do Mundial, o destino do trio vai ser o Bahrein. A intenção é driblar as restrições da Arábia Saudita. Nos estádios do torneio, por exemplo, a bebida oficial é o chá. "Tudo que li a respeito é que é extremamente fechado e cheio de regras. Não poder beber uma cervejinha num momento desse dá uma bela desanimada no clima", desabafa.
Os dois torcedores da capital federal vão assistir às semifinais (a outra será entre Manchester City e Urawa Red Diamonds) e à decisão de sexta-feira. Mesmo com o sonho de conquistar o título, os tricolores têm como objetivo curtir a experiência ver o clube disputar um torneio de tanta proporção. "O Mundial é o ápice. Se perder, está tudo bem. Minha ideia é desfrutar de um momento que jamais imaginei viver", garante André. "Esse Mundial ficará para a história. Estamos muito confiantes. Porém, reconhecemos o favorecimento do Manchester City", complementa Rômulo, garantindo a intenção de secar os ingleses amanhã.
A principal meta do Fluminense, no entanto, é fazer a própria parte e eliminar o Al-Ahly. "Parece ser um time bem rápido, mas estamos todos confiantes no professor Fernando Diniz e no elenco. Muito pé no chão", pontua Rômulo. André acrescentou a necessidade de atenção com o rival. "Fiquei surpreso (com a classificação dos egípcios sobre o favorito Al-Ittihad). É um time chatinho. Foram várias vezes ao Mundial e à semifinal. Vai ser enjoado. É preciso tomar cuidado, mas acho que vai dar certo."
Distância superada, chegou a hora de os tricolores viverem o momento mais especial na paixão incondicional pelo clube. Uma experiência proporcionada apenas pelo futebol e pelo desejo único de estar ao lado do Fluminense na caminhada para pintar o mundo inteiro de verde, branco e grená.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br