A história justifica motivos para reescrever capítulos belos depois de uma má fase. Em um dia como hoje, 20 de dezembro, mas em 1998, a Sociedade Esportiva do Gama chegava ao ponto mais alto da instituição, quando conquistou o título do Campeonato Brasileiro da Série B, sobre o Londrina, no quadrangular final, batendo os paranaenses por 3 x 0.
Se bem os alviverdes sustentaram quatro temporadas na primeira categoria, as coisas já não são as mesmas há algum tempo. Desde 2022 — e incluindo a temporada 2024 — os gamenses não estão em qualquer divisão nacional, tendo somente o Candangão em seu calendário. A esperança para a volta dos dias melhores está nos pequeninos, na Escolinha de Futebol do time: ali, três atletas campeões há 25 anos trabalham na formação de novos atletas para as canteiras da equipe.
Um deles é o ex-zagueiro Gérson, que acredita no primeiro passo como garantia de um futuro melhor. “Tenho certeza que a chave para isso vai mudar através da base. Todo clube grande investe muito na base. Ela sustenta e dá suporte para construir grandes equipes. É um trabalho a longo prazo: a Escolinha é a semente e dela a gente tira os meninos que evoluem bem para colocar nos times de rendimento até chegar no profissional. É um plano de carreira. Isso vai trazer muitos frutos positivos para o Gama ou qualquer outra equipe de Brasília que faça esse trabalho”, indica.
O ex-atacante Romualdo fala sobre o valor histórico das categorias inferiores e do sentido de pertencimento local. "O Gama só se tornou aquela equipe que todo mundo conheceu no Brasil inteiro graças à base de atletas que foi formada em Brasília. A gente conseguiu ter êxito, ser reconhecido, então a base é super importante. O trabalho em uma escolinha valoriza muito um clube porque ele retoma aquele amor e alegria de jogar pelo clube da cidade", diz o ex-centroavante.
Um passado glorioso
A campanha campeã daquela Série B teve altos e baixos no avanço até a decisão. A classificação na primeira fase, pelo Grupo C, entre quatro grupos distintos. A primeira vitória veio apenas na quinta rodada, onde uma boa sequência garantiu a vaga. Após eliminar o Remo na segunda fase, passou pelo quadrangular da terceira fase, onde enfrentou Desportiva Ferroviária-ES, Criciúma e XV de Piracicaba.
A mesma configuração da competição se repetiu na fase final. A confirmação da taça se deu na rodada final, onde em um Mané Garrincha lotado onde encarou o já eliminado Londrina, precisando de um triunfo para garantir a vantagem sobre o Botafogo de Ribeirão Preto. William, Bala e Renato Martins foram os donos da festa ao marcar os tentos do 3 x 0, no primeiro título nacional da história do Distrito Federal.
Gérson descreve, duas décadas e meia depois, o que significa tal feito desde o próprio sentido para o clube. “Representa muito. Acho que não tem nem palavras para dizer. Até hoje a gente é recebido com muito carinho e respeito em toda Brasília. A gente, às vezes, nem sabe a dimensão dessa conquista. É uma história de conquistas que a gente passa para os filhos e netos. Me sinto muito honrado de ter participado dessa conquista e de ter feito parte dessa equipe”, descreve.
A data, em específico, teve um adeus no contexto histórico. O técnico de uma equipe da capital federal vencedora de um Brasileirão pela primeira vez, Vagner Benazzi, faleceu em maio deste ano. Ele ainda esteve em parte da temporada 1999 à frente do clube e chegou a treinar o arquirrival, Brasiliense, na Série B de 2003.
Para Romualdo, o treinador foi ponto fundamental na conquista desde o aspecto futebolístico e humano. "Sem ele, a equipe não seria campeã. Os métodos dele, um pouco questionados, talvez, nos dias de hoje, ninguém adotaria, mas ele era enérgico. Ele fazia questão de buscar dentro do coração e da mente dos atletas tudo aquilo que podia para contribuir com a equipe. Fazia a gente chorar com mensagens da família, se emocionar. Foi super importante. A partida dele faz muita falta, foi uma pessoa que fez diferença nas nossas vidas", relembra o pupilo.
*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima
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