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Karen Jonz celebra skate feminino em Brasília e comenta carreira musical

Referência na modalidade, paulista de 41 anos foi tietada pelo público candango durante a etapa do DF da SLS e conversou com o Correio sobre o legado no esporte; cantora, também lançou um álbum novo em janeiro

O skate brasileiro viveu um momento de apoteose na semana passada, com a etapa de Brasília da Street League Skateboarding (SLS) no coração do país, em frente ao Congresso Nacional. No entanto, antes dos campeões Rayssa Leal e Felipe Gustavo darem show para o público candango, a modalidade precisou de muito esforço até alcançar os grandes palcos do país e do mundo. Um dos nomes responsáveis por levantar essa bandeira, especialmente do feminino, foi Karen Jonz, que hoje vê os frutos das sementes plantadas ao longo das quase duas décadas de carreira.

O currículo da paulista de 41 anos fala por si só. Tetracampeã mundial, dona do primeiro ouro de uma mulher brasileira nos X Games e convidada para abrir a pista do skate park nas Olimpíadas de Paris-2024, Karen foi uma presença especial do evento na capital federal. Tietada pela torcida e até pelos atletas, ela assume que sempre conseguiu imaginar uma competição de elite desembarcando em Brasília e foi ainda melhor por ver o apelo do público nas baterias femininas.

“Estava refletindo sobre como é importante para mim poder ver a categoria feminina atingir todo esse potencial. Eu participava de campeonatos com homens, a maioria não tinha uma categoria para mulheres, não tinha premiação, então trabalhei muito para melhorar as coisas para nós. É uma felicidade ver eventos como esse em vida, não depois do meu tempo. Um dos meus grandes objetivos era ver mais mulheres andando de skate e hoje sei que é uma realidade", contou em entrevista ao Correio.

"Participei de campeonatos no mundo todo e em lugares icônicos, como a Torre Eiffel e o Cristo Redentor. Acho que o skate tem isso de querer aproveitar os espaços da cidade, ainda mais em Brasília, que temos obras tão importantes e a gente morre de vontade de andar, então sabia que um dia isso iria acontecer aqui", acrescentou.

Karen aproveitou a visita ao DF para andar de skate no Setor Comercial Sul e se encantou pela paixão dos moradores do quadradinho pela modalidade. Com novas pistas e obstáculos espalhados pelas regiões da capital, a tetracampeã acredita que a cidade esteja no caminho certo para evoluir cada vez mais no esporte radical.

"O pessoal de Brasília é especial, fiquei muito admirada com o tanto de gente que gosta de skate. Muitos vieram conversar, tirar foto, elogiar, acho que nunca estive em um lugar em que tive tanto reconhecimento. Quero voltar para cá mais vezes e interagir com a galera, porque o esporte está crescendo. Para crescer mais ainda, é preciso acreditar na potência que é o feminino, uma categoria que foi deixada de lado por anos, mas merece investimento e que as pessoas acreditem", analisou.

Hora do rock

Karen ainda treina no vertical ao menos duas vezes por semana, mas também dedica parte do tempo ao talento no mundo das artes. Ela lançou, no começo do ano, o segundo álbum de estúdio da carreira, Guizmo, com misturas de rock, emo e pop, além de influências da vida como skatista, que contribuíram na construção de um projeto musical introspectivo e pessoal.

Bernardo Calcado/Divulgação -

"Meu skate tem influência no meu lado artístico e vice-versa. Uma das músicas do disco se chama Quando eu cair, que é literalmente sobre cair e levantar, tanto no skate quanto na vida. Outra é Acidental, falando sobre esse lado mais vulnerável que temos, porque tem coisas que machucam mais que tombos", disse. "O álbum é um esforço consciente para permanecer no lado funcional, de como passar por certas coisas e continuar. É o fofo e o caótico, uma mistura entre doce e pertubador", explicou a cantora.

Trabalhando na versão deluxe de Guizmo, singles e clipes, Karen assume o desejo de voltar para Brasília e trazer o novo show que está montando. O carinho recebido na cidade fez o DF ganhar um espaço especial no coração da skatista.

"É muito louco, porque a gente vive muito virtualmente e não tem oportunidade de visitar alguns lugares. Quando a gente sai da rede social e chega em um local onde as pessoas te olham e falam que gostam de você, do seu trabalho, é surreal. Isso é raro hoje em dia e pude viver isso em Brasília. Quero trazer projetos para cá, aulas de skate, shows e tudo que toparem. Quem quiser é só mandar mensagem e a gente desenrola", brincou a tetracampeã mundial.

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