O Conselho de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) reconheceu Reinaldo, ídolo do Atlético Mineiro, como anistiado pela perseguição durante o período da ditadura militar no Brasil. Assim, o órgão concedeu, em votação unânime, perdão e definiu uma indenização ao ex-atacante.
Conhecido pela sua comemoração com os punhos cerrados para o ar, em forma de protesto contra a ditadura, Reinaldo alegou ter sido vítima de uma campanha de difamação durante o período. Além disso, também afirmou que foi impedido de atuar pela Seleção Brasileira por seu posicionamento político.
O perdão foi concedido em reunião da comissão do governo federal na última terça-feira (2). O Conselho se reuniu para analisar 21 pedidos. Assim, além do perdão, ficou definido que Reinaldo receberá uma indenização de R$ 100 mil.
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Reinaldo fala sobre anistia
Presente na sessão, Reinaldo se emocionou ao falar sobre o período. O ex-atacante, inclusive, chorou durante a reunião.
"Eu sou o Reinaldo, muitos me conhecem como um grande talento do futebol brasileiro. Talvez vocês se lembrem da minha trajetória nos campos, mas pode ser que muitos não saibam das lutas silenciosas que tive de enfrentar", disse Reinaldo.
"O regime militar, na sua ânsia de controlar tudo e perseguir quem pensava diferente, não usava só a violência física. eles criaram campanhas de difamação, verdadeiras operações para acabar com a reputação e a vida social de pessoas que eles consideravam inimigos ou ameaças ao poder deles", completou Reinado.
Hoje com 68 anos, Reinaldo atuou pelo Atlético por 12 anos, entre as décadas de 1970 e 1980. Em resumo, ele conquistou oito títulos do Campeonato Mineiro pelo Galo. Na Seleção Brasileira, ele disputou a Copa do Mundo 1978.
"Queriam calar a minha voz, diminuir a minha força, e acabaram com a minha vida e minha carreira. Essa forma de violência do Estado que ataca a honra, a imagem e a dignidade é tão grave quanto as outras e busca destruir as pessoas por dentro, tirando seu lugar no mundo e no futuro. É uma violência que deixa marcas profundas e duradouras, mesmo que a gente não veja", finalizou Reinaldo.
