FUTEBOL BRASILEIRO

Meninos do Rio: protagonistas da decisão da Copa do Brasil estão nas áreas

Troféu pode mudar patamar de duas joias. Cria da Barreira do Vasco, Rayan tenta brindar time com bi e artilharia isolada. Nascido em Duque de Caxias, Hugo Souza espera coroar Corinthians com tetra no palco da maior falha

Eles são Meninos do Rio. Provocam arrepio, tensão flutuante nos adversários marcando gol no caso da joia do Vasco Rayan Vitor Simplício Rocha, de 19 anos, ou evitando, tarefa do goleiro Hugo de Souza Nogueira, 26. A final da Copa do Brasil, hoje, às 18h, vai mudar o patamar de um dos dois personagens cariocas da gema no confronto de volta no Maracanã. O primeiro jogo terminou 0 x 0 em São Paulo. Nova igualdade levará a decisão do segundo título títulos mais importante do país, das vaga para a Libertadores e a Supercopa Rei, do prêmio de R$ 77.175.000 líquidos ao campeão e de R$ 33.075.000 ao vice para as cobranças de pênalti. Não há prorrogação.

Cria da Barreira do Vasco, comunidade localizada nos arredores de São Januário, Rayan pode conquistar o primeiro título profissional com a camisa cruzmaltina e terminar o torneio com status de artilheiro isolado. Do outro lado, o goleiro Hugo Souza tem a oportunidade de superar um trauma cinco anos atrás no início da carreira, quando havia sido promovido da base ao elenco profissional do Flamengo e falhou na Copa do Brasil.

Rayan experimenta uma temporada mágica. São 20 gols em 56 partidas neste ano. Cinco deles na Copa do Brasil. Divide o primeiro lugar com o elimindo Kaio Jorge do Cruzeiro. Se balançar a rede pela sexta vez no mata-mata nacional, assumirá sozinho o primeiro lugar. Insaciável, o jogador revelado pelo Vasco é "fominha": só tem uma assistência em 2025.

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O elo com o Vasco vem dos avós. Ademir e Taninha foram morar na Barreira do Vasco nos anos 1970. Da relação do casal nasceu Valkmar, ex-zagueiro do Gigante da Colina no período de 1995 a 2000. Ele conheceu Vanessa, funcionária administrativa do clube. Primeiro tiveram Rayanna, de 26 anos. Em 3 de agosto de 2006 veio Rayan, 19.

O ponta-direita canhoto é a sensação no país na temporada. Recebeu o prêmio de revelação do Brasileirão 2025 e está valizado. A multa rescisória para tirá-lo do Vasco custa 80 milhões de euros, aproximadamente R$ 500 milhões. Talentoso e versátil, o canhoto tem mobilidade para jogar aberto na direita, onde prefere, no papel de falso 9 ou na extrema canhota. Depende da opção do técnico. Pode atuar até como ponta de lança. O repertório levou Fernando Diniz a mandar o centroavante Vegetti para o banco de reservas.

O bicampeonato do Vasco, 14 anos depois do título inédito da Copa do Brasil contra o Coritiba em 2011, no Couto Pereira, pode significar a festa de um torcedor da favela transformado em protagonista do fim do jejum cruzmaltino em competições nacionais. O último troféu do time é o Campeonato Carioca de 2016 na final contra o Botafogo.

"Estou no Vasco desde os seis anos. Praticamente cresci lá dentro. Sair da Barreira e estar no Vasco, onde meu pai jogou, teve uma história", comemora o alvo de clubes de ponta da Europa. O Real Madrid acena com oferta de 50 milhões de euros (R$ 323 milhões). Com passagem por todas as seleções de base, Rayan tem o nome sugerido a Carlo Ancelotti.

"O Rayan é um talento raro. Vai deslanchar na carreira e ser um jogador top de linha no Brasil e na Europa. Tem um potencial enorme. Desde que cheguei, tento colocá-lo em uma posição que tem de ocupar no cenário do futebol brasileiro. É muito diferente e com uma competência muito alta. Está aprendendo a se desenvolver e se enxergar. A hora que ele enxergar o tamanho que pode ter, acredito que vai ter uma carreira brilhante" derrete-se o técnico Fernando Diniz. O comandante cruzmaltino potencializou jovens talentos como Gabriel Sara no São Paulo e John Kennedy no Fluminense, autor do gol do título do Fluminense justamente no Maracanã na final Libertadores de 2023 contra o Boca Juniors.

"A nossa torcida vai estar no Maracanã, esgotou todos os ingressos. Vai fazer uma festa linda. Se Deus quiser, vamos sair com a vitória e sair campeão de lá", projetou Rayan depois do empate por 0 x 0 na Neo Química Arena, em São Paulo, na última quarta-feira.

Redenção

O goleiro Hugo Souza é cria de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O Maracanã nem sempre foi um paraíso para o jogador de 26 anos, revelado nas categorias de base do Flamengo. Em 11 de novembro de 2020, ele conheceu o inferno no estádio nas quartas de final da Copa do Brasil. A dificuldade para sair jogando com os pés fez com que ele perdesse a bola para Brenner na tentativa de driblar o adversário e encaminhou a eliminação rubro-negra na derrota em casa por 2 x 1. Rogério Ceni estreava como treinador do time carioca. Na volta, o tricolor paulista encerrou a série com vitória por 3 x 0 no MorumBis.

Exaltado na estreia contra o Palmeiras no gol de um Flamengo mutilado pela pandemia do coronavírus, Hugo Souza teve exibição épica no Allianz Parque. Meses depois, lidou com o peso das críticas. "Futebol é todo dia. Pude sair como destaque do time em vários jogos de forma positiva. Hoje, infelizmente, errei. A falha vai acontecer. Todo mundo falha, todo mundo erra, todo mundo é ser humano", desabafou o jogador.

O mundo de Hugo Souza deu voltas. Os dois títulos do Carioca (2020 e 2021), a Supercopa do Brasil (2021), a Copa do Brasil e a Libertadores (2022) e o Brasileirão (2020) não o mantiveram no Ninho do Urubu. Deixado de lado no Flamengo, viveu período de "exílio" no Chaves de Portugal antes de ter as portas abertas pelo Corinthians na sucessão de Cássio.

Comprado no início deste ano por 800 mil euros, Hugo Souza virou intocável debaixo das traves do Timão. O anjo da guarda nas decisões por pênaltis, com 10 defesas em 88 partidas pelo Corinthians, retornará hoje ao Maracanã para apagar definitivamente o erro na Copa do Brasil de 2020 da memória. Curiosamente em um duelo contra Fernando Diniz, técnico do São Paulo naquela época, hoje dono da prancheta do Vasco.

"É o dia que todo esperou o ano inteiro chegar. Acho que o principal é controlar a ansiedade controlar todo esse sentimento de querer vencer, fazer história e transformar isso em motivação para que a gente possa fazer um grande jogo, buscar o nosso sonho", disse o camisa 1 em entrevista a Corinthians TV.

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