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Enem

Adiamento do Enem afeta ingresso de alunos em faculdades particulares

Mudança nas datas da prova compromete a entrada de novos alunos no primeiro semestre de 2021, segundo levantamento da Abmes divulgado nesta terça-feira (28)

A mudança nas datas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pode prejudicar o ingresso de estudantes na rede particular de ensino superior no primeiro semestre de 2021. É o que aponta a 4.ª fase da pesquisa “Coronavírus e educação superior: o que os alunos pensam”, divulgada nesta terça-feira (28/7), elaborada pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) em parceria com a empresa de pesquisas educacionais Educa Insights. 

Em 8 de julho, o Ministério da Educação (MEC) anunciou as novas datas de aplicação das avaliações, alterando de 22 e 29 de novembro deste ano para 17 e 24 de janeiro de 2021, com a divulgação das notas finais marcada para 29 de março. Só após a divulgação dos resultados serão abertos os prazos para os processos de seleção dos programas de acesso, bolsas e financiamentos, o que pode comprometer toda a programação acadêmica do primeiro semestre.

Para 76% dos entrevistados, a principal razão de fazer o Enem neste ano é conseguir o melhor desconto possível ou bolsa de estudo, 39% desejam ingressar no primeiro semestre do ano que vem. Em contrapartida, 38% vão decidir apenas quando tudo normalizar. De acordo com a pesquisa, 3,5 milhões --dos 5,8 milhões inscritos no vestibular,- devem buscar uma vaga nos cursos das instituições privadas de ensino superior e dependem da divulgação do resultado da avaliação do Ministério da Educação para cursar a graduação.

O diretor-executivo da Abmes, Sólon Caldas, explica que o adiamento do Enem acabou causando um comprometimento no calendário acadêmico.“O Enem é uma porta de entrada na educação superior das instituições públicas e privadas. O adiamento da data implicou em um resultado do exame a partir de 29 de março. Essa data inviabiliza a entrada de novos estudantes no ensino superior no primeiro semestre de 2021”, diz. As consequências, segundo Celso Niskier, presidente da Abmes, serão refletidas em um apagão da mão de obra nos próximos anos, principalmente nos setores que futuramente iriam auxiliar na recuperação econômica e social do país.

 

ABMES/ Reprodução - Estudantes optam por começar a graduação no primeiro semestre de 2021. O modelo EAD é o mais escolhido
ABMES/ Reprodução - Independente das circunstâncias de trabalho, metade dos entrevistados optam por dar continuidade aos estudos
ABMES/ Reprodução - Mais de 60% dos estudantes escolheram dar continuidade aos estudos, mesmo em cenário pandêmico
ABMES/ Reprodução - Gráfico mostra que grande parte do estudantes opta entrar na faculdade após o resultado do Enem, pois dependem de bolsas e financiamento

 

Segundo dados do Censo da Educação Superior de 2018, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), o Enem é responsável por 93,4% da oferta de educação superior do país, considerando as modalidades presencial e EAD. Quanto às matrículas nas instituições particulares de educação superior em 2018, as notas do Enem foram responsável por 70,2% de todas as matrículas realizadas em cursos presenciais no país e 91,6% das matrículas nos cursos EAD.

Pandemia adia ingresso na faculdade


A pesquisa da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) ouviu estudantes que planejam iniciar um curso superior, presencial ou EAD, nos próximos 12 meses. Igualmente preocupados com os impactos da pandemia no atual momento do país, apenas 14% dos entrevistados declararam planejar o início do curso de graduação neste segundo semestre. Uma queda de oito pontos percentuais em relação à primeira apuração, em março. Esse público adiou os planos, em grande parte, para o início de 2021. Eram 30%, no início da pandemia, e se tornaram 39% na pesquisa de julho.

Entre os interessados em se matricular agora nos cursos na modalidade a distância houve um aumento com relação aos resultados obtidos na 3ª e 4ª fases da pesquisa.De um índice de 30%, a intenção subiu para 34%. Mas com relação aos cursos presenciais, houve um movimento contrário: se em março o plano de 16% dos estudantes era começar em agosto, apenas 5% confirmaram na 4ª fase do estudo da Ambes que pretendem se matricular na. Para essa modalidade de ensino, 45% deixarão para decidir o início da graduação com o fim da pandemia.

 

Efeitos da pandemia


Apesar de os impactos negativos da pandemia do coronavírus, as instituições de ensino superior estão dispostas a driblar os danos, motivando a rematrícula e oferecendo descontos para os alunos que foram economicamente prejudicados, para que, assim, não haja uma perda significante de universitários no segundo semestre de 2020.

Em julho, pelo menos 71% das universidades procuraram os estudantes para realizar a rematrícula e 53% ofereceram condições diferenciadas para auxiliar no pagamento das mensalidades. Em 47% dos casos, foi ofertado desconto por até três meses; 15% receberam redução dos valores por até seis meses e 9% por mais de seis meses. O esforço das instituições privadas de ensino superior revelou um resultado positivo, 94% dos alunos matriculados vão prosseguir com os estudos, independente da pandemia ou de qualquer outro risco de desistir.

Esse índice é o mesmo encontrado nos levantamentos da 1ª e 3ª fase da pesquisa, feitas em abril e junho, respectivamente. Entretanto, em julho, aumentou em 13 pontos percentuais os entrevistados que mantém a decisão de continuar, não importa o cenário: subiu de 52%, em junho, para 65%, em julho. Em contrapartida, os que declararam ter risco de desistência, apesar da intenção de permanecer matriculado, diminuíram de 42% para 29%, no mesmo período. Apenas 6% consideram desistir do curso.

Dos fatores que mais poderiam influenciar uma possível desistência do curso, 63% apontou preocupação com a manutenção do emprego. Outros 17% disseram temer que seus pais ou responsáveis não consigam arcar com as mensalidades. Além disso, 5% dos entrevistados apontaram a dificuldade de adaptação ao modelo de aulas virtuais. Outros 11% afirmaram que poderiam desistir do curso para outros financiamentos e 4% deixariam o curso caso não fossem interrompidas as aulas presenciais diante do risco de contaminação ao Covid-19.

A retomada da jornada de trabalho daqueles que participaram da apuração também reflete nos índices. Dos entrevistados, 64% teve baixa influência. Desse percentual, 31% declararam não ter tido mudanças ou já voltaram às atividades; 18% tiveram redução de 25% da jornada e 14% já não exerciam atividade remunerada. Já os que tiveram um impacto médio, com redução da metade da jornada, encolheram de 11% para 5% em comparação com a fase anterior.