Com a disseminação do coronavírus, a sociedade brasileira teve que se adaptar a uma nova rotina. Isso vale também para as crianças e adolescentes, visto que foi necessário barrar a ida para escolas, academias e clubes, mudando completamente a vida dessa geração mais nova. Com estas limitações, a prática de atividades físicas foi, igualmente, interrompida para minimizar a transmissão da doença. As atividades que movimentavam o corpo foram substituídas, principalmente, pelas telas de televisão, notebook, celulares e tabletes.
Sabe-se que o exercício é um forte aliado da saúde física e mental. Atualmente, existem resultados positivos comprovados sobre a relação da prática de esporte, em todas as idades, e o tratamento de transtornos psiquiátricos, como alterações de humor, estresse e depressão. A sensação de bem-estar gerada por qualquer tipo de modalidade esportiva é muito significativa, visto que é possível melhorar a qualidade de vida, a capacidade funcional, a imunidade, o humor e a qualidade do sono.
No entanto, diferente dos adultos,a barreira imunológica das crianças ainda está em desenvolvimento e a ausência de atividades físicas pode ter um impacto ainda maior sobre a saúde. Por isso, durante a quarentena, os pais precisam buscar alternativas para manter as crianças ativas, mesmo dentro de casa. Essa prática, além de fortalecer o sistema imunológico, auxilia na linguagem corporal e desenvolve a capacidade afetiva e intelectual.
Ajudar nas tarefas domésticas e realizar as atividades em horários preestabelecidos, dando preferência àquelas que envolvem todos os membros da família, como dançar, pular corda, fazer polichinelo, brincar de pique-esconde, dança das cadeiras e jogar bola são excelentes estratégias para movimentar as crianças.
Nesse momento, o improviso é um grande aliado para tornar esses momentos mais atrativos e divertidos. É possível, por exemplo, montar equipamentos com móveis, calçados, latas, bolas de meias, baldes, garrafas pets e cordas, os transformando em obstáculos ou brinquedos. É importante envolver também as crianças na construção destes materiais, pois há o estímulo no momento da criação capaz de aguçar a imaginação.
Para os jovens e adolescentes, o desafio torna-se maior. A demanda com estudos nessa faixa etária é grande e tende a gerar estresse e ansiedade. A facilidade de acesso aos recursos tecnológicos também acabam tomando parte do tempo e atenção deles. Portanto, é necessário criar estratégias para motivá-los. Nesta fase em que estão muito preocupados com a estética, apresentar resultados como ganho de músculos e perda de peso é um argumento bem atrativo. Gradativamente, eles vão percebendo os ganhos relacionados à memória, concentração e diminuição do estresse.
Para incentivar à prática de atividades físicas nessa faixa etária, podemos utilizar o método chamado “pausa estratégica” para organizar a rotina. Essa pausa gera reposição energética e oxigenação cerebral. Para que eles tenham maior interação com a proposta, tornar cada atividade um desafio a ser cumprido ou transformar em competição, oferecendo pequenas recompensas, é uma maneira bem eficiente de motivar a realização dessas atividades.
Diante de tantas possibilidades para a prática de atividades em diferentes espaços e com o suporte de aulas e atividades oferecidas em plataformas digitais ou de livre acesso, podemos afirmar que a falta de tempo ou mudanças ocasionadas com a chegada da pandemia não é mais desculpa para manter o sedentarismo. Envolver a família nesse momento de descontração e relaxamento irá gerar novos hábitos e, além disso, proporcionará excelentes ganhos em qualidade de vida. Com isso, podemos construir um novo normal com pessoas mais saudáveis, felizes e bem dispostas.
* Professor de Educação Física e Esportes do Colégio Seriös, em Brasília.