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IFs suspendem provas presencias para seleção de alunos

Em função da pandemia, o processo seletivo para 2021 será por meio de sorteio de vagas. No Distrito Federal, essa alternativa de acesso é adotada desde 2008

Considerando as medidas preventivas de distanciamento social impostas pela pandemia do coronavírus, o Conselho Superior do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) aprovou a seleção de novos alunos para o primeiro semestre de 2021 por meio de sorteio. Antes, o processo seletivo para os cursos técnicos ocorria presencialmente, com provas escritas. A decisão foi divulgada em 7 de outubro pelo conselho. 

Entre os outros institutos que também farão sorteio de vagas para o primeiro semestre de 2021 estão o Instituto Federal do Acre (IFAC), Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e IFSul de Minas.


Segundo a Resolução nº 62/2020, em que consta a decisão, alguns Institutos Federais já utilizam o sorteio público para o ingresso, como é o caso do Instituto Federal de Brasília (IFB). Em nota, a assessoria do IFB explica que a seleção por sorteio ocorre desde a criação do instituto, em 2008. “A Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica é composta por 38 Institutos Federais que têm autonomia para definir a forma de ingresso de seus estudantes. No IFB, o Processo Seletivo ocorre por sorteio de vagas, desde sua criação em 2008.”, pontua.


Para os cursos superiores a forma de seleção será pela nota geral do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de anos anteriores (2015 a 2019) para 70% das vagas e por análise do histórico escolar do ensino médio para 30% das vagas.


Injustiça


A decisão, portanto, não agradou. A União Estadual dos Estudantes (UEE/MT), entidade filiada à União Nacional dos Estudantes (UNE), publicou nota pedindo o adiamento do processo seletivo. Para a entidade, a decisão de utilizar notas anteriores do Enem e análise de histórico prejudica todos os estudantes que estão cursando o ensino médio e o destino dos estudantes não pode ficar a mercê de um sorteio.


“Nenhum deles teve acesso aos seus resultados do Enem, mesmo que tenham o feito como trainee, e prejudica ainda mais aqueles estudantes oriundos de escola pública que neste momento vivem a realidade de uma flexibilização remota cheia de problemas, e sequer é possível imaginar qual será o resultado dos processos avaliativos desses estudantes.”, argumenta.


Estudante de agrimensura integrado ao ensino médio no IFMT, Amanda Angelossi, 17 anos, é contra a decisão do Conselho Superior do instituto. A jovem afirma que não é um método justo, tanto para os que ainda vão ingressar quanto para os que tiveram que fazer a prova. “Muitos alunos estão estudando há meses para fazer a prova porque acreditam que o IF é uma oportunidade de ensino de qualidade. Fazer com que o futuro desses jovens dependam somente da sorte é muito injusto. A educação não pode depender da sorte.”, afirma.

Arquivo Pessoal - A estudante de agrimensura Amanda Angelossi, 17 anos, não compactua com a ideia de sortear as vagas do IF. Para ela, há opções melhores


A jovem ainda questiona a decisão e afirma que outras alternativas seriam mais cabíveis para um processo seletivo sem contato. “A prova poderia ser feita de forma virtual e, até mesmo, presencial com as devidas medidas de segurança. Afinal, a prova do Enem, que é um exame de proporção muito maior, será aplicada. Por que a prova do IF não pode?”.


No Twitter, alunos do IFMT criaram um perfil contra a seleção por sorteio e hashtag #IFsemsorteio para manifestar suas opiniões opostas à decisão. “Cremos que a medida adotada pelo Conselho Superior não seja justa”, protestam.

*Estagiária sob supervisão de Ana Sá