Educação

Pesquisa mostra visão dos alunos sobre o futuro do ensino no Brasil

Estudo da Minds & Hearts ouviu 1.099 alunos e revela percepções sobre os avanços na educação, ensino a distância, Enem e cursos complementares

EuEstudante
postado em 03/11/2020 13:20
 (crédito: Jeshoots/Unsplash)
(crédito: Jeshoots/Unsplash)

A Minds & Hearts, empresa de pesquisas com foco no entendimento do comportamento humano, efetuou um levantamento sobre Expectativas do Ensino no Brasil, com objetivo de entender como os alunos veem o ensino nos próximos anos. O estudo também analisou o que eles mudariam se fossem responsáveis por melhorar a educação do Brasil. Ao todo, participaram 1.099 alunos da rede pública e particular do Brasil, com idade entre 15 e 44 anos, durante o período de 13 de setembro a 5 de outubro.

A vivência do ensino durante a pandemia trouxe nova perspectiva sobre a educação para os estudantes brasileiros. A experiência das aulas remotas, no modelo atual, está longe de agradar a maioria deles, evidenciando o anseio dos alunos por profundas mudanças no sistema educacional, como a criação de novos métodos de avaliação, melhor remuneração dos professores, maior interatividade nas aulas e participação dos pais no processo educacional.


Ensino durante a pandemia

A pesquisa abordou como a pandemia da Covid-19 mudou drasticamente o ensino. O isolamento social impôs muitas adaptações e uma das áreas com maiores mudanças foi a educação. O ensino a distância (EAD) já era realidade para alguns, contudo pais, filhos e educadores precisaram viver uma nova forma de educação. O estudo revela que 66% dos estudantes estão odiando a experiência.

Somente 8% das pessoas entrevistadas já estudavam remotamente, enquanto 90% conheciam apenas cursos presenciais. Agora, 47% dos estudantes passaram a ter cursos on-line, 17% por vídeo-aula, 16% fazem ambas as formas e 3% afirmaram ter aulas híbridas. No total, 13% disseram que estão com as atividades educacionais interrompidas. Quando perguntados se estão gostando ou não das aulas virtuais, 66% confessaram que estão odiando ou curtindo quase nada. Alunos de escolas públicas são os que reclamam menos do sistema remoto.


Aspectos positivos e negativos

O estudo também perguntou quais seriam as partes positivas da educação on-line. Para 29% dos entrevistados, o destaque positivo fica por conta dos recursos de tecnologia utilizados. Já 14% afirmaram que conseguem se concentrar mais.

Em contrapartida, quando questionada a parte negativa, ficou evidente que as aulas remotas deixam a desejar. Para 45% dos pesquisados, esse modelo faz com que aprendam menos. Na opinião de 42%, o problema é a falta de concentração. Ademais, 40% reclamam do excesso de tarefas e 37% sentem falta das aulas práticas, incluindo laboratórios e educação física. Nos casos de 36% dos estudantes, a dificuldade é não conseguir tirar dúvidas.

Na avaliação do aprendizado, 67% revelaram estar aprendendo menos do que antes da pandemia. Para 20% está igual, e 9% acreditam que aprenderam mais nesse período. Adicionalmente, o levantamento questionou sobre o modelo ideal de ensino depois da pandemia. Entre os entrevistados, 47% gostariam que não existisse EAD e 46% esperam um modelo híbrido, com aulas on-line e presenciais.


Novos meios de avaliação


Uma das principais expectativas – para 60% dos entrevistados – é o desenvolvimento de novos métodos de avaliação dos alunos que não sejam apenas provas convencionais. Eles também afirmam que seria importante se os professores fossem mais valorizados, principalmente pelo pagamento de melhores salários. Para 56%, o caminho está em romper com o modelo mais convencional de aulas, mais interativas, com maior troca de ideias entre alunos e professores. Já para 52%, o ensino deveria contribuir com a conscientização social, promovendo mais ações para combater o racismo, e esse mesmo percentual respondeu que melhoraria a capacitação dos professores e que integraria o ensino médio às experiências corporativas, para aumentar a vivência profissional.

Os entrevistados também acreditam que a participação dos pais na educação dos filhos, desde o começo dos estudos, pode fazer a diferença no desenvolvimento, bem como pode contribuir para ampliar a visão de mundo. De acordo com 82% dos entrevistados, é preciso acompanhar a vida escolar dos filhos desde o início. Já 85% acreditam que os pais deveriam estimular a leitura na infância e 74% acreditam que os pais deveriam incentivar os filhos a conviverem com diversidade de pessoas e pensamentos.


Exigência de diploma


O diploma universitário continua sendo muito valorizado para entrada no mercado de trabalho, por isso 91% consideram que o diploma é importante ou muito importante para ingressar no mercado. Somente 4% não acham relevante e 5% são indiferentes. Os alunos de escola pública são os que veem maior diferencial no diploma: 94% contra 84%.

Segundo a pesquisa, 62% dos alunos que estão no ensino médio pretendem prestar o Exame Nacional do Ensino Médio no ano que vem, sendo que 45% apontaram como principal razão poder ter acesso a bolsas de estudos ou programa de financiamento. Fazer parte do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), para ser selecionado por alguma instituição pública, foi a resposta de 31% dos entrevistados. Além disso, 24% afirmaram que iriam fazer somente para ter uma primeira experiência com a prova e não para entrar na faculdade.

A pesquisa Expectativas do Ensino no Brasil ainda verificou a intenção de fazer algum curso complementar de nível técnico ainda neste ano. Inglês ou outro idioma foi apontado por 45% dos entrevistados. A área de tecnologia da informação é o desejo de 19%, seguida de gestão e negócio (13%) e design (9%). Para o próximo ano, 19% disseram que não pretendem fazer um curso técnico. Dos 81% que disseram sim, 44% também farão outro idioma.

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