EDUCAÇÃO

Comunidade escolar se prepara o início do ano letivo

Sem definição de quando retomará as atividades de ensino presencial, famílias que têm filhos matriculados ou que vão efetuar a inscrição nas escola públicas enfrentam incertezas

Cibele Moreira
postado em 16/01/2021 06:00
 (crédito: Arquivo Pessoal)
(crédito: Arquivo Pessoal)

“O ano letivo de 2021 será desafiador”. É com essa afirmação que o presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal (Aspa-DF), Alexandre Veloso, define o cenário escolar na capital neste ano, tanto na rede pública quanto nas escolas particulares. Ainda em meio à pandemia da covid-19, professores e estudantes vão encarar uma realidade diferente, com o retorno da rotina adaptada para as normas de prevenção ao novo coronavírus, além de recuperar o conteúdo perdido em 2020. “Ao menos, na rede de ensino privada, devemos ter um número maior de alunos que vão começar o ano letivo na modalidade presencial em comparação ao ano passado. No entanto, há famílias que vão manter o ensino remoto até terem mais segurança”, afirma Velozo.

Sem definição de quando retomará as atividades de ensino presencial, famílias que têm filhos matriculados ou que vão efetuar a inscrição nas escola públicas enfrentam incertezas. Questionada pela reportagem sobre como estão os preparativos para 2021, a Secretaria de Educação (SEDF) preferiu não responder. “Não temos muita informação da secretaria, o que nos preocupa. Temos um mês, praticamente, para o início do ano letivo. Se vão manter o ensino a distância, se vão retornar para o presencial e como será esse retorno. Tudo isso precisa ser avaliado e passado para os pais também, para eles terem conhecimento e poder participar desse processo”, pontua Alexandre Veloso.

Em relação às instituições particulares, Veloso ressalta que pais ou responsáveis têm de ficar atentos para as regras de cada escola. “Tem colégio que vai manter o rodízio, outros que vão ter ensino híbrido, cada escola terá um cronograma”, ressalta. Segundo ele, houve uma migração entre os alunos da rede privada para a rede pública. “Não temos números precisos de quantos foram, mas alguns pais relataram à associação sobre essa mudança. E os motivos são diversos, pela perda de renda causada pela pandemia, pelo aumento da mensalidade ou porque a escola diminuiu a quantidade de vagas ofertadas”, detalha.

De acordo com a Secretaria de Educação, cerca de 31 mil novos alunos demonstraram interesse em vagas na rede pública, até o momento. No início de 2020, a pasta contabilizou 38 mil novos estudantes. O período de matrículas está previsto para a primeira quinzena de fevereiro, o que pode variar no dado geral de entrada dos estudantes no ensino público. A pasta afirma que não há informações oficiais sobre a origem das inscrições, porém parte vem da rede particular. É o caso da Lara Regis, 12 anos, que vai cursar o 7º ano do ensino fundamental na rede pública. A mãe, Nádila Regis, 45, conta que optou pela mudança por questões financeiras. “Decidimos colocá-la na escola particular no ano passado. No entanto, com a pandemia e o ensino remoto, enfrentamos, na pele, a dificuldade dessa transição. Foram mais de R$ 15 mil em investimentos que não vimos diferença. Para não correr o risco da perda financeira optamos pela transferência dela”, relata Nádila, que é professora na rede pública.

1,3 mil demissões

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, cerca de 1,3 mil professores foram demitidos na rede de ensino particular do Distrito Federal. O número foi divulgado pelo Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep-DF). Na primeira quinzena de janeiro de 2021, 400 docentes perderam o emprego, e o quantitativo ainda pode aumentar, chegando a mais de 600 rescisões de contratos, segundo o diretor jurídico do Sinproep, Rodrigo de Paula.

“Todo ano, temos um grande volume de rescisões, mas o que ocorre de diferente desta vez é que os professores estão saindo, mas não estão conseguindo colocação no mercado de trabalho”, analisa Rodrigo de Paula. Para a presidente do Sindicato de Estabelecimentos Particulares do Distrito Federal (Sinepe-DF), Ana Elisa Dumont, as demissões não vão impactar na qualidade de ensino ofertado nas escolas. “Todos os setores estão passando por readequações, acredito que não vamos ter um impacto negativo em relação a isso. O que estamos orientando para as instituições é que, em caso de rescisão, que se mantenham dentro da legislação vigente e respeite a convenção coletiva da categoria”, afirma.

Aulas na UnB seguem virtuais

Em 1º de fevereiro terá início o próximo semestre letivo da Universidade de Brasília (UnB), o 2º/2020, e apenas as disciplinas práticas dos cursos de saúde terão aulas presenciais, mediante a aprovação do colegiado de cada curso. Os demais seguirão com aulas na modalidade a distância até o fim do semestre. A decisão foi tomada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe). Em reunião, em 14 de janeiro, 33 dos 38 membros optaram por manter o semestre 100% on-line. Um se absteve da votação.

O que pesou foi o aumento dos índices de contágio pela covid-19. “Se o DF repetir o cenário vivido na primeira onda de infecções, vamos refletir mais tardiamente o que está ocorrendo agora em estados como Ceará e Amazonas”, disse o professor Wildo Navegantes, da Faculdade UnB Ceilândia (FCE).

O docente afirmou que os professores estão no último grupo prioritário indicado no Plano Nacional de Vacinação, que será seguido pela Secretaria de Saúde do DF, com a primeira aplicação para a categoria prevista para julho e agosto. Além disso, na avaliação do professor, os jovens, que compõem o principal público da UnB, provavelmente, serão os últimos a serem imunizados.

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