ENSINO SUPERIOR

Portões fecham e tem início o Enem digital, aplicado no país pela primeira vez

Em formato inédito, prova é aplicada em 104 cidades. Em Brasília, candidatos que fazem exame no Ceub relatam longa distância de suas residências e receio do novo coronavírus

Sarah Teófilo
postado em 31/01/2021 13:46 / atualizado em 01/02/2021 13:42
 (crédito: Ana Rayssa/Correio Braziliense)
(crédito: Ana Rayssa/Correio Braziliense)

Acaba de ter início à aplicação-piloto das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em um formato digital. Candidatos de todo o país fazem a prova em 104 cidades. Os portões abriram às 11h30 e se fecharam às 13 horas. A prova começou às 13h30, e segue até as 19h, mas candidatos já podem sair a partir das 15h30. No Centro Universitário de Brasília (Ceub), candidatos relatam receio de fazer a prova em meio à pandemia do novo coronavírus e longas distâncias percorridas de suas casas. 

Maria Paula da Silva Torres, de 35 anos, por exemplo, saiu de Luziânia (GO), em um deslocamento de cerca de 64 quilômetros, para fazer a prova no Ceub. A mulher relatou ter saído de casa às 9 horas, e chegou no local da prova por volta das 11 horas. "Deveria ser mais próximo das nossas residências", disse. 

O Inep divulgou em abril um edital com todos os municípios em que haveria o exame, e o número de vagas. Em Goiás, apenas Goiânia e Anápolis, que ficam a mais de 150 quilômetros de Luziânia, tiveram locais de prova. No site, divulgaram de forma equivocada o nome do município de Trindade, ao invés de Anápolis.

Maria Paula conta que preferiu fazer o exame em formato digital, mas que não tem tanta intimidade com computadores. "Vi o tutorial do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), estou tranquila", afirmou.

A auxiliar administrativo Leidiane Albuquerque, de 34 anos, chegou um minuto depois do fechamento do portão no centro universitário. Ela informou que mora em Sobradinho II, a mais de 20 quilômetros do local de prova. Como onde mora não tem ônibus para o plano piloto aos fins de semana, pegou o carro da irmã. Mas, por não ter costume de dirigir na região, acabou se perdendo.

A mulher conta que fez a inscrição para o Enem digital acreditando que poderia fazer a prova em casa. Isso a havia tranquilizado, uma vez que tem um filho de 14 anos com uma doença autoimune e a mãe ser uma idosa com hipertensão. "Fiquei sabendo que não era em casa dois meses depois. Não acho que deixaram isso claro no ato de inscrição. Se soubesse, tinha marcado o impresso mesmo", afirmou.

O segundo dia da prova é no próximo domingo, dia 7 de fevereiro. A inscrição foi opcional, sendo que candidatos puderam escolher entre fazer a prova escrita (dias 17 e 24 de janeiro) ou a digital. Ao todo, 93.079 pessoas se inscreveram nesta modalidade, e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) disponibilizou 101,1 mil inscrições. No Distrito Federal, são 3.764 candidatos.

A prova está sendo feita em mais de 4 mil laboratórios de informática no país. Para escolher os locais, o Inep fez um processo seletivo para observar a presença de requisitos mínimos para aplicar o exame, como a comprovação de ter ao menos duas salas ou dois laboratórios de informática com, no mínimo, dez computadores.

Em relação ao novo coronavírus, o órgão diz ter adotado protocolos de prevenção com as empresas contratadas para a aplicação do exame, com base nas diretrizes do Ministério da Saúde e de outros órgãos de referência. "Entre as medidas implementadas estão a disponibilização de álcool em gel nas salas e a obrigatoriedade do uso de proteção facial durante a prova. O participante poderá levar mais de uma máscara para troca ao longo do dia", informou o órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC).

Nos locais de prova, o Inep estabeleceu a necessidade de aferir a temperatura dos candidatos que, sem máscara, ficam proibidos de entrar.

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