Educação

Vacinação deverá impulsionar matrículas no ensino superior, diz estudo

Pesquisa mostra que 39% dos entrevistados que tomaram pelo menos a primeira dose do imunizante contra a covid-19 desejam começar a graduação ainda em 2021, no próximo semestre, e 41% no início de 2022

Correio Braziliense
postado em 29/06/2021 14:23 / atualizado em 29/06/2021 16:04
 (crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
(crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O levantamento “Observatório da Educação Superior: análise dos desafios para 2021” mostra que a vacinação contra a covid-19 é um dos principais fatores que dão segurança aos estudantes e elevam a intenção de começar os estudos.

De acordo com a pesquisa apresentada nesta terça-feira (29/6), 39% dos entrevistados imunizados pelo menos com a primeira dose desejam começar a graduação no próximo semestre deste ano e 41% no início de 2022. Entre os jovens que ainda não foram vacinados, somente 16% responderam que têm intenção de começar seus cursos no meio do ano e 43% preferem aguardar o próximo ano letivo.

Os não imunizados se mostraram mais inseguros: 29% não se decidiram sobre quando se matricular. Entre os vacinados, o percentual é de 9%, representando um número 3,2 vezes menor.

Celso Niskier, diretor presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), disse: "A gente percebe que começou a melhorar a procura, especialmente pelo ensino presencial, que foi a modalidade mais afetada durante a pandemia. Mas, está claro que a retomada forte ficará para 2022".

"Entendemos que a vacinação é decisiva para a retomada forte no ano de 2022 e quanto antes, melhor, porque o risco de mais um semestre de atraso na procura pelo ensino superior é que esses jovens vão se formar também um semestre depois, o que certamente vai provocar risco de um apagão de mão de obra qualificada para retomada econômica do país", acrescenta.

O ensino superior privado concentra a maior parte das matrículas do Brasil, mais de 75% em 2019, de acordo com o último Censo da Educação Superior, sendo 35% na modalidade a distância (EAD) e 65% na presencial.

Em junho do ano passado, o mesmo levantamento mostrou que 43% dos jovens que poderiam estar cursando o ensino superior decidiram começar os estudos apenas quando a situação se normalizasse.

Agora, esse percentual caiu para 26%, indicando que há uma possibilidade de retomada, principalmente por conta da vacinação.

Cursos da saúde

Foi indicado aumento da procura por cursos da área da saúde, que é a escolha de 30% dos estudantes, sendo 38% em cursos presenciais (no ano passado, eram cerca de 32%) e 18% na modalidade à distância.

Também foram citadas as áreas de negócios (20%), direito (12%), educação (11%), engenharias (8%), arte e design (7%), tecnologia da informação (5%) e outros (8%).

Segundo Solon Caldas, diretor executivo da Abmes, tem-se verificado no Brasil todo a importância dos cursos da área de saúde. Para ele, essas carreiras mostraram-se com maior estabilidade no mercado de trabalho durante a pandemia.

"Os estudantes perceberam essa questão agora com a pandemia. Em momentos de crise, situações econômicas ruins do país, o pessoal da área de saúde teve uma garantia maior da manutenção dos seus empregos", avalia.

Impactos

Segundo Niskier, estima-se uma perda de matrículas no ensino presencial em torno de 8% a 9%, sendo por queda no ingresso ou por evasão durante a pandemia. "Estamos falando não só de ingresso menor, mas de alunos que pararam de estudar, seja por dificuldade financeira, seja por dificuldade tecnológica", afirma.

Caso confirmada pelos próximos censos, a queda colocaria o Brasil ainda mais distante de cumprir o Plano Nacional de Educação (PNE), que estipula metas educacionais que devem ser cumpridas até 2024. "Estávamos longe de atingir, agora ficaremos ainda mais distantes, seja pela queda da base, fruto não só da captação quanto da queda por abandono, seja pela distância do PNE".

Pela lei, o país deve elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos. Segundo o último relatório de monitoramento de 2018, essas taxas eram respectivamente 30% e 20%.

Pesquisa

O levantamento foi realizado pela empresa de pesquisas educacionais Educa Insights em parceria com a Abmes, entre 19 e 22 de junho, pela internet. Participaram 1.212 pessoas de todo o país, entre 17 a 50 anos, que desejam ingressar em cursos de graduação ao longo dos próximos 18 meses.

 

Com informações da Agência Brasil.

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